Testemunho. “A menopausa não é o fim da linha"
No Dia Mundial da Menopausa, 18 de outubro, Elsa Rodrigues, 50 anos, farmacêutica, contorna os obstáculos desta etapa com um sorriso e uma vida mais saudável.

A menopausa não se anuncia, aparece quando menos se espera. Tive os primeiros sintomas numa pastelaria. Estava com a minha mãe. Senti uma onda de calor enorme e perguntei-lhe se também tinha calor. Ela disse que não. Comecei a transpirar imenso e não achei normal. A minha mãe reforçou que tinha de fazer análises. Quando me apercebi que poderia estar na menopausa aquilo bateu-me um bocadinho, afinal tinha só 46 anos. Hoje tenho 50 e os sintomas ainda não desapareceram.
Se senti que estava a começar a meia idade também pensei: isto é ótimo nunca mais vou sentir o desconforto da menstruação. A partir de então ocasionalmente sentia um calor horroroso do pescoço para cima. Naquela altura só apetecia ter um par de leques ou estar literalmente debaixo de um ar condicionado. Entretanto o período menstrual deixou de ser regular. Durante dois anos veio de forma intermitente. Era muito stressante quando vinha muito fluxo. Inicialmente tomava a pilula para ver se regularizava, e foi benéfico, mas depois o médico achou que devia deixar de tomar para nos certificarmos se realmente estava a decorrer a menopausa. Só depois da ausência de período menstrual durante 12 meses é que podemos declarar que estamos na menopausa. Até lá as hemorragias apanharam-me muitas vezes desprevenida. Era um horror, parecia que me estava a esvair em sangue. Nessa situação pode ficar-se com anemia e o médico voltou a aconselhar-me a pílula. Aos 48 anos deixei de tomar qualquer método contracetivo e o ginecologista declarou-me oficialmente na menopausa. Nos últimos quatro anos o meu corpo modificou-se, principalmente em termos de firmeza. A minha pele ficou mais flácida. Ando no ginásio e sinto que o corpo não tonifica como antigamente. Por outro lado, evito pensar que a menopausa me trouxe cansaço acrescido, talvez por causa do meu feitio.
Quando estava na pré-menopausa tive alguns problemas pessoais e achei que estava a precisar de um antidepressivo. Tomei durante três meses. Sentia-me mais triste e em baixo. Estabilizei e comecei a fazer o desmame. Desde então estou ótima e nunca mais tomei nada. A depressão pode ter sido influenciada pelo facto de estar na menopausa, mas nada disto é científico.


Sou farmacêutica, mas detesto tomar medicação. Podia tomar uma hormona para repor os estrogénios. O ginecologista que me acompanha ele disse-me que tomasse. No início tive receio por causa do cancro da mama, mas já há estudos que provam que não existem efeitos adversos relativamente à medicação. A hormona contraria os afrontamentos e secura a nível sexual. Pessoalmente até agora não senti qualquer diferença. A líbido está ótima. Nesse aspeto está a ser maravilhoso, porque deixei de ter medo de engravidar e fiquei mentalmente mais disponível.
O confronto com a osteoporose é outra das consequências da menopausa, por isso estou a ponderar começar a tomar cálcio, magnésio e colagénio. A verdade é que as minhas avós não tomaram nada e viveram até aos 90 anos. Com artroses, é um facto, mas a isso chama-se envelhecer.
A alteração hormonal pode abrir o apetite. Aos 46 parecia que andava esfomeada. Desde nova que tenho cuidado com a alimentação e sempre fiz desporto. Tenho inclusivamente cuidados acrescidos com o meu corpo.
A partir da menopausa devemos ter uma alimentação muito mais saudável. É imprescindível fazer exercício físico, caminhadas e tudo o que seja contrário a uma vida sedentária. Por exemplo, não tenho necessidade de comer doces, mas não dispenso o meu copo de vinho. A menopausa e os copos são compatíveis. À noite beber um copo de vinho faz-me lindamente.


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