Beleza / Wellness

Menopausa: 65% das mulheres apontam discriminação

Dia 18 de outubro é o dia mundial da menopausa. A Intimina, uma marca sueca de produtos ginecológicos, aproveitou a oportunidade para questionar 500 mulheres portuguesas sobre os seus medos e preocupações. Os resultados são desanimadores.

Foto: Pexels
13 de outubro de 2023 Madalena Haderer

"Segunda primavera" é o nome que a medicina tradicional chinesa dá à menopausa. É uma fase em que a mulher, livre da preocupação de engravidar – quer isso seja um desejo ou não – e de criar os filhos, pode, finalmente, concentrar-se em si própria. Um momento em que se vê capaz de aproveitar novas oportunidades, novos desafios, com uma liberdade e um autoconhecimento que talvez nunca tenha experimentado antes. O tempo e a energia que, até aí, dirigia para a gestão da menstruação e dos seus sintomas, podem ser canalizados para projetos mais prazerosos. "Tudo muito bonito", dirá a leitora, "mas isso é na China!" E tem razão. Cá, no mundo ocidental, seria mais certeiro chamar-lhe o que Fernando Pessoa chamou ao sono: "a antecâmara da morte". Pelo menos, é isso que a maioria das mulheres parece sentir. Por que é que estamos a falar nisto? Porque faz falta. E porque dia 18 de outubro é o dia mundial da menopausa. A Intimina, uma marca sueca que desenvolve produtos ginecológicos, aproveitou a efeméride para apresentar um estudo que fez sobre a menopausa na vida das mulheres portuguesas. Os resultados são mais desanimadores que surpreendentes.

A Intimina questionou 500 mulheres portuguesas, com idades a partir dos 45 anos, com o objetivo de identificar os tabus e preconceitos na menopausa, em que contextos é que estes se materializam ou são verbalizados, e quais as suas preocupações com esta nova fase das suas vidas. Mais de metade das inquiridas (56%) sente que existe discriminação associada à idade – aquilo que hoje de chama idadismo, do termo inglês ageism – e 65% diz que essa discriminação está diretamente associada à menopausa. Se, por um lado, apenas um terço (35%) confesse que já se sentiu discriminada em relação à idade, por outro, 62% das entrevistadas diz já ter presenciado situações de discriminação com outras mulheres na menopausa, principalmente em contexto social (48%), mas também no local de trabalho (37%) e nas relações amorosas.

O número mais preocupante será talvez este: 84% das mulheres questionadas considera que a sociedade subestima ou ignora os sintomas e desafios associados à menopausa. Para além disso, 36% das mulheres não sente apoio por parte de familiares e amigos, excepto por parte de mulheres que também estão na menopausa.

Perdas de urina durante o exercício, queixa comum na menopausa, são sinal de pavimento pélvico fraco
Perdas de urina durante o exercício, queixa comum na menopausa, são sinal de pavimento pélvico fraco Foto: DR

Do total de 500 mulheres inquiridas, 64% ainda não estão na menopausa e, no entanto, já se preocupam com o eventual surgimento de problemas de saúde relacionados (67%), com a possibilidade de sentirem menos autoestima (46%), e com dificuldades várias na sua vida amorosa e sexual (46%). Outras preocupações incluem o aumento de peso (62%) as oscilações de humor (49%), os problemas ósseos (45%) – isto porque a osteoporose está diretamente relacionada com a diminuição de estrogénios no sangue –, e os afrontamentos (44%).

Ana Carvalheira, psicóloga especialista em sexualidade, que esteve presente na apresentação do estudo, fez que questão de partilhar as suas ideias sobre a menopausa e o sexo: "O discurso da menopausa como um conjunto de perdas que representa o fim, está ligado ao modelo reprodutivo do sexo, que marginaliza as sexualidades não reprodutivas. É o fim da capacidade reprodutiva. Não é o fim do prazer sexual. Isto tem de ser esclarecido para abandonar a narrativa de horror associada à menopausa."

A Intimina aproveitou a divulgação deste estudo para apresentar o seu mais recente produto: o KegelSmart2, que diz ser um "personal trainer para o pavimento pélvico". Se não está familiarizada com o conceito, saiba que os exercícios kegel consistem em contrair (durante três a cinco segundos) e relaxar os músculos do pavimento pélvico – como se estivesse a interromper um fluxo de urina repetidas vezes –, o que promove o seu fortalecimento. Ao fortalecer estes músculos, melhora a condição do aparelho urinário e intestinal. Estes exercícios são particularmente importantes depois de um parto vaginal e nas fases de perimenopausa e menopausa – durante o parto, estes músculos sofrem um trauma considerável; na menopausa e menopausa, são enfraquecidos pelas alterações hormonais. O primeiro sinal de um pavimento pélvico fraco é, muitas vezes, as perdas de urina.

Um brinquedo que é um caso sério
Um brinquedo que é um caso sério Foto: DR

Os exercícios kegel podem ser feitos usando apenas a força do seu corpo, ou recorrendo a acessórios que são introduzidos no canal vaginal e que, como por exemplo, no caso do KegelSmart2, usam vibrações para ajudar a utilizadora a saber quando contrair e quando relaxar os músculos. Para além disso, este pequeno aparelho tem um sensor que regista a força do pavimento pélvico e define, automaticamente, o nível de exercício adequado a cada utilizadora em cada momento. Daquelas raras ocasiões em que tratar da saúde pode ser bastante divertido.

Saiba mais
Beleza, Educação, Menopausa, Perimenopausa, Pavimento Pélvico, Exercícios Kegel
Leia também
As Mais Lidas