Menopausa: 65% das mulheres apontam discriminação
Dia 18 de outubro é o dia mundial da menopausa. A Intimina, uma marca sueca de produtos ginecológicos, aproveitou a oportunidade para questionar 500 mulheres portuguesas sobre os seus medos e preocupações. Os resultados são desanimadores.

"Segunda primavera" é o nome que a medicina tradicional chinesa dá à menopausa. É uma fase em que a mulher, livre da preocupação de engravidar – quer isso seja um desejo ou não – e de criar os filhos, pode, finalmente, concentrar-se em si própria. Um momento em que se vê capaz de aproveitar novas oportunidades, novos desafios, com uma liberdade e um autoconhecimento que talvez nunca tenha experimentado antes. O tempo e a energia que, até aí, dirigia para a gestão da menstruação e dos seus sintomas, podem ser canalizados para projetos mais prazerosos. "Tudo muito bonito", dirá a leitora, "mas isso é na China!" E tem razão. Cá, no mundo ocidental, seria mais certeiro chamar-lhe o que Fernando Pessoa chamou ao sono: "a antecâmara da morte". Pelo menos, é isso que a maioria das mulheres parece sentir. Por que é que estamos a falar nisto? Porque faz falta. E porque dia 18 de outubro é o dia mundial da menopausa. A Intimina, uma marca sueca que desenvolve produtos ginecológicos, aproveitou a efeméride para apresentar um estudo que fez sobre a menopausa na vida das mulheres portuguesas. Os resultados são mais desanimadores que surpreendentes.
A Intimina questionou 500 mulheres portuguesas, com idades a partir dos 45 anos, com o objetivo de identificar os tabus e preconceitos na menopausa, em que contextos é que estes se materializam ou são verbalizados, e quais as suas preocupações com esta nova fase das suas vidas. Mais de metade das inquiridas (56%) sente que existe discriminação associada à idade – aquilo que hoje de chama idadismo, do termo inglês ageism – e 65% diz que essa discriminação está diretamente associada à menopausa. Se, por um lado, apenas um terço (35%) confesse que já se sentiu discriminada em relação à idade, por outro, 62% das entrevistadas diz já ter presenciado situações de discriminação com outras mulheres na menopausa, principalmente em contexto social (48%), mas também no local de trabalho (37%) e nas relações amorosas.
O número mais preocupante será talvez este: 84% das mulheres questionadas considera que a sociedade subestima ou ignora os sintomas e desafios associados à menopausa. Para além disso, 36% das mulheres não sente apoio por parte de familiares e amigos, excepto por parte de mulheres que também estão na menopausa.


Do total de 500 mulheres inquiridas, 64% ainda não estão na menopausa e, no entanto, já se preocupam com o eventual surgimento de problemas de saúde relacionados (67%), com a possibilidade de sentirem menos autoestima (46%), e com dificuldades várias na sua vida amorosa e sexual (46%). Outras preocupações incluem o aumento de peso (62%) as oscilações de humor (49%), os problemas ósseos (45%) – isto porque a osteoporose está diretamente relacionada com a diminuição de estrogénios no sangue –, e os afrontamentos (44%).
Ana Carvalheira, psicóloga especialista em sexualidade, que esteve presente na apresentação do estudo, fez que questão de partilhar as suas ideias sobre a menopausa e o sexo: "O discurso da menopausa como um conjunto de perdas que representa o fim, está ligado ao modelo reprodutivo do sexo, que marginaliza as sexualidades não reprodutivas. É o fim da capacidade reprodutiva. Não é o fim do prazer sexual. Isto tem de ser esclarecido para abandonar a narrativa de horror associada à menopausa."
A Intimina aproveitou a divulgação deste estudo para apresentar o seu mais recente produto: o KegelSmart2, que diz ser um "personal trainer para o pavimento pélvico". Se não está familiarizada com o conceito, saiba que os exercícios kegel consistem em contrair (durante três a cinco segundos) e relaxar os músculos do pavimento pélvico – como se estivesse a interromper um fluxo de urina repetidas vezes –, o que promove o seu fortalecimento. Ao fortalecer estes músculos, melhora a condição do aparelho urinário e intestinal. Estes exercícios são particularmente importantes depois de um parto vaginal e nas fases de perimenopausa e menopausa – durante o parto, estes músculos sofrem um trauma considerável; na menopausa e menopausa, são enfraquecidos pelas alterações hormonais. O primeiro sinal de um pavimento pélvico fraco é, muitas vezes, as perdas de urina.


Os exercícios kegel podem ser feitos usando apenas a força do seu corpo, ou recorrendo a acessórios que são introduzidos no canal vaginal e que, como por exemplo, no caso do KegelSmart2, usam vibrações para ajudar a utilizadora a saber quando contrair e quando relaxar os músculos. Para além disso, este pequeno aparelho tem um sensor que regista a força do pavimento pélvico e define, automaticamente, o nível de exercício adequado a cada utilizadora em cada momento. Daquelas raras ocasiões em que tratar da saúde pode ser bastante divertido.

Beleza, Educação, Menopausa, Perimenopausa, Pavimento Pélvico, Exercícios Kegel
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