Sabia que dormir com a luz acesa é mau para a saúde?

Se vive no campo, longe de candeeiros de rua e da civilização, faz muito bem em dormir sem baixar o estore, já que a luz do nascer do dia a/o vai ajudar acordar de forma natural. Mas se vive na cidade, onde a noite parece um espetáculo de luzes, saiba que precisa mesmo de se proteger enquando dorme.

Foto: Getty Images
29 de agosto de 2024 às 10:12 Madalena Haderer

Este é um daqueles artigos para imprimir e colar por cima da cabeceira da cama, principalmente se tem o azar de viver com alguém que gosta de dormir com luz, como se fosse uma criança de três anos. Conhecemos a sua dor. E se o leitor é uma dessas pessoas, esperamos, no fim destes texto, tê-lo convencido que é um péssimo hábito, com consequências terríveis para a saúde. A luz regula o núcleo supraquiasmático, um pequeno grupo de células localizado no hipotálamo, que desempenha um papel fundamental na regulação do ritmo circadiano, ou seja, o ciclo de sono e vigília. Diversos estudos indicam que quando o núcleo supraquiasmático está desregulado isso tem efeitos negativos no metabolismo e no sistema cardiovascular, com maior risco de obesidade, diabetes e hipertensão.

Em 2022, o Centro para a Medicina Circadiana e do Sono, da Escola de Medicina Feinberg da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, testou como é que a exposição à luz durante o sono influenciava a biologia de 20 adultos saudáveis. Phyllis Zee, neurologista e diretora do centro, explicou ao The Washington Post que uma parte do grupo passou uma noite a dormir com luz fraca, semelhante ao crepúsculo, seguida de uma noite com as luzes do teto acesas. Enquanto o grupo de controlo passou ambas as noites a dormir com luz fraca. Os participantes que dormiram com as luzes acesas relataram que dormiram bem, mas os registos cerebrais mostraram que eles passaram menos tempo nas fases de sono de ondas lentas e de movimento rápido dos olhos (REM), que são cruciais para o funcionamento cognitivo.

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Mas para a neurologista, os efeitos no metabolismo e no coração foram ainda mais notáveis. Amostras de sangue indicaram que uma única noite passada a dormir com luz artificial aumentou a resistência à insulina dos participantes na manhã seguinte. A exposição à luz também afetou a frequência cardíaca dos participantes, que permaneceu elevada durante toda a noite – algo que Zee considerou "bizarro".

Estes resultados sugerem que, mesmo com os olhos fechados, o nosso cérebro tem noção da luz, o que pode ativar o sistema autonómico de "luta ou fuga", preparando o corpo para uma possível emergência.

Um outro estudo, publicado na revista médica Sleep, da Universidade de Oxford, mostrou que dormir com luz pode ser ainda mais prejudicial para pessoas mais velhas. Neste caso, os investigadores reuniram 550 participantes, entre os 63 e os 84 anos, e conseguiram demonstrar que a exposição a qualquer tipo de luz durante o sono aumenta a prevalência de obesidade, diabetes e hipertensão.

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Se, como esta jornalista, tem o azar de ter um candeeiro da rua mesmo colado à janela do seu quarto – como é que isto é permitido, é coisa que nos ultrapassa – certifique-se de que baixa o estore todas as noite e que usa umas cortinas grossas, que bloqueiem a luz. Se isso não resultar, resta-lhe a opção da boa e velha máscara de dormir.

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