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Beleza / Wellness

Pôr a cabeça no congelador, aplicar fita cola na boca ou colar as pálpebras. Algum destes truques ajuda a dormir melhor?

Maximizar e otimizar são duas palavras que temos ouvido falar associadas ao sono, mas quando é que a procura por uma melhor noite de sono acaba e o consumismo começa?

Foto: IMDB/ ´Friends´
23 de setembro de 2024 às 10:00 Lara Duarte / Com Rita Silva Avelar

Os tempos em que apostar em adquirir um bom colchão ou uma boa almofada para conseguir dormir bem acabaram. Com a pressão de sermos cada vez mais produtivos, também no sono, uma simples pesquisa no Google mostra centenas de indicações e produtos para dormir melhor, criando quase uma obsessão e competição diária, online e na vida social. Suplementos, acessórios, gadgets, produtos de beleza, apps - a lista é extensa.

Desde a popularização dos Oura rings, anéis fabricados por um empresa finlandesa que aposta no acompanhamento dos dados corporais (entre eles, os padrões de sono) favorecendo a saúde e a produtividade, smart watches, diários e aplicações de monotorização de sono, a qualidade, pontuação e duração da noite de sono tornou-se uma competição. Para muitas pessoas, a questão: "Sinto que descansei o suficiente?" foi substituída por verificar se a pontuação da sua noite está acima de 80. O problema agravou-se ao ponto de a preocupação em aperfeiçoar os dados de sono usáveis (como os Oura rings e smartwatches, indicados previamente) ter já um termo médico: Ortossomnia. Os especialistas alertam para a imprecisão dos dados analisados por estes aparelhos e para o facto de não existirem quantidades certas ou erradas "de sono". Surpreentemente ou não, toda a gente tem um corpo diferente com necessidades diferentes e só o exercício tentativa/erro pode chegar à conclusão da quantidade de horas de sono que cada um precisa.

Foto: Getty Images

Durante o verão, vídeos de morning shed - uma tendência que começou no TikTok, e que consiste em começar o dia eliminando as camadas de produtos de beleza e bem-estar que se aplicam antes de dormir, tais como cintas, máscaras, ou fita cola na boca (sim, leu bem) - tornaram-se virais a partir do argumento que "quanto mais feia for dormir, mais bonita acordo". Estes vídeos mostram, portanto, rotinas matinais que passam por retirar objetos como uma touca de cetim, uma máscara facial de tecido, tiras nasais, expansores de narinas, cintas para o maxilar e, por vezes uma máscara de olhos com peso e até fita adesiva a fechar as pálpebras. Muitas vezes, tudo isto em simultâneo. A esta rotina acrescentemos o sleepy girl mocktail, colchões com temperatura ajustada, cobertores de infância, fragrâncias e bálsamos relaxantes. Maureen Osei, de 24 anos, contou ao New York Times num artigo dedicado ao tema que "é como se não houvesse mais nada a fazer se não dormir, porque é tão desconfortável".

@maurslives the chin strap + mouthtape combo is lethal…#morningshed #skincareroutine ? Carrie Bradshaw - Gal Matza

Mesmo que alguns destes produtos resultem para certas pessoas com condições específicas, a utilização de todos em simultâneo chega a ser contraproducente, podendo chegar a ter implicações negativas na saúde. A fita adesiva para lábios, apesar de poder ser recomendada para algumas pessoas com apneia noturna pode também ser a causa da mesma para uma pessoa saudável; a touca de cetim só é adequada para alguns tipos de cabelo e o sleepy girl mocktail, composto por sumo de cereja, gasosa e magnésio, trata-se de uma bomba de açúcar ingerida antes de ir dormir e muitas vezes adiciona-se a variação de magnésio errada para potenciar o sono.

Foto: Unsplash

Na sua generalidade, médicos e especialistas do sono chegaram à conclusão conjunta que a maior sugestão para uma noite mais descansada é fazer o que a/o faz sentir bem, implementando na sua vida diária hábitos mais saudáveis, como beber menos café (se veio aqui procurar sugestões extravagantes saiba que pode substituir o expresso por colocar a cabeça no congelador para um boost de energia), diminuir a exposição aos ecrãs, especialmente imediatamente antes de ir dormir, planear a sua noite para haver um período de relaxamento antes de ir para a cama, não usar a cama para atividades estimulantes e criar uma rotina consistente. Os estudiosos aconselham acordar por volta da mesma hora todos os dias, independentemente da oscilação da hora de ir dormir, pois ao acordar sempre à mesma hora o corpo habituar-se-á a relaxar também à mesma hora. Se o seu cérebro não parar de pensar nos problemas do dia de amanhã, experimente escrever as suas preocupações - o journaling é inofensivo -, para passarem a ser, de facto, um "problema para amanhã".

Foto: Unsplash

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