Luciana Abreu, sobre violência doméstica: “Não sou dona da verdade. Sou alguém que tem vivido alegrias e problemas, e os tem ultrapassado"
A Luciana Abreu conversou com a Máxima sobre uma das situações mais duras da sua vida, mas também sobre o amor à profissão e de como é ser mãe solteira de quatro filhas.

Estamos no interior de um estúdio fotográfico e são quase nove da noite de uma segunda-feira. A protagonista deste shooting, Luciana Abreu, aguarda ponderada e cautelosa, enquanto a equipa da Máxima se divide entre cabelos, luzes e maquilhagem. A atriz só quebra completamente o gelo ao ouvir Sharp Dressed Man, dos ZZ Top, banda sonora a seu pedido e que continuou com os Pink Floyd. Nesse momento, solta um suspiro que mais parece ter sido uma reflexão em voz alta, e sabemos que estamos bem para começar. "É engraçado. Estava agora a lembrar-me de ter deixado hoje as minhas filhas na escola e de lhes ter dito até já….". Nessa partilha inesperada, vislumbramos um pouco da doçura que expressaria por várias vezes depois da sessão, sempre que a conversa levava às filhas.
Reservada (protetora?) de início mas camaleónica, a atriz foi-se libertando devagarinho, entrou em personagem, e arriscamos a dizer que se divertiu como uma criança feliz e a atitude de uma mulher decidida, sem medo de ser quem é. Os olhos levantados em direção ao céu e uma postura resoluta dão-nos mais tarde a certeza que sim.

Com praticamente toda a sua vida escrutinada nos media, quase sempre com recurso a uma série de ângulos polémicos e até paternalistas, é quase impossível não se saber que Luciana Abreu, hoje com 36 anos, teve uma infância e adolescência complicadas. É público que vivenciou e testemunhou situações de violência, pobreza, e até solidão, muitas vezes ao lado das suas duas irmãs (é a do meio). Cantora, compositora, atriz e apresentadora, uma artista completa, portanto, Luciana levou a sua poderosa voz aos Ídolos (a sua interpretação de I Have Nothing de Whitney Houston, em A Tua Cara não Me é Estranha é de tirar o fôlego), fez várias novelas, entre elas Terra Brava, onde também retratou uma personagem a viver uma situação de violência doméstica. E está neste momento de corpo e alma no Domingão, programa da SIC que leva animação às casas dos portugueses de todo o País.

Luciana é mãe de Lyonce e Lyannii Djaló, da relação com Yannick Djaló, e das gémeas Amoor e Valentine Viktória, do casamento com Daniel Souza, e que nasceram prematuras. No início da nossa conversa, começa por desabafar que as pessoas se acham no direito de poder agredir gratuitamente os outros, e cada vez mais. Desconfiamos que sofreu disso a vida toda. Entre lágrimas e gargalhadas, vamos conversando sobre o que aqui nos traz: a 25 de novembro assinala-se o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher. Luciana Abreu sofreu de violência doméstica no seu segundo casamento. Hoje tem sempre consigo um botão de pânico, providenciado pela Cruz Vermelha.

Mas a atriz não se considera desafortunada, pelo contrário: quer viver, ser feliz, sabe que todos os dias contam e que importam. Não quer ser famosa, nunca quis, acredita que a fama pode matar. Sempre quis ser, antes, alguém importante. Ou melhor, alguém com importância. No fim, asseguro-lhe: escolheremos este título juntas.
Não viveu uma infância feliz. Mas era uma criança criativa. É verdade?
Já muito se falou, e ainda se fala, sobre a minha infância, que não foi feliz, como já é público. Tive situações menos boas, embora eu encontre sempre o melhor lado, o da aprendizagem e da evolução. A a maioria dos media, hoje em dia, provoca situações, e fala de certa forma sobre as coisas menos boas das figuras públicas, que é desrespeitosa. Mas como "isso" vende muito, acabam por nos expor de uma certa forma sem a preocupação se a pessoa entra numa depressão, se tenta um suicídio, e por ai fora. De maneira que aprendi a reservar-me, a ser muito contida na informação que posso passar. Para o público que eu tenho, não é isso que interessa. O que interessa é o que eu faço alguém sentir quando a pessoa me vê ou me ouve.

Ainda assim, há momentos felizes nesses primeiros anos?
O que posso dizer sobre a minha infância? Eu lembro-me perfeitamente de mim no meu quintal, a atuar, a dançar, a ter uma das maiores espetadoras naquela altura, era a senhora Dalas, minha vizinha, e o seu marido, o senhor Dalas. Eles tinham um maracujazeiro, e estavam sempre a dar-me maracujás porque era o meu fruto preferido. Devido às privações que nós tínhamos, aquilo era como um chocolate. Eu tinha-a sempre na janela a ver-me atuar, e a bater palmas, palmas, palmas. Volta e meia dizia-me: "depois vens aqui comer um prego no prato!". Lembro-me de mim assim. Não tenho curso nenhum, só quando engravidei das gémeas é que entrei na faculdade, para Comunicação, e entretanto tive uma gravidez de risco, e acabei por interromper. Mas eu sempre fui uma menina autodidata, na dança, na música, na representação, na apresentação.
Quais eram as suas referências?

A televisão sempre me influenciou muito. Liguei-me à arte por aquilo que via na altura, o Dirty Dancing, A Cidade até ser dia da Anabela, o filme do ET, eu lembro-me de colocar as cassetes no leitor e via tudo o que conseguia. Por isso eu não considero que seja um dom, eu não nasci com um dom, porque eu estudo aquilo que faço, eu tento melhorar. Mas fui muito abençoada com a arte que tenho. Tenho uma irmã mais velha, também muito talentosa, que se formou em ballet e teatro. Eu costumo dizer que como fui criada em plateau eu sempre fui muito a esponja da situação em que eu sou colocada no momento e tento ao máximo tirar proveito dela.
Tem alguém na família ligada à música?
Posso falar da minha avó. Em Coimbrões, se se perguntar pela Maria José, toda a gente sabe quem é. Eu nasci sem a conhecer, porque ela morreu aos 40 anos com tuberculose. Ainda hoje vão pessoas ao cemitério pedir-lhe ajuda, era considerada uma santa. Apesar das dificuldades que existiam naquela época, ela partilhava o pouco que tinha. A comida, o conhecimento, a bondade. E cantava muito…Diziam que era uma fadista de mão cheia, mas a vida não lhe sorriu nesse sentido e acabou por morrer sem realizar esse sonho. O meu avô dizia, quando olhava para mim, que eu era a cara da minha avó. Por isso, compus-lhe um fado.

Como é que a conheciam, a si, na terra?
Eu fui crescendo, e na terra conheciam-me pela menina dos cachos dourados e de olhos azuis que cantava com voz de negra (risos). Eu sempre fui muito desenrascada. Às vezes ia ao cemitério, rezava à minha avó, lembro-me de lhe pedir para fazer tudo aquilo que eu faço hoje. Eu não pedia só para cantar, mas dançar, representar e apresentar também. Eu não pedia para ser só mais uma. O que mais me move é chegar aos corações das pessoas, sinto que tenho a missão de levar fé, esperança, amor e companhia a quem precisa (o Domingão veio realizar isso a 100%).

Quando se tornou mãe, o que mudou na sua vida? Sentiu, provavelmente, uma maior responsabilidade? Que ensinamentos passa às suas filhas?
Sempre abominei a mediocridade. E eu digo muito isso às minhas filhas. A geração do momento está a crescer a pensar que "a vaca dá leite" (eu sei que isto dá vontade de rir!) mas isso não acontece. Eu digo isso às minhas filhas. Digo-lhes: ‘para a vaca dar leite, é preciso acordar às 3h da manhã, ir para o curral, por os pés no lodo, prender o rabo e as pernas da vaca, e tens que tirar o leite. Dá trabalho. Têm que procurar aprender fazer, o melhor que conseguem, e nunca achar que sabem tudo.’ Quando vamos em viagens longas, elas pedem-me que lhes ensine coisas novas. Olho nos olhos delas e falo muito baixinho, para prestarem atenção.
Para si, a Arte funciona como uma espécie de resgate às situações menos boas da vida?

Eu não gosto daquilo que é morno. Sou de extremos, ou é frio ou quente. Eu não gosto quando pergunto se a pessoa está bem, e me responde que vai andando. É sinal de que a pessoa não está feliz, não está a viver conscientemente, está a viver a vida de outros e não a dela. Quando me perguntam a mim como é que vai a vida, a vida vai mal ou vai bem. Muitas das vezes temos situações que as pessoas caracterizam como sendo obra do universo, mas como eu sou uma pessoa católica sei que é Deus. Até pelos milagres que eu já fui vivendo ao longo da minha vida. E é preciso ter-se um discernimento muito grande que só o tempo é que nos dá. Oportunidades existem, mas as escolhas têm que ser feitas, e as escolhas podem ser boas e podem ser más. Só o tempo nos vai dizer quais delas foram. Tudo isso é que faz com quem construamos em nós a capacidade de enfrentar os problemas, independentemente da profissão que temos.
Já falamos disto. Mas sente, na pele, que os meios de comunicação por vezes também são inimigos da saúde mental, sobretudo quando escrutinam alguns temas? Como figura pública, como lidou com as notícias que se seguiram a ter revelado que sofria de violência doméstica?
Eu admiro a profissão de jornalismo. Não é uma profissão fácil, vocês têm que se empenhar muito, quando falam de alguém têm que saber o que aconteceu, quem é essa pessoa. Ninguém tem o direito de maltratar um artista ou uma figura pública. Todos temos uma história, uma vida, temos família, o nosso trabalho e o nosso ganha-pão. Nós somos um conjunto de memórias, e eu nas minhas tenho situações que escreveram sobre mim, às quais eu não perdoo.


Priva-se de fazer algumas coisas por causa disso?
Isto que eu fiz hoje é tão giro e eu privo-me de o fazer [o shooting] porque tenho muito medo que me magoem e magoem as minhas filhas. As minhas filhas já lêem. Eu vou ao supermercado, às vezes estamos na fila, e dizem-me: "mamã estás na capa". E eu já as proibi de ler, de ver. Digo-lhes: "A mamã está aqui. Se há dúvidas é comigo que têm de falar. Se querem perguntar alguma coisa, perguntem, filhas" – é o que lhes digo. Tantas vezes vem escrito "Luciana Abreu exige pensão x…" quando eu recebi zero até hoje. Eu vivo uma situação dolorosa com as minhas filhas que passa por obrigá-las a procurarem o pai, e por isso é que pus dois processos em tribunal ao pai das minhas filhas, para não se esquecer que as tem. E por aqui entramos noutro campo, que é: há pessoas que nascem para ser mães e há pessoas que nascem para parir, há homens que nascem para ser filhos e homens que nascem para ser pais.

Como se lida com alguém que não tem essa vocação?
Eu sou apologista que todos devemos ter uma oportunidade e aprender a sê-lo. Mas quando não se quer, entramos noutro campo. Há os medíocres, há os que querem aprender, há os que querem aprender e não conseguem e há os que conseguem e fazem. Muitas vezes, as minhas filhas entram em negação e não querem, não falam… Mas tem que se saber ser mãe [nesse momento]. Não se pode ser a mulher que saiu magoada e fragilizada daquela relação. Elas precisam de aprender, independentemente de trazer uma mágoa ou uma dor, porque só assim é que crescemos. Temos que estar na retaguarda mas dizer-lhes que são o passarinho que vai voar um dia. É maravilhoso ter-se a oportunidade de amar mais a cada dia que passa. É um despertar de um amor desmesurado. Eu olho para as quatro e todas têm parecenças, de pais diferentes, e é uma dádiva. Quem me dera ser mãe novamente, mas só se soubesse que lhes podia dar condições iguais. Resumindo, não é fácil ser-se mãe solteira - ser-se mãe e pai.
Passou por uma situação de violência doméstica. Compôs uma música, Fé, que as pessoas acreditaram ser sobre o tema. Era?

Esta música não foi baseada na violência doméstica, foi antes uma manifestação sobre a desvalorização de sentimentos, de afetos. A prova daquilo que eu sempre acreditei está a acontecer neste momento. As pessoas voltaram-se a esquecer que não somos máquinas. De que a partir do momento em que entramos em casa e estamos com a família, tudo é precioso. Que devemos unir-nos mais do que nunca. Na pandemia, nós percebemos bem que precisávamos uns dos outros, e a solidariedade e a generosidade veio ao de cima. Tudo o que era para ser visto a olho nu foi visto. Alguns aprenderam, outros tantos ainda não. Esta música foi um pedido para que as pessoas não se esqueçam que a vida é isto. A vida é: eu preciso de ti, tu precisas de mim. Não somos obrigados a gostar uns dos outros, mas devemos respeitar-nos uns aos outros.
Qual é a maior dificuldade de se sair de uma situação como esta? Sentia medo, temia pelas suas filhas? Quais eram as suas maiores preocupações?
Não posso falar por todas as mulheres. Mas eu tive consciência de que algo não estava certo. Porque é preciso ter-se essa noção. A mulher pode ser frágil mas não deixa de ser forte. E a mulher quando ama, ama e entrega-se. Por vezes não se respeita o suficiente. E quando não se respeita e não se valoriza o suficiente torna-se uma presa fácil para quem já a estudou. E sabe ser a força onde ela é frágil. O que não pode nunca deixar de acontecer é um pedido de ajuda. É o denunciar. Eu só me arrependo de não o ter feito mais cedo, devido à minha profissão, principalmente por causa dos media, com medo de perder trabalho, sendo mãe e pai de quatro filhas. Então fui camuflando a verdade com uma mentira. Com um "está tudo bem". Mas onde há fogo há fumo, e nós sabemos, na nossa área, como dispersar esse fumo. Na altura em que me libertei do medo foi um alívio muito grande. E tenho pena que não haja um botão de pânico para todos os que sofrem de violência.

E há vários tipos dela…
Violência é um campo que abrange várias outras. Começa sempre pela violência psicológica porque vai mexer com a insegurança, com a autoconfiança, com o medo da perda. Quando nada é nosso, nunca foi. Nós somos propriedade nossa, nunca podemos ser propriedade de ninguém. Nunca devemos perder esse controle. Nunca nos devemos desvalorizar. E a Cruz Vermelha foi fundamental para mim.
Recentemente esta situação evoluiu precisamente para um botão de pânico. Sentiu receio maior de que as coisas poderiam evoluir para pior?

Foi a única opção. E depois ainda é preciso lidar com a parte em que se é figura pública, lidar-se com fatores externos que são as pessoas que falam sobre a nossa vida quando nos resguardamos e se vai criando uma bola de neve porque não nos defendemos. Se te defendes, vais alimentar essa bola de neve, que vai crescer, e crescer. Depois, é teres que te por em frente a um estranho e contar as coisas mais íntimas da tua pessoa. Expor a toda a privacidade. A nível sexual, a nível pessoal… E eu não disse tudo à primeira. Mas como lidei com profissionais tão extraordinários que não desistiram de mim. Leram em mim que não estava a dizer tudo. Voltaram-me a chamar até que conseguissem que eu perdesse o medo. O medo é tanto que supera completamente a vergonha de ser exposta.
Já teve que ativar este botão de pânico?
A partir daí foi um alívio, porque eu sei que se me acontecer alguma coisa, estou segura. Já aconteceu, tive que o usar. Ativei o botão, e tive uma ajuda imediata. É preciso andar-se sempre com ele, tem um GPS que sabe onde estamos. Pode ligar-se a qualquer momento e ouve-se o que se passa. A outra pessoa, não tem nada com ela, só após o julgamento saberei o que lhe acontecerá. O que me interessou a mim nunca foi uma indemnização, mas sim levar a pessoa a perceber que não pode magoar gratuitamente, não pode insultar, não pode usar a força, não pode humilhar. É uma lição de vida.


Ao ativar o botão voltou a sentir o medo, o terror?
Completamente. É aquele momento em que queremos encontrar o botão apesar de ele estar à nossa frente. Pode ser um minuto ou 30 segundos, equivale sempre a horas de espera. No meu caso atenderam em breves momentos, mas que me pareceram uma eternidade. Depois, a pessoa quer dizer a situação o mais rápido possível, e temos que ouvir tudo o que nos estão a perguntar. Por outro lado, nós [vítimas] temos que nos superar, de evoluir, de aprender, de ler, de ganhar confiança e força. Saber ter coragem. Isto não é sinónimo de que a vida acabou. A nossa vida está a começar com bases que não tínhamos. Eu falo como mulher mas também há homens que sofrem de violência. E a nossa vida não pode ficar por aqui. Nós não podemos ser reféns do medo.

O que tem aprendido com essa reflexão?
A maior parte das pessoas que não teve a capacidade de crescer, e se apaixona, comete um erro. Assume: "tu és minha, só eu é que te posso ver e ter, tu só podes vestir isso para mim". Não. Se nós estamos com aquela pessoa é porque ela tem todas as características que apreciamos. Não se pode diminuir o outro e querê-lo só para nós. A pessoa só está com outra porque quer, ninguém a obriga.
Há dias em que se sente cansada, de semblante mais em baixo?

Às vezes cansa. Às vezes luto contra o desânimo. Trabalho como se não houvesse amanhã. Mas sou muito abençoada, tenho o maior presente que me podiam ter dado. Quando me perguntam se gosto de ser famosa, nunca o quis ser. A fama pode matar-nos. Eu quero ser o oposto, quero ser importante. Porque eu sei que sendo importante as pessoas vão ouvir-me, vão-se lembrar de mim.
É uma das coisas que a faz sorrir?
É por isso que eu amo a minha profissão, trabalho para sustentar a família, mas acima de tudo isso o que me move é aquilo que eu posso dar de mim. Fazer a outra pessoa ver e ouvir. Eu não sou dona da verdade, sou uma pessoa normal, que tem vivido certos problemas e certas alegrias, que tem ultrapassado, e não quero ser só mais uma. Eu quero crescer! Já que tenho oportunidade, porque não hei-de tirar o melhor da vida? Em vez de viver só daquilo que é mau? Dos problemas, das tristezas… No meu trabalho, tenho tido a sorte de trabalhar com pessoas íntegras, que se valorizam umas às outras, que se protegem. Que sabem que cada um tem o seu espaço, cada um brilha da sua maneira. Que todos nos complementamos. Porque Deus é bondade, mas não existe a maldade, a maldade é simplesmente quando o bem se ausenta. Se todos pensarmos assim nós acordamos mais leves, a rir, e levamos a vida como tem que ser levada: com descontração e estupidez natural! (risos).

Créditos
Styling: Filipe Carriço
Fotografia: Ricardo Lamego
Assistente: Ana Viegas
Cabelos e Makeup: Ivan Moraes
