Como a Dior reinventou a deusa grega da modernidade
O desfile que apresentou a coleção Cruise 2022 da Dior aconteceu em Atenas, um dos berço das artes europeias.
Quando Maria Grazia Chiuri decide receber os jornalistas vestindo uma das peças-statement da sua primeira coleção para a Dior, sabemos que não se trata de uma coincidência. Seis anos depois da sua estreia, a diretora criativa regressou à emblemática t-shirt branca estampada com a frase "We should all be feminists", título do livro-manifesto da escritora Chimamanda Ngozi Adichie, grito de uma geração que continua a lutar pela igualdade de género. O momento aconteceu antes do desfile de alta-costura da maison francesa para o próximo inverno, uma conversa sobre ideias que esbarram com a perda de direitos das mulheres nos Estados Unidos da América ou com a guerra que paralisa a Europa.
A Moda também é "tomar consciência", disse Chiuri aos jornalistas, lançando o mote para uma coleção que teve como base os trabalhos da artista de Kiev, Olesia Trofymenko, mas que quis relfetir sobre o mundo, cruzar culturas que acharíamos nada ter em comum, o folk no centro de tudo. A simbologia sagrada da Árvore da Vida ajudou a transformar algodão, crepe de lã, seda ou caxemira em peças incrivelmente detalhadas – vestidos e casacos compridos em maioria, cada cor trabalhada em vários tons – que ganharam consistência através de delicados bordados. Uma espécie de guarda-roupa para um mundo melhor ou, como se sugere nas notas da coleção, o sonho da pluralidade, mesmo que momentâneo.