A idade de ouro da Alta Costura em exposição no Museu do Traje
Georges Dambier fotografou mulheres vestidas por Balenciaga, Dior ou Givenchy, mas protagonizou também uma revolução. No pós-IIª Guerra Mundial, as modelos por si fotografadas aspiravam tanto à Beleza como à liberdade. Patente a partir desta quinta, 5.

Pode-se esperar pelo autocarro envolta num casaco Balenciaga? Ou finalizar a maquilhagem numa montra, tal é a pressa, vestindo Dior ou Chanel? Hoje sabemos que sim, mas em plena idade de ouro da haute couture parisiense, no pós-IIª Guerra Mundial, tal ideia ainda encontrava muitas resistências. O que, como vemos na exposição Viver a sua Vida, Georges Dambier e a Moda, que inaugura esta quinta-feira no Museu Nacional do Traje, em Lisboa, não impediu o fotógrafo Georges Dambier e a diretora da Elle francesa, Hélène Gordon-Lazareff, de revolucionarem o conceito de editorial de Moda nesse tempo que, em tudo, exigia recomeços.


A história desta exposição começou, conta-nos Anabela Becho, investigadora de Moda, docente na Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, que não só fez a curadoria da exposição como a pensou até àquilo a que chamámos as duas "as costuras invisíveis", com um pedido de auxílio do filho de Georges, Guillaume Dambier: "Ele encontrara uma série de provas de contacto feitas pelo pai, em Portugal, na década de 50, e precisava de saber mais pormenores." As fotografias em questão, feitas sobretudo na região da Nazaré e Estoril, com os apoios da Air France e da Casa de Portugal em Paris, faziam, afinal, parte de um catálogo de uma marca de malhas francesa, a Tricosa, e chamaram a atenção para a qualidade e importância histórica do espólio. Anabela, com um rigor que não exclui a paixão, mergulhou na investigação em lugares como a Dior Héritage; Patrimoine Balmain; Palais Galliera, Musée de la Mode de la Ville de Paris, sem esquecer a excelente biblioteca do Museu do Traje.


O resultado é uma exposição, que apresenta uma seleção de trinta e nove fotografias organizadas em seis núcleos temáticos. Espírito couture; Uma mulher na cidade; Scénario: a fotografia de Moda revelada; Real e Surreal: fotografia de Moda, entre sonho e realidade; Convite à viagem: a Moda no mundo segundo Georges Dambier; Portugal, 1957. Por elas passam mulheres únicas, de Beleza e liberdade, como Anna Karina, Barbara Mullen, Bettina, Capucine, Dorian Leigh, Fiona Campbell-Walter, Françoise Dambier, Gigi, Gunilla, Ivy Nicholson, Karen Blanguernon, Marie-Hélène Arnaud, Nina, Suzy Parker ou Sophie Litvak. Não falta mesmo uma Brigitte Bardot teenager, a posar para um catálogo de pronto-a-vestir.
O resultado é uma exposição, que apresenta uma seleção de trinta e nove fotografias organizadas em seis núcleos temáticos. Espírito couture; Uma mulher na cidade; Scénario: a fotografia de Moda revelada; Real e Surreal: fotografia de Moda, entre sonho e realidade; Convite à viagem: a Moda no mundo segundo Georges Dambier; Portugal, 1957. Por elas passam mulheres únicas, de Beleza e liberdade, como Anna Karina, Barbara Mullen, Bettina, Capucine, Dorian Leigh, Fiona Campbell-Walter, Françoise Dambier, Gigi, Gunilla, Ivy Nicholson, Karen Blanguernon, Marie-Hélène Arnaud, Nina, Suzy Parker ou Sophie Litvak. Não falta mesmo uma Brigitte Bardot teenager, a posar para um catálogo de pronto-a-vestir.


A revolução de mentalidades estava em marcha, como escreve Anabela Becho no belíssimo catálogo, editado pela Direcção Geral do Património Cultural, que complementa a exposição: Foi "no pós-Segunda Guerra Mundial, com o sucesso meteórico do New Look de Christian Dior, que Paris recuperou o epíteto de capital mundial da Moda, representando a couture como uma das principais indústrias de exportação francesa no final da década de 1940. A revista ELLE, criada em 1945 por Hélène Gordon- Lazareff, veiculava a imagem de uma mulher emancipada e em movimento, muito diferente de outros periódicos de Moda da época que difundiam poses estereotipadas e o elitismo da Alta Costura. A personalidade e a visão de Georges Dambier (1925-2011) vão de encontro a uma sociedade em plena mudança."
Com efeito, Dambier foi, em França, um dos primeiros fotógrafos a tirar as manequins dos estúdios, "abandonando as poses estáticas e as atitudes estereotipadas, nunca descurando, no entanto, uma execução técnica exigente e primorosa". Mas como são precisos dois parceiros para dançar, foi na novíssima revista Elle, em tudo tão diferente dos títulos existentes antes da Guerra e da ocupação da França pelos alemães, e em Helene Lazareff, que Dambier encontrou acolhimento para este novo modo de dar a ver Alta Costura a um público cada vez mais amplo. De resto, estes eram tempos de corte e reconstrução. Para as tais costuras invisíveis da exposição, Anabela Becho recorreu à estrutura de uma obra contemporânea desta revolução, O Sistema da Moda (1967), de Roland Barthes: "Aqui encontramos o vêtement réel, mas também o vêtement image e o écrit, já que reproduzi as legendas originais com que as fotografias foram publicadas na imprensa, às vezes com muitos detalhes e informação." De resto, as ligações da Moda e da Fotografia de Moda, cada vez mais autónoma neste período, com as outras artes e saberes são muitas ao longo da exposição, remetendo logo o título Vivre sa Vie, para o filme homónimo de Jean-Luc Godard, protagonizado por Anna Karina.


Parte da programação da Temporada Cruzada Portugal-França, que está a levar várias manifestações culturais de ambos os países a dezenas de cidades portuguesas e francesas, a exposição será complementada pela instalação sonora Robe-fantôme Evocando e exibindo um vestido ausente de Madame Grès, da autoria de Anabela Becho, e por um vasto programa de atividades. Para além de visitas guiadas mensais (cujas datas podem ser consultadas no site do Museu do Traje), é de destacar o colóquio que se realiza já esta sexta-feira, 6, em que participarão, para além de Anabela Becho, Guillaume Dambier (conservador de Georges Dambier Photos), Sylvie Roy (consultora de Arquivos e Património da Balmain), Julia Guillon (responsável pelo centro de recursos no Palais Galliera - Musée de la Mode de la Ville de Paris) e Pedro Augusto (Investigador no Museu Nacional de Etnologia). A entrada é livre mas está sujeita a inscrição através do mail: mntraje@mntraje.dgpc.pt Viver a sua Vida, Georges Dambier e a Moda, está patente até 30 de outubro no Museu do Traje, em Lisboa

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