Bob: o corte que nunca morre
Entrou em cena há mais de 100 anos, nunca saiu completamente e neste outono voltou em força. De onde lhe vem esta qualidade perene? E como é que 2025 lhe dá uma nova expressão? Inspire-se nos looks das celebridades e conheça toda a história do bob – o corte mais famoso do mundo.
Também está com vontade de cortar o cabelo pelos ombros? Talvez até pelo queixo? Por aqui, na redação, quem ainda não deu esse passo, também já não pensa noutra coisa. É que as redes sociais estão inundadas de vídeos e imagens inspiracionais onde o bob – esse ícone incontornável – volta a ser rei e senhor nas red carpets. Além de glamour, este corte traz consigo a promessa de frescura, leveza e de uma atitude descontraída, sempre atual. Para entender esta febre, é importante perceber que não estamos perante um corte qualquer.
O bob é um corte de cabelo curto, aproximadamente ao nível do queixo e não mais comprido do que à altura dos ombros e que roubou o seu nome ao verbo que se usava na era vitoriana, to bob, e que referia o ato de cortar as caudas dos cavalos, deixando-as curtas e arredondadas. Na sua transição para seres humanos, o bob foi buscar inspiração à francesa Joana d’Arc, que, dependendo das representações, ora parece ter um bob, ora parece ter um corte pageboy (pajem). Já a popularização deste look é atribuída a um dos primeiros cabeleireiro-celebridade de sempre – Antoine de Paris, em 1909. Anticonvencional e carregado de simbolismo, este hairstyle foi imediatamente considerado controverso e disruptivo, já que, na época, cortar o cabelo acima dos ombros era um gesto que contrariava os códigos de feminilidade estabelecidos e desafiava as expectativas sociais.
A verdadeira explosão do bob chegaria mais tarde, nos anos 1920, quando as mulheres começaram a trabalhar, a conduzir e a ocupar o espaço público com uma nova autonomia. Em contraste absoluto com os penteados longos e rígidos da era vitoriana, o bob assumiu-se como um gesto assumidamente inconformista, perfeito para uma geração de mulheres que queria romper com o passado. Foi também nessa época que as flappers adotaram o bob como assinatura visual, popularizando-o. O cabelo curto tornou-se num pequeno gesto de libertação e rebeldia, símbolo de independência económica, mobilidade e de um novo protagonismo feminino: a imagem de uma mulher moderna, urbana, trabalhadora, emancipada e prática. Foi nesse sentido que ícones como Louise Brooks ou Coco Chanel o transformaram num manifesto de identidade. Desde então, o bob nunca saiu verdadeiramente de moda.
O bob reaparece com força sempre que atravessamos momentos de mudança
Para além de razões relacionadas com o estilo pessoal e o quotidiano de cada mulher, historicamente o cabelo encurta quando a sociedade muda. Estes cortes ganham tração em períodos de tensão ou transformação, quando a estética passa a ser uma afirmação, e volta a empurrar as mulheres para o cabelo curto, prático e carregado de personalidade. Não porque se está, de alguma forma, a querer fazer política ou ativismo com o penteado, mas porque o estilo é sempre uma das respostas mais naturais às questões do mundo. Por exemplo, tal como aconteceu num recente boom do Bob em 2016-2020. No fundo, o Bob poderia ser quase como um barómetro cultural. Afinal, quando tudo o mais parece escapar ao nosso controlo, podemos sempre controlar o nosso cabelo.
Não só historicamente falando, mas a nível de estilo, o bob também funciona como uma arma secreta. Reaparece quando procuramos leveza, uma mudança de energia, um rebranding, e uma dose de irreverência. O bob pode ser tão discreto como audaz, mas é sempre elegante. Acima de tudo, o bob tem um talento especial: consegue reinventar-se constantemente, e é super democrático por natureza. Entra, sai, regressa e adapta-se sempre.
Ao longo das décadas, multiplicaram-se as variações: com ou sem franja, micro-franja, franja clássica, estilo curtain bangs. E isto, como se vê, é só no que toca à franja, mas há muitas mais possibilidades. O Chanel bob, fazendo referência ao look de Coco Chanel, é o bob clássico por excelência, fica pela linha do maxilar, é simétrico e tem as pontas alinhadas; já o French bob fica um pouco acima do queixo e é levemente desalinhado, texturado e com franja curta; o Italian bob, remete para as glamorosas atrizes italianas, com cabeleiras densas, cheias de movimento e volume, e é um pouco mais comprido, assentando entre o queixo e os ombros; o sleek bob consiste num estilo escovado e liso, sem volume, e acabamento espelhado; o A-line bob é mais curto atrás e mais comprido à frente, formando uma diagonal evidente; o box bob é mais pesado e compacto, formando uma forma retangular definida; o long bob, chega aos ombros; o low bob, é mais gráfico; o pixie bob é curto na nuca com mais volume em cima e dos lados; ou o wolf bob, tem muitas camadas, uma textura selvagem e pontas desalinhadas. Sem esquecer interpretações como o faux bob, criado apenas com styling, sem recorrer à tesoura, ou o old Hollywood bob, que fica pelo queixo ou ligeiramente abaixo, com ondas muito marcadas, e inspirado no glamour vintage dos anos 1930 e 1940. A tendência divide-se em várias micro-variações que permitem ajustar o corte ao quotidiano e à personalidade de cada mulher.
E se ficou cansada de bobs só de ler esta explicação exaustiva, azar o seu porque, neste outono de 2025, o bob está de regresso. Qual deles? É uma pergunta válida, sem dúvida. A tendência deste ano aposta num bob soft em estilo boho (uma extensão do estilo que tem vindo a apoderar-se dos nossos armários), mais natural e texturizado, e com um ar effortless. Tem camadas discretas que criam movimento sem perder a estrutura clássica, mas não é geométrico, nem tão romântico quanto o French bob. Adopta um ar mais orgânico e descontraído, com movimento e pontas suaves, menos peso, mais fluidez e um cair que parece crescer naturalmente.
E em quem se pode inspirar? A lista é generosa. Hannah Einbinder, Lily Allen, Hailey Bieber, Zendaya, até Penélope Cruz surpreendeu recentemente com um corte acima dos ombros. Também Emma Stone, Sofia Richie Grange, Victoria Beckham, Pamela Anderson, Carey Mulligan, Lily Collins, Jenna Ortega, Laura Harrier, Gracie Abrams, Taylor Russell, Florence Pugh, Taylor Hill, Kendall Jenner, Rihanna, Selena Gomez, Gigi Hadid, Kaia Gerber, Lily Rose Depp, Lupita Nyong'o (com tranças), Keke Palmer, Jennifer Lawrence, Millie Bobby Brown, Julia Fox, Rachel Sennott, Meryl Streep, Helen Mirren, Naomi Watts, Jane Fonda, Julianne Moore, Zoe Kravitz, Leighton Meester, Yara Shahidi, Margot Robbie ou Raye. Serão suficientes?
Em Portugal, atualmente Inês Isaias é uma das it-girls que faz do cabelo curto loiro um dos seus traços visuais mais fortes, e Carolina Nashtai rendeu-se ao bob no final do verão.
O que considerar antes de cortar
Ao contrário do mito de que o bob só funciona em cabelos lisos, a versão de 2025 celebra as texturas naturais, resultando particularmente bem tanto em cabelos lisos, como ondulados ou encaracolados, mais finos ou mais espessos. Na hora de escolher a variação perfeita para si, é essencial considerar algumas coisas: o seu tipo de cabelo, a textura e a densidade, e o formato da cara – sobretudo o tamanho do pescoço e a forma do maxilar. Ficam algumas dicas: cabelos muito finos e lisos tendem a beneficiar de linhas mais definidas, por outro lado, criar camadas subtis faz com que o cabelo ganhe mais corpo e mantenha as pontas leves – é uma questão de preferência. Os ondulados ganham movimento com um styling mínimo. Acima de tudo, para os encaracolados escolha um profissional que saiba trabalhar o peso, a densidade e respeitar a textura natural, mas, normalmente, funcionam bem em versões arredondadas e com camadas estratégicas. Nos cabelos mais densos, remover volume interno ajuda. E finalmente, se tiver dúvidas quanto ao comprimento ideal, o mais seguro é começar por uma versão mais longa e ir cortando até encontrar o ponto perfeito para o seu gosto.
E, em última análise, mesmo que não goste, vai voltar a crescer.
O método Abbey Yung. A rotina que garante um cabelo brilhante e saudável
A tricologista desenvolveu uma rotina capilar em quatro fases que promete restaurar a saúde dos fios e devolver o brilho natural ao cabelo. O método ganhou popularidade depois de vários utilizadores partilharem resultados visíveis nas redes sociais. Explicamos em que consiste e como o pode aplicar.
Os segredos de três criadoras de conteúdo para o cabelo impecável
A Máxima falou com Anastasiya Tarasivna, Asize Topal e Margarida Esteves, que nos revelaram os seus truques capilares.
Cabelo: estes são os dois penteados que as it girls vão usar no outono
Os cabelos volumosos estão de volta. A Máxima foi perceber com Helena Vaz Pereira, a hairstylist de várias celebridades portuguesas, quais são os looks de cabelo que serão tendência para este outono.
Este é o corte de cabelo ideal para as mulheres de 40 anos que querem refrescar o look
Renovar o visual pode ser o primeiro passo para se sentir mais leve e confiante. O bob, em versão polida ou com camadas subtis, é o corte que traz frescura, movimento e um toque de juventude instantâneo.