20 anos de abusos e tráfico. Os relatos dramáticos das vítimas de R. Kelly

O cantor foi condenado por tráfico sexual e crime organizado após um julgamento que incluiu testemunhos de várias vítimas. Conheça a cronologia dos crimes, que remontam aos anos noventa.

Foto: Getty Images
29 de setembro de 2021 às 15:06 Rita Silva Avelar

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Tratam-se de acusações semelhantes às que enfrenta em Chicago, onde esteve preso, entre 2019 e junho do ano passado, e também se prevê que seja condenado noutros Estados como o Illinois ou o Minnesota. Os relatos de abuso e tráfico sexual remontam ao início de sua carreira na década de 1990, muitos deles centrados numa perseguição predatória de adolescentes para gravações de vídeos de teor sexual.

Neste julgamento em particular, e nos 14 atos de que estava acusado, R.Kelly precisava de ser considerado culpado de pelo menos dois para ser condenado. Todos foram provados, exceto dois dos atos de extorsão subjacentes.

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Os problemas do cantor com a justiça começaram em 1994 quando, então com 27 anos, R. Kelly se casou com a cantora Aaliyah, de 15. Sabe-se que Aaliyah mentiu sobre a sua idade, afirmando que tinha 18 anos, e por isso o casamento acabou por ser anulado no ano seguinte. Ao longo da sua carreira, Aaliyah evitou responder a perguntas sobre a natureza de seu relacionamento com R. Kelly e acabou por morrer num acidente de aviação em 2001.

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No ano seguinte, o artista foi processado por Patrice Jones, uma mulher de Chicago que afirmou que ele a engravidou quando ela era menor de idade e que ela foi forçada a fazer um aborto. Nesse ano, também Montina Woods processou Kelly, alegando que este a filmou a ter relações sexuais sem que ela soubesse. A gravação terá circulado, acabando por ser vendida por contrabandistas sob o título "R. Kelly Triple-X". A estrela resolveu ambos os casos fora do tribunal, pagando quantias não reveladas em troca de acordos de sigilo.

Em 2017, um longo e detalhado relatório do Buzzfeed acusou R. Kelly de manter seis mulheres num "culto" sexual. O artigo alegava que Kelly seduzia mulheres jovens quando elas o abordavam para obter ajuda nas suas carreiras musicais e depois controlava as suas vidas - ditando "o que comiam, como se vestiam, quando tomavam banho, quando dormiam e como se envolviam na sua vida sexual e nos encontros que ele gravava".

Jerhonda Pace quebrou o seu acordo de sigilo em 2018. Outra mulher, Kitti Jones, afirmou que a estrela a obrigou a passar fome, forçou-a a ter encontros sexuais com outras mulheres e abusou dela fisicamente. Em 2019, a estreia do documentário Surviving R. Kelly chamou de novo a atenção para todas estas acusações. Duas semanas depois, a editora discográfica afastou-se do artista, que viu todos os seus concertos cancelados. Ainda nesse ano chegam acusações mais explícitas de exploração sexual. 

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Entre mais acusações e adiamento de julgamentos, chegamos ao veredicto, pelo menos em Nova Iorque. Gloria Allred, advogada que representou várias vítimas, disse aos repórteres: "Pratico advocacia há 47 anos. Durante esse tempo, persegui muitos predadores sexuais que cometeram crimes contra mulheres e crianças. De todos os predadores que persegui, o sr. Kelly é o pior."

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