“Culpo o sistema que permitiu o abuso de Nassar”. Simone Biles denuncia FBI, USA Gymnastics e Comités
Na audiência da última quarta-feira, 15, Simone Biles, e as ginastas McKayla Maroney, Maggie Nichols e Aly Raisman, acusaram o FBI e o Comité Olímpico de permitirem os abusos de Larry Nassar.
O grupo de ginastas olímpicas norte-americanas foram ouvidas esta quarta-feira pelo Comité Judicial do Senado dos Estados Unidos relativamente aos atrasos na investigação dos abusos sexuais que sofreram por parte de Larry Nassar, antigo médico da equipa nacional de ginástica.
No depoimento, Simone Biles acusa a federação de ginástica dos EUA e "todo o sistema" de permitirem que Nassar abusasse sexualmente dela e de centenas de outras ginastas durante 20 anos. Segundo a BBC News, Biles apelou a que os agentes envolvidos fossem processados. "Se permitirem que um predador magoe crianças, as consequências serão graves".

A campeã olímpica acusou também a USA Gymnastics e os Comités Olímpico e Paraolímpico dos EUA de terem conhecimento da situação. "Sabiam que eu estava a sofrer abusos por parte do médico da equipa". Acrescentou que o FBI, departamento federal de investigação dos EUA, é igualmente culpado por ter "virado as costas" e investigado mal as primeiras acusações contra o médico, o que permitiu que este continuasse os abusos sexuais. "Realmente parece que o FBI nos virou as costas. Não nos ajudou nem nos protegeu."
Também McKayla Maroney, que ganhou uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 2012, descreveu a sua experiência com o departamento de justiça como "repleta de silêncio e desrespeito pelo meu trauma", questionando qual o propósito das denúncias "se os nossos próprios agentes do FBI vão tomar a iniciativa de enterrar essa denúncia numa gaveta?"


Às duas ginastas juntaram-se Maggie Nichols e Aly Raisman, que tinham anteriormente prestado declarações contra o médico agora condenado.
Raisman, capitã da equipa olímpica em 2012 e 2016, demonstrou quão "nojento" era ainda estar a "lutar pelas respostas mais básicas e por responsabilização" depois de seis anos do seu primeiro depoimento contra o médico. "Nestes últimos anos tornou-se dolorosamente claro como a recuperação de uma sobrevivente é afetada pela forma de como tratam o abuso [que sofreu]".
Segundo o relatório que o FBI realizou em julho sobre a investigação das denúncias de Nassar, foram encontrados diversos erros e encobrimentos por parte de agentes do departamento, o que levou a uma paragem de oito meses do processo. Apenas depois do relatório ter vindo a público é que o Senado avançou com uma audiência para investigar a resposta lenta do FBI, sendo que um dos funcionários superiores envolvidos no caso foi já despedido, afirmou Christopher Wray, diretor do FBI, de acordo com a BBC News.

Larry Nassar utilizou a sua posição como médico para abusar de pelo menos, 330 jovens. Foi condenado em 2017 a pena perpétua por abuso sexual (40 a 175 anos) e pornografia infantil (60 anos).

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