Joias que contam histórias de amor
Há joias que guardam, nos seus metais e pedras preciosas, as mais inspiradoras histórias de amor. Entre os anéis de noivado que selam compromissos apaixonados e as peças de joalharia tão extravagantes quanto únicas, descobrimos algumas das mais belas joias de amor.

O duque de Windsor chegou a desejar que, depois da sua duquesa morrer, as suas joias fossem desfeitas para que mais ninguém as pudesse usar. Muito mais do que uma coleção de peças magníficas, as joias dos duques de Windsor contam a história de um amor que levou o rei Eduardo VIII de Inglaterra a abdicar do trono para se casar com a americana Wallis Simpson. Muitas destas joias são extremamente íntimas e especiais porque, além do casal gostar de gravar mensagens, o duque insistia em acompanhar os joalheiros no desenho das peças finais e muitas delas eram feitas a partir de pedras preciosas suas. Foram clientes importantes de casas como a Van Cleef & Arpels e a duquesa foi mesmo uma das primeiras fãs das joias com panteras, que são hoje um dos ícones da casa Cartier.
Foi também dos ateliers da prestigiada casa francesa que saiu o anel de noivado que o príncipe Rainier do Mónaco ofereceu à sua prometida Grace Kelly, desenhado a pensar na personalidade e no gosto da noiva. O valor simbólico e sentimental deste anel era de tal forma incalculável que a atriz não se quis separar dele durante a rodagem do seu último filme, Alta Sociedade (1956), onde, convenientemente, interpreta uma bela e rica jovem a preparar o seu segundo casamento.

Mas se falamos de histórias de amor nos bastidores do cinema que envolveram joias é impossível não referir Elizabeth Taylor. Foi durante as gravações de Cleópatra (1963) que a atriz conheceu dois dos grandes amores da sua vida: Richard Burton e Bulgari. Não foi preciso muito tempo para que o casal se tornasse cliente da mítica loja no n.º 10 da Via Condotti, em Roma. Quando a lendária coleção de joalharia da diva foi a leilão em 2011, as notícias sucediam-se não apenas pelos elevados valores monetários e recordistas que as peças atingiram, mas porque uma caixa de joias recheada de histórias de amor se abriu ao público.
Richard Burton foi apenas um dos maridos da atriz, mas provavelmente o que mais a mimou, utilizando os presentes valiosos para celebrar diversas ocasiões. Quando Elizabeth Taylor fez 40 anos, o ator ofereceu-lhe um diamante em forma de coração, datado do início do século XVII. Conhecido como o diamante Taj Mahal, crê-se que pertenceu um dia à mulher preferida do imperador Shah Jahan da Índia, Mumtaz-i-Mahal, para quem mandou construir uma das maiores dedicatórias de amor da história que, ainda hoje, continua a provocar arrepios e suspiros: o mausoléu Taj Mahal. Para o Dia de S. Valentim de 1969, Richard Burton tinha uma grande surpresa reservada: La Pelegrina, uma pérola com nome próprio e dimensões invulgares. Antes de adornar o pescoço de Elizabeth Taylor, num colar de estilo renascentista desenhado pela casa Cartier, já tinha passado por famílias reais europeias e, consta, pela família imperial Bonaparte.
Napoleão Bonaparte e a sua imperatriz Josefina também foram protagonistas de uma das mais belas histórias de amor abrilhantadas pelo glamour das joias. Napoleão era um apaixonado por joalharia e, quando se tornou imperador, fez de Marie-Etienne Nitot, o fundador da maison Chaumet, seu joalheiro. Encomendou-lhe fantásticas e memoráveis peças para ele próprio e para as suas duas mulheres, Josefina e, mais tarde, Maria Luísa da Áustria. Apesar da grande paixão que unia o imperador à sua mulher, o facto de a imperatriz não dar um herdeiro a França obrigou-o a uma união política com uma arquiduquesa austríaca. A história de um amor intenso, recheada de momentos áureos e outros tantos trágicos, fez do anel de noivado que Napoleão ofereceu a Josefina uma peça histórica. Em março de 2013, este anel com um diamante e uma safira foi leiloado em Paris por um valor próximo de 700 mil euros, superando em cerca de 50 vezes as expectativas.

Os mais belos anéis de noivado prometem um final feliz, mas infelizmente não o podem garantir. Outra peça histórica onde brilha o profundo tom de azul da safira é o anel de noivado da princesa Diana. A casa Garrard, que foi joalheira real durante cerca de 160 anos, desde o tempo da rainha Victoria, fez vários anéis de noivado para que a futura princesa de Gales escolhesse o seu preferido. Apesar da história trágica que todos conhecemos, o príncipe William não teve medo da pesada herança deste anel e foi com ele que se declarou a Kate Middleton.
Enquanto a duquesa de Cambridge recebeu uma joia de família, para Jackie Kennedy Onassis foram desenhados especialmente dois anéis. John Kennedy encomendou à casa Van Cleef & Arpels um anel com uma esmeralda e diamantes, enquanto Aristóteles Onassis recorreu ao joalheiro Harry Winston e a uma das suas joias mais raras. Para criar uma peça realmente especial, o armador grego comprou a terceira das 18 partes em que foi dividido o famoso diamante Lesotho.
As celebridades do momento apostam em anéis que rivalizam em tamanho e preço mas, quando falamos de joias de amor, há histórias únicas que se escreveram ao longo do tempo, em diferentes épocas, que estão enraizadas nas peças e dizem muito, ou quase tudo, sobre os seus protagonistas. Afinal, como vimos com Elizabeth Taylor e os duques de Windsor, nem só com anéis se declara o amor. Linda Porter, mulher do famoso compositor americano Cole Porter, criou a tradição de lhe oferecer uma cigarreira-joia de cada vez que estreava um espetáculo. Enquanto houver corações apaixonados, a joalharia não impõe limites à imaginação, por isso, como diz uma das suas canções, Let’s do it, let’s fall in love!

E ainda...Os ovos do amorOs ovos Fabergé da família imperial russa começaram como uma tradição e tornaram-se uma lenda. O czar Alexandre III começou a encomendar estas peças ao mestre joalheiro para oferecer, todos os anos, um à sua mulher e a tradição continuou com o filho, o último czar Nicolau II, que na Páscoa oferecia um ovo-joia à sua mulher e outro à sua mãe. Fabergé criou 50 ovos para os Romanov, mas apenas 42 sobreviveram à revolução de 1917.

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