As teorias da conspiração sobre o estado de saúde da rainha
Senhora de uma saúde invejável aos 95 anos, Isabel II sobressaltou, esta semana, os seus súbditos com a notícia de uma ida sua ao hospital. Entre as acusações trocadas pela comunicação da casa real e a imprensa, paira a ideia de que a rainha cumpre uma agenda demasiado pesada para a idade.

Quase 70 anos de reinado, 95 de idade, e o mundo não perdeu uma hora de sono por causa da saúde da rainha Isabel de Inglaterra. Ao contrário do seu pai (e antecessor no trono), o rei Jorge VI, que morreu aos 56 anos, vítima de cancro no pulmão, a detentora do terceiro maior reinado da História mundial (só suplantada, por enquanto, por João II do Liechtenstein e por Luís XIV de França) tem dado mostras de uma invejável condição física. Por isso, quando, a meio desta semana, o Palácio de Buckingham comunicou que, por indicação médica, Sua Majestade não faria a prevista viagem à Irlanda do Norte (para assinalar o centenário da formação desta região como parte do Reino Unido e não da República da Irlanda), os súbditos inquietaram-se e a comunicação social quis saber o que realmente se passava sob a tradicional fleuma da Casa Real.
Em breve, o tablóide The Sun descobriria que, ao contrário do anunciado, a rainha não estivera a descansar no castelo de Windsor mas que passara a noite de quarta-feira num hospital do centro de Londres, onde teria sido submetida a exames médicos. E estalou a polémica: O que realmente se passa? Que exames foram estes? A rainha estará desgastada pela apertada agenda que cumpre à risca, apesar da idade, ou terá uma doença grave ou, pelo menos, preocupante? Pressionada por estas questões colocadas pela imprensa, sobretudo depois da notícia veiculada pelo The Sun revelar que o Palácio mentira, a comunicação da Casa Real anunciou, na quinta-feira à noite, que Isabel II, de facto, estivera a ser examinada mas que só não regressara a Windsor por precaução. Uma vez mais, não foram dados detalhes sobre o motivo da deslocação e internamento, apenas se acrescentou que "segundo o conselho médico de descansar uns dias, a rainha deu entrada no hospital na quarta-feira à tarde para realizar alguns exames preliminares, regressou ao castelo de Windsor à hora de almoço e está de bom humor."

Uma fonte da casa real, citada pela Agência Reuters, acrescentou ainda que a rainha terá estado no hospital King Edward VII, por razões práticas, e que na sexta-feira, já em Windsor, descansaria e realizaria algumas tarefas oficiais ligeiras. Um pouco mais tarde, coube ao primeiro-ministro, Boris Johnson, reforçar esta posição, dizendo que ela estava já no seu gabinete de Windsor, com a boa disposição de sempre. No entanto, esta terça-feira, chegaria uma nova informação inquietante: Ao contrário do anunciado, a rainha não se deslocará a Glasgow para participar na Conferência do Clima, que se iniciará a 31 de outubro, limitando-se a enviar uma mensagem vídeo gravada. Mesmo sabendo-se que esta terça-feira manteve uma animada conversa por videoconferência com o embaixador da Republica da Coreia em Londres, a opinião pública e a comunicação social mostram-se relutantes.
"Fontes reais quiseram passar-nos a impressão de que a rainha simplesmente se excedera um pouco no cumprimento da sua agenda, mas temos de estar cientes de que bom humor é um cliché habitual do palácio", comentou a propósito o especialista em temas da realeza do Daily Express, Richard Palmer. Por sua vez, o jornalista da BBC, Nicholas Witchell insurgiu-se publicamente pelo facto "de os responsáveis do Palácio de Buckingham não terem dado uma imagem completa e razoável do que estava a acontecer" e lamentou ter feito crer aos seus espetadores que a Chefe de Estado, e uma das personalidades mais populares do mundo, estava a descansar na sua residência quando, na verdade, estava hospitalizada. Indo ainda mais longe, Nicholas falou dos perigos da "ausência de informação fiável" e perguntou se, doravante, "vale a pena confiar no que nos comunica o palácio." Robert Hardman, autor de vários documentários sobre a rainha, considerou, porém, que na origem deste "engano" está o facto da rainha detestar que lhe prestem uma atenção excessiva, sobretudo no que se refere à sua saúde.
Recorde-se que, nos últimos dois anos, Isabel II não só perdeu o marido (a 9 de abril deste ano), a quem chegou a descrever como o seu "rochedo", mas também viu o seu terceiro filho, André, ser acusado de abuso sexual de menores (no quadro da sua amizade com o empresário norte-americano Jeffrey Epstein). Finalmente, o príncipe Harry e sua mulher, Meghan Markle, também se afastaram dos deveres reais para se mudarem para Los Angeles, de onde lançaram críticas contundentes ao comportamento da família.

Embora seja mais ou menos público que a imprensa britânica tem preparado há muito o obituário desta mulher que começou a reinar no já distante ano de 1952, a verdade é que ninguém na Grã-Bretanha (e não só) parece querer encarar com naturalidade a possibilidade do seu desaparecimento.
No último domingo, Serge Schmemann, num artigo de opinião do The New York Times, dizia que há muitas dúvidas quanto à sucessão de Isabel II e às capacidades dos seus sucessores mais diretos, os príncipes Carlos e William. "Ela pode ser bem a última monarca global", sentenciava. Na verdade, com a sua notável energia, Isabel II continua tão popular como qualquer estrela pop. Depois de, em 2012, a termos visto num helicóptero com o "seu" agente 007 (Daniel Craig), ei-la a protagonizar os romances policiais S. J. Bennett, o primeiro dos quais, Um Crime em Windsor, está publicado em Portugal. Transformada numa espécie de Miss Marple da realeza, a rainha "aparece-nos" aqui a deslindar crimes cometidos na alta aristocracia. Consta que Sua Majestade não desgostou da ideia.

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