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As acusações de tráfico sexual e abuso de menores do milionário norte-americano Jeffrey Epstein atingiram a família real britânica. O príncipe Andrew, terceiro filho da rainha Isabel II, era amigo do criminoso. Vieram à tona imagens e um vídeo que parecem mostrar o príncipe na mansão de Epstein em Nova Iorque, publicadas pelo The Mail on Sunday, e que serão referentes a 2010 – ou seja, dois anos após a primeira condenação de Jeffrey, que admitiu a culpa numa acusação de solicitação de prostituição e de solicitação de prostituição de menores e fez um acordo judicial para cumprir uma sentença de apenas 13 meses com seis dias por semana fora da prisão, acolhido pelo procurador de Miami, Alex Acosta, o tal ex-Secretário do Trabalho da administração de Donald Trump. As acusações poderiam resultar em prisão perpétua, mas Epstein foi apenas registado como infrator sexual.

No vídeo em questão, Epstein é visto a deixar a sua casa ao lado de uma jovem, que parece ser menor de idade. Cerca de uma hora depois, o príncipe Andrew surge a segurar a porta a outra mulher, que sai da casa enquanto o príncipe lhe acena com adeus. Em resposta ao vídeo, o Palácio de Buckingham emitiu uma declaração a afirmar que: "O duque de Iorque está horrorizado pelas notícias recentes dos alegados crimes de Jeffrey Epstein. Sua alteza real deplora a exploração de qualquer ser humano e qualquer sugestão de que aceitaria, participaria ou encorajaria esse comportamento é abjeta."

Porém, além do vídeo, há também uma fotografia de Andrew, tirada em 2001, com os braços ao redor de Virginia Giuffre (antes Virginia Roberts) – a mesma que indicou o papel fundamental de Ghislaine Maxwell na rede criminosa de Epstein. Virginia declarou, perante a Justiça norte-americana, que teve relações sexuais com o príncipe quando  tinha 17 anos e que foi apresentada a Andrew por Jeffrey Epstein. Giuffre já havia alegado a relação sexual forçada com o filho da rainha Isabel II em três ocasiões diferentes, mas em 2015, o Palácio rejeitou a acusação, declarando que "qualquer sugestão de impropriedade com menores" era "categoricamente falsa".

Ao sair do tribunal de Manhattan, em Nova Iorque, nesta terça-feira, 27 de agosto, Virginia Giuffre aproveitou o momento para fazer uma declaração pública à imprensa.

So this is a significant development in the #PrinceAndrew story re #JeffreyEpstien. It is Virginia Giuffre (formerly Roberts) speaking outside court this morningpic.twitter.com/fwWmk1Xwwa

"Quero começar por dizer que [a questão] não é como Jeffrey morreu, mas é como viveu. E precisamos de descobrir a verdade sobre todos os envolvidos nisso, começando por Ghislaine Maxwell", disse logo após a audiência das alegadas vítimas de Epstein. "Fui recrutada muito jovem em Mar-a-Lago e presa num mundo que não entendia. E eu tenho lutado nesse mesmo mundo até hoje e não vou parar de lutar. Nunca serei silenciada até que estas pessoas sejam levadas à Justiça." Ao sair de perto dos microfones, um repórter questionou o que Virginia acha das negações do príncipe Andrew. "Ele sabe exatamente o que fez e espero que seja honesto", finalizou Giuffre.

E o que dizer do nome do duque de Iorque que surge nos documentos e também no depoimento de outra alegada vítima, Johanna Sjoberg? Para compreender o grau de envolvimento do príncipe será essencial que a Justiça norte-americana o chame para prestar declarações.

Muitos nomes poderosos da política aos negócios envolviam-se com Jeffrey Epstein antes de sua primeira acusação criminal, a incluir o ex-presidente dos Estados Unidos da América Bill Clinton e o atual, Donald Trump. Clinton tinha registos de voo no Lolita Express, a comprovar que usou o avião privado do multimilionário, contanto negou a ligação, a dizer que o uso foi devido a um apoio humanitário a países em vias de desenvolvimento.

A mesma Virginia Giuffre alega, nos seus depoimentos, que Ghislaine Maxwell lhe deu ordens para que tivesse relações sexuais com o ex-governador do Novo México Bill Richardson, com o ex-senador norte-americano líder da maioria democrata George Mitchell, com o agente de modelos Jean Luc Brunel, com o investidor Glenn Dubin, com o agora falecido cientista Marvin Minsky, criador do gabinete de inteligência artificial do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), e, sem grandes surpresas, com o parceiro e advogado de Epstein, Alan Dershowitz.

Muitos destes nomes famosos afastaram-se de Epstein em 2008, no entanto, Andrew manteve proximidade com o predador sexual de menores mesmo após o escândalo ter-se tornado público. Por quê? Os media ingleses reforçam que o caso está longe de terminar. "Apenas negar [as acusações de Andrew] com indignação não vai resolver", disse o ex-repórter da BBC especializado em realeza Michael Cole, em entrevista ao programa Newsnight. "É necessário dar respostas. Trata-se de um assunto muito sério, que vai se tornar pior para o príncipe e para o Palácio de Buckingham." Vamos aguardar.

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