Johnny Depp, assédio, agressões a jornalistas. Será esta a edição do Festival de Cannes mais polémica de todas?
O evento abrirá com a exibição do filme "Jeanne du Barry" que conta com Johnny Depp, ainda a recuperar a sua imagem, e com a atriz francesa Maïwenn, também ela acusada de agressão. Eis o que apurámos sobre esta e outras polémicas.

Chegou, finalmente, o tão aguardado momento do ano: o Festival de Cinema de Cannes. Depois dos Óscares e da Met Gala, só mesmo o incomparável glamour de uma red carpet como a de Cannes.
Este ano celebra-se a 76ª edição do festival, que contará com a habitual panóplia de exibições de filmes, conferências de imprensa, festas e momentos de passadeira vermelha. Leonardo DiCaprio, Harrison Ford, Alicia Vikander e Natalie Portman estão entre as celebridades esperadas para participar do evento que acontece de 16 de maio a 27 de maio.


Duas aguardadas superproduções de Hollywood estão programadas para terem a sua estreia na cidade da Riviera Francesa: Indiana Jones e a Relíquia do Destino, o quinto e último capítulo da famosa saga protagonizada por Harrison Ford, e Killers of the Flower Moon, realizado por Martin Scorsese e tendo Leonardo DiCaprio como protagonista.
Desde a sua estreia, em 1946, que o festival é conhecido por momentos inesquecíveis, como o da princesa Diana com um vestido azul bebé de tule de Catherine Walker em 1987, ou o de Cate Blanchett e mais uma série de atrizes quando participaram do protesto #MeToo em 2018.

E aqui entramos no campo das polémicas, que este ano são mais do que muitas. O festival reconquista, este ano, o seu posto como a maior e mais glamourosa plataforma da indústria no planeta, ainda assim, o evento francês também enfrenta críticas por dar palco a personalidades envolvidas em escândalos.

As presenças de Johnny Depp e de Maïwenn têm sido sobejamente contestadas

Recentemente, têm surgido controvérsias em torno do filme Jeanne Du Barry, escolhido para a abertura do Festival de Cannes. Uma das principais causas de indignação foi a escolha de Johnny Depp como protagonista do filme, tendo em conta que o seu nome esteve diretamente envolvido no emblemático caso de tribunal com a sua ex-mulher, a também atriz Amber Heard, que o acusou de violência doméstica. Embora Depp tenha vencido um processo judicial de difamação contra Heard e recebido uma indemnização de 15 milhões de dólares, ele foi obrigado a pagar 2 milhões à ex-mulher, conforme decisão do tribunal. Isto levou muitos a questionarem-se se a escolha do ator para protagonista do filme seria a mais apropriada. Além de Depp, a atriz e realizadora francesa Maïwenn, também ela protagonista do mesmo filme, está a ser acusada de agressão a um jornalista. É alvo de um processo movido por Edwy Plenel, editor-chefe do site Mediapart. Segundo o que corre na imprensa francesa, a atriz terá ido até à mesa dele, num restaurante, puxou-lhe os cabelos e cuspiu-lhe na cara. Plenel diz que ainda está "traumatizado pelo incidente". Quanto a esta polémica, o diretor do festival, Thierry Frémaux, defendeu numa entrevista à revista Variety: "Não vejo o filme como uma escolha controversa, pois se Johnny Depp tivesse sido banido de trabalhar seria uma situação diferente, mas não é o caso". Esta não é, no entanto, a primeira vez que o evento é criticado por este tipo de temáticas. O festival estendeu a passadeira vermelha a Woody Allen, quando este foi apresentar o seu Meia-Noite em Paris e Café Society, durante o auge do movimento #MeToo, e também perdoou o cineasta Lars von Trier (Melancolia), acusado pela cantora Björk de assédio sexual.
Recentemente, têm surgido controvérsias em torno do filme Jeanne Du Barry, escolhido para a abertura do Festival de Cannes. Uma das principais causas de indignação foi a escolha de Johnny Depp como protagonista do filme, tendo em conta que o seu nome esteve diretamente envolvido no emblemático caso de tribunal com a sua ex-mulher, a também atriz Amber Heard, que o acusou de violência doméstica.
Embora Depp tenha vencido um processo judicial de difamação contra Heard e recebido uma indemnização de 15 milhões de dólares, ele foi obrigado a pagar 2 milhões à ex-mulher, conforme decisão do tribunal. Isto levou muitos a questionarem-se se a escolha do ator para protagonista do filme seria a mais apropriada.

Além de Depp, a atriz e realizadora francesa Maïwenn, também ela protagonista do mesmo filme, está a ser acusada de agressão a um jornalista. É alvo de um processo movido por Edwy Plenel, editor-chefe do site Mediapart. Segundo o que corre na imprensa francesa, a atriz terá ido até à mesa dele, num restaurante, puxou-lhe os cabelos e cuspiu-lhe na cara. Plenel diz que ainda está "traumatizado pelo incidente".
Quanto a esta polémica, o diretor do festival, Thierry Frémaux, defendeu numa entrevista à revista Variety: "Não vejo o filme como uma escolha controversa, pois se Johnny Depp tivesse sido banido de trabalhar seria uma situação diferente, mas não é o caso".
Esta não é, no entanto, a primeira vez que o evento é criticado por este tipo de temáticas. O festival estendeu a passadeira vermelha a Woody Allen, quando este foi apresentar o seu Meia-Noite em Paris e Café Society, durante o auge do movimento #MeToo, e também perdoou o cineasta Lars von Trier (Melancolia), acusado pela cantora Björk de assédio sexual.


Adèle Haenel abandona o cinema A jovem atriz francesa, estrela de Retrato de uma Rapariga em Chamas, anunciou há poucos dias que vai abandonar a indústria cinematográfica após acusações sem condenação. Numa carta publicada no jornal semanal francês Télérama, Adèle Haenel explicou o motivo que a levou a deixar a sua carreira no cinema e a dedicar-se apenas ao teatro. A atriz acusa o cinema francês de encobrir realizadores acusados de agressões sexuais. Em 2020, Adèle acusou o realizador francês Christophe Ruggia de ter abusado dela quando tinha 12 anos, após ter sido escolhida para o filme francês Les Diables. Segundo a atriz, durante uma viagem para promover o filme, o realizador terá feito um convite para esta ir até à sua casa e posteriormente tentou beijá-la. De acordo com a investigação do Mediapart - que incluiu cerca de 30 outras testemunhas - Ruggia terá desenvolvido uma obsessão por Haenel durante as filmagens do filme. Aos 15 ainda pediu ajuda, mas o apoio que recebeu por parte dos pares foi praticamente nulo. Este caso está a ter um eco gigante em França, e mais lentamente no mundo, sobretudo agora com o festival. O diretor do mesmo, Thierry Frémaux, já veio responder à sugestão da atriz de que Cannes faz parte de um ecossistema francês que fecha os olhos à violência sexual. "Muita gente fala de Cannes e nunca lá foi. Só posso dizer que não é verdade e a prova é que se vocês acreditassem, não estariam aqui, a ouvirem-me agora, com as vossas acreditações e sim reclamando das exibições para a imprensa de um festival de violadores." A par de todo este frenesim que se vive, começa a haver quase que um boicote ao Festival de Cannes, isto porque já existe mesmo uma petição que exige mais respeito pela profissão, e que põe em causa todo um sistema que encobre abusos vários no cinema. A petição já conta com mais de 100 assinaturas, incluindo muitas de atores e atrizes bem conhecidas. É o caso de Anna Mouglalis, Laure Calamy, Jeremie Renier ou Julie Gayet. Na petição podemos ler: "O cinema francês integrou um sistema disfuncional que esmaga e aniquila. Sabemos disso há muito tempo, somos as suas vítimas e testemunhas diárias. É porque amamos apaixonadamente o nosso trabalho que estamos aqui hoje. Com muita frequência, sofremos agressão sexual, bullying e racismo nos nossos locais de trabalho. Quando temos coragem de falar ou pedir ajuda, muitas vezes ouvimos dizer: 'Por favor, cala a boca, durante a vida do filme.' Acontece até que os produtores estão dispostos a comprar o nosso silêncio. Essas formas de violência fazem parte do nosso dia a dia, até tentaram fazer-nos acreditar que aquilo fazia parte do trabalho." "Estamos profundamente indignados e recusamo-nos a ficar calados diante das posições políticas demonstradas pelo Festival de Cinema de Cannes. Recusamo-nos a ser associados às decisões tomadas nas últimas semanas. Ao estender a passadeira vermelha para homens e mulheres que agridem, o festival envia a mensagem de que no nosso país podemos continuar a exercer a violência com total impunidade, que a violência é aceitável em lugares de criação. É hora do cinema francês parar de apoiar pessoas que abusam das suas posições de poder", é possível ainda ler na petição que qualquer um pode assinar. Também o caso de Adèle é referido nesta petição: "Adèle Haenel lembrou recentemente que decidiu politizar o seu abandono do cinema. É uma decisão que entendemos e apoiamos. Só podemos lamentar o facto de este ambiente ser tão tóxico que nos leva a deixá-lo por completo. Aproveitamos este fórum para dizer com ela: 'VERGONHA'." Ameaças dos sindicatos franceses em luta com o governoEsta é outra grande preocupação este ano. Todos nós temos vindo a acompanhar as variadíssimas manifestações (muitas delas bastante violentas) um pouco por toda a França, com especial enfoque em Paris. Ainda assim, o presidente do festival, Thierry Frémaux, garantiu que manteve "um bom diálogo com a CGT", o sindicato que prometeu ações várias durante o evento e chegou a ameaçar com cortes de energia. Frémaux garantiu também que toda a segurança do festival, ao longo dos 15 dias, está assegurada, como de resto é habitual.
Adèle Haenel abandona o cinema A jovem atriz francesa, estrela de Retrato de uma Rapariga em Chamas, anunciou há poucos dias que vai abandonar a indústria cinematográfica após acusações sem condenação. Numa carta publicada no jornal semanal francês Télérama, Adèle Haenel explicou o motivo que a levou a deixar a sua carreira no cinema e a dedicar-se apenas ao teatro. A atriz acusa o cinema francês de encobrir realizadores acusados de agressões sexuais.

Em 2020, Adèle acusou o realizador francês Christophe Ruggia de ter abusado dela quando tinha 12 anos, após ter sido escolhida para o filme francês Les Diables. Segundo a atriz, durante uma viagem para promover o filme, o realizador terá feito um convite para esta ir até à sua casa e posteriormente tentou beijá-la. De acordo com a investigação do Mediapart - que incluiu cerca de 30 outras testemunhas - Ruggia terá desenvolvido uma obsessão por Haenel durante as filmagens do filme. Aos 15 ainda pediu ajuda, mas o apoio que recebeu por parte dos pares foi praticamente nulo.
Este caso está a ter um eco gigante em França, e mais lentamente no mundo, sobretudo agora com o festival. O diretor do mesmo, Thierry Frémaux, já veio responder à sugestão da atriz de que Cannes faz parte de um ecossistema francês que fecha os olhos à violência sexual. "Muita gente fala de Cannes e nunca lá foi. Só posso dizer que não é verdade e a prova é que se vocês acreditassem, não estariam aqui, a ouvirem-me agora, com as vossas acreditações e sim reclamando das exibições para a imprensa de um festival de violadores."
A par de todo este frenesim que se vive, começa a haver quase que um boicote ao Festival de Cannes, isto porque já existe mesmo uma petição que exige mais respeito pela profissão, e que põe em causa todo um sistema que encobre abusos vários no cinema. A petição já conta com mais de 100 assinaturas, incluindo muitas de atores e atrizes bem conhecidas. É o caso de Anna Mouglalis, Laure Calamy, Jeremie Renier ou Julie Gayet.

Na petição podemos ler: "O cinema francês integrou um sistema disfuncional que esmaga e aniquila. Sabemos disso há muito tempo, somos as suas vítimas e testemunhas diárias. É porque amamos apaixonadamente o nosso trabalho que estamos aqui hoje. Com muita frequência, sofremos agressão sexual, bullying e racismo nos nossos locais de trabalho. Quando temos coragem de falar ou pedir ajuda, muitas vezes ouvimos dizer: 'Por favor, cala a boca, durante a vida do filme.' Acontece até que os produtores estão dispostos a comprar o nosso silêncio. Essas formas de violência fazem parte do nosso dia a dia, até tentaram fazer-nos acreditar que aquilo fazia parte do trabalho."
"Estamos profundamente indignados e recusamo-nos a ficar calados diante das posições políticas demonstradas pelo Festival de Cinema de Cannes. Recusamo-nos a ser associados às decisões tomadas nas últimas semanas. Ao estender a passadeira vermelha para homens e mulheres que agridem, o festival envia a mensagem de que no nosso país podemos continuar a exercer a violência com total impunidade, que a violência é aceitável em lugares de criação. É hora do cinema francês parar de apoiar pessoas que abusam das suas posições de poder", é possível ainda ler na petição que qualquer um pode assinar.
Também o caso de Adèle é referido nesta petição: "Adèle Haenel lembrou recentemente que decidiu politizar o seu abandono do cinema. É uma decisão que entendemos e apoiamos. Só podemos lamentar o facto de este ambiente ser tão tóxico que nos leva a deixá-lo por completo. Aproveitamos este fórum para dizer com ela: 'VERGONHA'."

Ameaças dos sindicatos franceses em luta com o governoEsta é outra grande preocupação este ano. Todos nós temos vindo a acompanhar as variadíssimas manifestações (muitas delas bastante violentas) um pouco por toda a França, com especial enfoque em Paris. Ainda assim, o presidente do festival, Thierry Frémaux, garantiu que manteve "um bom diálogo com a CGT", o sindicato que prometeu ações várias durante o evento e chegou a ameaçar com cortes de energia. Frémaux garantiu também que toda a segurança do festival, ao longo dos 15 dias, está assegurada, como de resto é habitual.

Realizadora acusada de assédio

A realizadora francesa Catherine Corsini rejeitou as acusações de assédio, bem como a da presença de uma criança numa cena de sexo do filme Le Retour, que concorre à Palma de Ouro no festival. Em comunicado, Corsini e a sua produtora Elisabeth Perez referem: "Parem com as fantasias! Os adolescentes estavam vestidos e apenas os seus rostos foram filmados na cena. Não houve toque ou contacto inapropriado entre eles". Realizadora e produtora também rejeitaram as queixas de comportamento abusivo de Corsini que foram relatadas na imprensa francesa, dizendo que nenhuma acusação foi apresentada contra ela.
Mas a verdade é que alegações de comportamento impróprio em reportagens dos jornais Le Parisien e Libération forçaram o festival a suspender a sua seleção enquanto investigava o assunto. O responsável pelo certame, Thiérry Fremaux, é também citado no comunicado como tendo dito que não se deixaria influenciar por rumores. "É uma sorte que o maior festival do mundo se tenha dado ao trabalho de verificar minuciosamente a verdade. Qualquer outra decisão abriria um precedente sério para o cinema de autor e para o próprio evento", diz o comunicado de Corsini Perez.
Record de cineastas femininas

O festival também bate, este ano, o recorde de mulheres selecionadas fora da competição principal. Ou seja, incluindo mostras alternativas como a Un Certain Regard e exibições especiais. Ao todo, são 14 títulos dirigidos por mulheres entre os 51 anunciados.
Gravidez tardia confirmada
Os rumores já circulavam há já algumas semanas, mas agora a confirmação tornou-se oficial: Virginie Efira está grávida aos 46 anos, do segundo filho. A atriz franco-belga posa orgulhosamente na capa da revista francesa Télérama com a sua barriga já bem evidente.

A atriz já é mãe do pequeno Ali, nascido em 2013, de uma união anterior com o realizador Mabrouk El Mechri. Desta vez, o pai é o ator franco-canadiano Niels Schneider, que ela conheceu nos bastidores do filme Um amor impossível, de Catherine Corsini (2018). Virginie Efira, que recebeu o César de melhor atriz em 2022 por Revoir Paris, estará no festival de Cannes deste ano para apresentar Amor e Florestas, da realizadora francesa Valérie Donzelli, na seleção oficial.
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Mas como nem tudo são polémicas, de referir um dos prémios mais importantes e sempre muito aguradados, o Lifetime Achievement Award. Michael Douglas é a personalidade que este ano recebe a Palma de Ouro honorária pela sua longa carreira no mundo do Cinema. Douglas, que é casado com Catherine Zeta Jones, referiu num comunicado que: "É sempre uma lufada de ar fresco estar em Cannes, que há muito oferece uma plataforma maravilhosa para criadores ousados, audácias artísticas e excelência em narrativa".
