Da vida real à sétima arte. Os escândalos de abuso sexual que deram filmes
A propósito da estreia próxima do filme Bombshell – O Escândalo, baseado na história de assédio sexual que envolveu o CEO da Fox News Roger Ailes, revisitamos esta e outras polémicas que deram origem a argumentos de cinema e televisão.

Um dos filmes mais antecipados da temporada, Bombshell – O Escândalo (estreia a 23 de janeiro de 2020), protagonizado por Charlize Theron, Margot Robbie e Nicole Kidman, e realizado por Jay Roach, recria o ambiente tenso que antecipou a revelação de que Roger Ailes, antigo CEO da Fox News e ideólogo do canal de notícias que terá ajudado Donald Trump a chegar à presidência dos EUA, assediou sexualmente várias mulheres durante décadas (o papel é aqui atribuído a John Lithgow). As acusações de assédio, que foram reveladas por Gretchen Carlson e reforçadas por Megyn Kelly, dois rostos fortes da Fox News, atribuíam a Ailes uma série de episódios chocantes, repressivos e abusadores.
No filme, surge uma personagem adicional, fictícia, neste caso interpretada por Robbie, uma jovem mulher que é apanhada nesta "teia" de assédio e que será a peça chave para desencadear a verdade sobre Ailes (neste filme). Baseada no mesmo caso, a série da HBO The Loudest Voice, de sete episódios, conta, embora de outra perspetiva, esta história de manipulação e abuso de poder numa das centrais de notícias mais importantes do mundo. Aqui, Naomi Watts é Gretchen e Russell Crowe é Ailes, e o elenco conta com outras atrizes como Sienna Miller ou Annabelle Wallis. O primeiro episódio estreou em junho deste ano. Mas nenhum destes é caso único na liga de filmes e séries sobre abuso baseados em factos reais.

Num outro registo, a série da Netflix Unbelievable, protagonizada por Toni Collette, Merritt Wever e Kaitlyn Dever, narra a sequência de violações que ocorreram em Washington e Colorado, entre 2008 e 2011. O argumento baseou-se na reportagem An Unbelievable Story of Rape, publicada em 2015 por Ken Armstrong e T. Christian Miller, jornalistas de investigação da ProPublica (corporação de investigação jornalística sediada em Nova Iorque) e premiada com o Prémio Pulitzer de Reportagem Explicativa. A série de oito episódios, co-criada por Susannah Grant, Ayelet Waldman e Michael Chabon estreou em setembro deste ano. Ao longo dos episódios, ficamos a saber como são tratadas as vítimas de violação ao longo de todo o processo de investigação e como a falta de preparação das autoridades pode dar origem a abusos de poder sobre estas mesmas vítimas.
Quando, no dia 6 de outubro de 2017, os jornalistas do The New York Times Jodi Kantor e Megan Twohey publicaram o famoso artigo que revelava a aterradora verdade sobre Harvey Weinstein, estávamos ainda longe de adivinhar que o famoso produtor de Hollywood seria – nos meses que se seguiriam - acusado de assédio sexual por dezenas de mulheres que reforçavam aquela verdade. Recentemente, e dois anos depois, anuncia-se um filme sobre o escândalo que chocou Hollywood e o mundo. Para já, ainda só sabemos que será um projeto partilhado entre produtoras Plan B (que produziu filmes como Moonlight, 2016, ou 12 Anos Escravo, 2013, e co-fundada em 2001 por Brad Grey, Jennifer Aniston e Brad Pitt) e a Annapurna Pictures. Sabe-se ainda, que a argumentista será Rebecca Lenkiewicz, e que vai estrear no próximo ano. Ainda sem nome oficial, as expectativas para este filme são altíssimas, não tivesse sido um dos casos (se não o caso) mais polémico da última década – e que se passa precisamente em Hollywood. Até agora, contam-se os testemunhos – entre os mais e os menos graves – de mais de cem mulheres, entre atrizes, modelos, assistentes, produtoras ou realizadoras.

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