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Histórias de amor moderno. “Os abdominais perfeitos do meu marido estão a dar cabo do nosso casamento”

Aos sábados a Máxima publica um testemunho de como é o amor no séc. XXI. "Detesto sentir os músculos dele, rijos que nem uma pedra, junto a mim na cama e sinto falta de me aninhar em alguém mais fofinho."

Foto: D.R
04 de fevereiro de 2023 às 07:00 Máxima

Quando nos conhecemos na universidade, eu e o meu marido tínhamos imensos amigos em comum e um gosto recíproco por nos divertirmos. Se não estivéssemos a dançar juntos em festas, estávamos a fazer jogos com bebidas no bar da associação de estudantes.

Ao chegar à altura em que terminámos os cursos, ambos exibíamos um pouco de gordura a mais na zona da cintura – sinal do quanto nos tínhamos divertido ao longo daqueles anos.

Foi pouco depois das nossas licenciaturas que nos casámos e muito rapidamente tivemos os nossos dois filhos. Graças a um programa de inscrição-família num ginásio, ambos perdemos as nossas partes mais tremelonas e tonificámos um pouco o nosso corpo.

A minha vida era ocupada, entre o trabalho e os miúdos, mas eu não me importava de arranjar maneira de enfiar na agenda duas sessões de ginásio por semana. Já o meu marido, pelo contrário, mergulhou mesmo de cabeça – começou a ir ao ginásio religiosamente: todas as manhãs antes de ir para o trabalho e mesmo aos fins de semana.

A paixão pelo exercício levou-o também a dar atenção à sua dieta alimentar. Em breve começou a recusar os jantares que normalmente comíamos em família, preferindo consumir uma lista muito específica de suplementos proteicos em pó, espirulina e diversos outros superalimentos de uma loja especializada.

Há três anos, decidiu também deixar de consumir bebidas alcoólicas. Antigamente, nós adorávamos divertirmo-nos a sair à noite com amigos, beber à grande e dançar até de madrugada, mas essas ocasiões acabaram bastante depressa.

Na festa dos 40 anos de um amigo que nos é muito chegado, ele passou a noite inteira a bebericar uma tónica para manter a linha (sem calorias, aparentemente!), com uma expressão de que "toda a gente lhe devia e ninguém lhe iria pagar", antes de me arrancar da pista de dança à primeira badalada da meia-noite de modo a poder conduzir-nos de carro até casa. Numa outra altura recusou-se terminantemente a sair para um jantar de caril com a minha família por não considerar as opções do menu saudáveis o suficiente.

Também não havia espaço na sua vida para ocasiões especiais. Quando tentei persuadi-lo a tomar uma taça de champanhe pelo meu aniversário, ele pôs-se na defensiva dizendo que eu não dava valor ao quanto ele se esforçava para ter o físico que tinha.

Nada podia estar mais longe da verdade: eu não fazia outra coisa senão notar. Quando amigos e amigas comentavam os músculos bem definidos no seu abdómen, visíveis através da T-shirt justa, ou os bíceps que pareciam que iam rebentar com as mangas das camisas, eu via quão feliz isso o deixava. Era algo que me deixava orgulhosa pelo esforço e trabalho que ele dedicava a isso.

Do que eu não gostava – e que ninguém via – era o custo de tudo aquilo. Algumas das minhas amigas confidenciavam-me o quanto desejavam que os maridos delas seguissem o exemplo do meu marido e transformassem os "corpos de pais" em algo mais musculoso, também – que isso iria até melhorar a relação entre eles. Não tive coragem de lhes dizer que a obsessão dele pelo seu físico está a arruinar a nossa.

O meu marido divertido, sociável, que se embebedava juntamente comigo quando saíamos à noite e que adorava atacar uma bela refeição e uma garrafa de vinho na minha companhia foi substituído por um aborrecido homem-músculo obcecado pelo seu corpo.

Ele acha que o seu corpo é o que qualquer mulher desejaria, mas na verdade eu detesto sentir os músculos dele, rijos que nem uma pedra, estendidos junto a mim na cama. Sinto falta de me aninhar em alguém fofinho.

Eu continuo a fazer exercício regularmente e tenho orgulho na minha aparência. Também eu como saudavelmente e só consumo bebidas alcoólicas com moderação, mas a sensação que dá é que ele levou o comportamento normal e saudável até a um extremo máximo.

Longe de ser excitante, a obsessão do meu marido pelo seu corpo está a destruir o nosso casamento e eu dava tudo para ter de volta o meu antigo parceiro divertido e fofinho.

Anónimo / Telegraph Media Group Ltd. / Atlântico Press

Tradução: Adelaide Cabral

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