Histórias de amor moderno. “Nunca sei por onde anda o meu marido… e é assim que eu gosto”
Todos os sábados, a Máxima publica um testemunho de como é o amor no séc. XXI. "A necessidade de controlar as atividades um do outro simplesmente não nos passa pela cabeça."

Na maior parte do tempo, não faço a mínima ideia de onde anda o meu marido e do que está a fazer. Não anda escondido ou metido em algo de suspeito que pudesse acabar numa ação de divórcio num tribunal – está simplesmente a fazer as coisas de que gosta. E eu não me tenho sentido inclinada a perguntar-lhe o que tal poderá ser.
Alguns dos nossos amigos acham que nós somos um casal estranho. "Tu não sabes o que ele anda a fazer?!", queixam-se, como se ele fizesse parte do MI5 e tivesse acabado de se infiltrar num organismo que constituísse uma ameaça à segurança nacional. "Tu não lhe envias mensagens para lhe dizeres a que horas vais chegar a casa?", interrogam-me, como se a minha hora estimada de chegada o pudesse espicaçar a estar de plantão à porta com um ramo de rosas de boas-vindas. A respostas a estes inquéritos acerca da nossa mútua prestação de contas é, normalmente, recebida com um encolher dos nossos ombros. A necessidade de controlar as atividades um do outro simplesmente não nos passa pela cabeça.
Com 30 anos de um casamento feliz já alcançados, é óbvio que ambos estamos empenhados enquanto casal. Mas também apreciamos estar afastados e, quando isso acontece, lá vamos nós, sem olhar para trás. Acho desconcertante quando amigas minhas se encontram comigo para tomar um café e passam metade do tempo a enviar mensagens aos maridos. Meu Deus, ainda nem há 40 minutos estiveram com eles!
E houve uma vez que uma prima minha fez a sua despedida de solteira em Amesterdão e deixou que o noivo monitorizasse os seus movimentos no iPhone. Quando estávamos no exterior de uma sex shop, a imaginar se seria, ou não, divertido entrar, ela recebeu uma mensagem a dizer: "Eu sei o que estás a tramar." Deixem-me dizer-vos, eu nem ao primeiro aniversário de casamento chegaria naquela relação: demasiada servidão (e isto é sem sequer pôr um pé no melhor que o Red Light District tem para oferecer).

Outro fator a ter conta no meu caso é que eu sou mãe de filhos, o que significa que eu sou a minoria feminina em minha casa. Muitos minutos são passados pelos meus três rapazes a falar de futebol, snooker, ténis e mais futebol. Quando me queixei à minha terapeuta que me sentia de fora num mundo exclusivamente masculino, ela encorajou-me a extrair a minha energia feminina noutro sítio qualquer. E, assim, virei costas ao meu gangue de rapazes e voltei-me mais para as mulheres que adoro: amigas que se atrevem a nadar em água fria comigo, que têm prazer em mimar-se com uma pedicure e que se juntam para um Chardonnay e uma conversa.
Suponho que o cômputo geral do sucesso da minha harmonia matrimonial é a confiança mútua. Nenhum de nós é do tipo ciumento e, em todos os anos que passámos juntos, raramente nos sentimos ameaçados pela separação. Houve uma altura em que o meu marido trabalhou no estrangeiro durante semanas a fio como operador de câmara. Eu sabia que ele estava rodeado por uma equipa de todos os tipos, inclusive do género feminino – algumas das quais muito fotogénicas, mas o meu raciocínio tem sido: só me vou preocupar com isso se acontecer. E nunca ocorreu. Além do mais, as nossas reuniões, após algum tempo separados, sempre foram imensamente deliciosas.
Recentemente, vi um episódio do documentário da BBC Couples Therapy [trad. literal: Terapia de Casal]. A dra. Orna Guralnik, terapeuta do programa, disse algo acerca de a maioria dos casais precisarem de uma estratégia de escape um do outro durante uns tempos. As palavras dela tocaram-me profundamente. A nossa cláusula de dar-um-tempo está altamente sintonizada e implementada a intervalos regulares. Acredito que seja o fator mais importante a contribuir para o nosso casamento estável. E, correndo o risco de parecer presunçosa, sinto-me com imensa sorte pelo facto de o meu marido concordar que a nossa relação deva continuar uma zona livre de algemas. Viva a separação (temporária) dos cônjuges.
Anónimo/ Telegraph Media Group Ltd / Atlântico Press

Tradução: Adelaide Cabral

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