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Histórias de amor moderno. “Quando a minha melhor amiga vai fazer yoga, deixa que eu tenha sexo com o marido”

Quanto mais ela explicava, calmamente e com sentido de humor, mais razoável me começava a parecer a ideia. 

'Perto Demais' (2007)
'Perto Demais' (2007) Foto: D.R
26 de janeiro de 2023 Máxima

Naqueles anos iniciais de lua de mel, eu e o meu marido parecíamos ter uma química perfeita na cama. Mais tarde, talvez inevitavelmente, as coisas abrandaram depois de termos tido filhos. A amamentação e as noites sem dormir refrearam os meus níveis de energia e o meu apetite por intimidade, além de que, como pais recentes, estávamos demasiado exaustos para sentirmos falta das noites apaixonadas.

Só que quando os nossos três filhos começaram a ir à escola, de repente dei comigo em meados dos meus 40 anos, com muito mais tempo e energia – e desejo. De início, o meu zeloso marido satisfazia-me todos os fins de semana, mas depois a sua energia, e mesmo o seu interesse, começaram a esmorecer. Muitas vezes o cansaço, o trabalho, ou qualquer outra desculpa conveniente mete-se pelo caminho. Eu ficava aborrecida com isto e a frustração estava a desgastar-me a mim e ao nosso casamento.

Foi então que, numa noite em que saí, desabafei com a minha melhor amiga, a Sarah. Viemos a descobrir que as nossas relações eram o inverso uma da outra. Enquanto o marido dela, Dan, ainda tinha uma líbido muito vigorosa, a Sarah não sentia o menor desejo por ele. Ao longo dos anos ela havia considerado a hipótese de o deixar, porque os dois tinham-se tornado mais como irmão e irmã, mas, pelos motivos habituais – casa, finanças, filhos –, tinha decidido ficar.

Da nossa conversa não surtiram quaisquer efeitos, a princípio, mas de tempos a tempos retomávamos o assunto, de passagem, meio a brincar. Até que um dia, abri uma mensagem da Sarah no WhatsApp e quase me engasguei com a minha bebida. "Não queres dormir com o Dan? Estarias a fazer-nos um favor a ambos", sugeria ela. Presumi que ela estava a brincar e dei-lhe uma resposta de acordo com isso, mas ela rapidamente respondeu que estava a falar muito a sério. Encontrámo-nos para tomar um café.

Comecei por lhe dizer que eu, francamente não era o tipo de pessoa que entrasse neste tipo de coisas, mas a Sarah não se deixou demover. Ela pura e simplesmente não queria ter sexo com o marido, como me explicou, e preferia saber com quem ele andava do que tê-lo em busca de conforto sexual noutro sítio qualquer. Eu continuava a pensar que todo aquele plano era um bocado esquisito, mas a Sarah não achava isso – de todo –, e quanto mais ela explicava, calmamente e com sentido de humor, mais razoável me começava a parecer.

Eu não estava absolutamente nada interessada em roubar-lhe o marido – deixei isso 100% claro –, mas a ideia de ter sexo com alguém que de facto o queria fazer era extremamente apelativa. Conhecia o Dan desde que eles os dois se tinham casado e embora eu nunca me tivesse sentido atraída por ele, não havia como negar que estava em boa forma física e que parecia ser um tipo amável e simpático. Depois de passar alguns dias a pensar nisso, disse que sim.

O único problema com este excelente plano, uma vez tendo eu mudado de opinião quanto ao mesmo, era o meu marido. Eu simplesmente sabia que ele não ia alinhar nisto e não havia uma forma de abordar o assunto sem provocar uma quantidade sem fim de complicações desnecessárias. O melhor, pareceu-me a mim, era não lhe dizer de todo.

A Sarah tinha um plano todo organizado. Sugeriu que eu fosse à casa dela nos fins de tarde em que ela estava no yoga – e que dissesse ao meu marido que ia ter aula com ela. O Dan em breve aceitou também a ideia, com a bênção da Sarah e, até, o seu incentivo.

Não vou entrar aqui em todos os detalhes, a não ser dizer que funcionou, e não apenas da primeira vez, mas já ao longo de seis meses. O meu marido continua sem nada saber. No passado, tinha andado a encarar a perspetiva de um divórcio, mas todos essas ideias me desapareceram do pensamento. Com a Sarah e o Dan passa-se o mesmo. De momento, este é realmente o arranjo perfeito para todos nós. Embora eu, de facto, me sinta culpada, também me sinto tão realizada, satisfeita e feliz como há muito tempo não me sentia. E, do meu ponto de vista, isto é do interesse dos dois.

Anonymous / Telegraph Media Group Ltd / Atlântico Press

Tradução: Adelaide Cabral
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