A alegria de viver na bolha
"Esta crónica é dedicada à alegria de não se ser conhecido por absolutamente mais ninguém para além dos que realmente nos conhecem."
Há semanas, depois de assistir à comovente interpretação do actor Ivo Canelas, no monólogo Todas As Coisas Maravilhosas, de Duncan Macmillan, senti que devia plagiar o mote e começar a fazer a minha lista. Já se sabe que Dezembro e Janeiro, mesmo num ano bizarro como este que estamos a viver, são sempre meses de balanço em que tentamos organizar mentalmente, por listas ou não, o que fizemos e o que faremos. Pensei que, tal como sucede no texto do monólogo, quando somos miúdos é mesmo fácil indicarmos milhentas coisas maravilhosas, até porque ainda não nos apercebemos nem vivemos uma data de coisas feias e perigosas com que somos confrontados mais tarde na vida. Pensei como seria diferente uma lista criada por mim aos 8 anos ou agora; ou talvez não. Então, aqui vai – 10 coisas maravilhosas que desejo em 2021:
É surpreendente fazer este exercício e descobrir que não há praticamente alterações de gosto da infância até agora. E fiz este exercício também na esperança de inspirar quem me lesse a fazer o mesmo, a criar a sua lista de coisas maravilhosas. Não é uma lista de objectivos, disso estamos fartos e não nos ajuda, mas um inventário de coisas lindas, que nos animam. Como aconteceu comigo depois de ver o tal espectáculo, queria que acontecesse convosco. Acredito que é preciso encontrar beleza e alegria nas pequenas coisas e que, muitas vezes, é uma escolha decidir onde colocamos os nossos olhos — nos picos do cacto ou na sua flor.
*A cronista escreve de acordo com o Acordo Ortográfico de 1990.
*A cronista escreve de acordo com o Acordo Ortográfico de 1990.