Café em jejum: por que este hábito dispara o cortisol
A maior parte das pessoas começa o dia com uma chávena de café. Problema: sair da cama faz aumentar o cortisol e consumir cafeína, também. Esta correlação é inofensiva ou vale a pena repensar o horário da primeira dose de arábica? Lillian Barros, nutricionista, responde.
Não há terror que se assemelhe a entrar na cozinha numa manhã de inverno e descobrir que não há um grão de café em casa. Nem instantâneo, nem de cápsula, nem sequer um rebuçado de café que uma pessoa possa ir chupando enquanto corre para o supermercado, com um casacão enfiado à bruta por cima do pijama e uma pantufa num pé e uma galocha na outro – porque quem é que tem capacidade mental para se vestir antes de beber café? Se há por aí psicopatas, perdão, pessoas capazes de começar o seu dia sem uma boa dose de cafeína que sejam felizes, mas longe do caminho desta jornalista – principalmente se ela ainda não tiver emborcado uma fumegante e aromática malga.
E, no entanto, esses seres estranhos estão onde menos se espera. Esta que vos escreve juraria ser impossível juntar duas frases com sentido (muito menos para publicar) antes de atestar o depósito com arábica. Por outro lado, uma jornalista da Vogue espanhola decidiu passar a tomar o seu primeiro café do dia entre uma a duas horas depois de acordar e escreveu sobre a experiência. Porquê? Alegadamente, para regular os seus níveis de cortisol. Recuperada do choque e depois de ter implorado à sua chefia que não a obrigasse a fazer tal coisa, esta jornalista foi saber, junto da nutricionista Lillian Barros, se há alguma verdade por detrás desta ligação entre cortisol e cafeína. Há, de facto, uma hora mais indicada para tomar o primeiro café? É mesmo duas horas – Deus nos acuda – depois de acordar? Fomos descobrir.
Primeiro, convém esclarecer que o cortisol é frequente e injustamente referido como “a hormona do stress”. Sim, há uma correlação, mas o cortisol é muito mais que isso. Lillian Barros explica que “é uma hormona produzida pelas glândulas suprarrenais e está envolvida em quase tudo: energia, resposta ao stress, imunidade, pressão arterial, metabolismo e ritmo circadiano”. E continua: “Ter cortisol elevado ocasionalmente é normal – acontece quando acordamos, fazemos exercício, passamos por um stress agudo ou até quando estamos motivados para um desafio.” Para esta especialista, o problema é quando o cortisol fica “cronicamente elevado”, podendo causar “dificuldade em dormir, acumulação de gordura abdominal, redução da imunidade, aumento do apetite e compulsão, irritabilidade e fadiga, alterações na glicemia e maior risco cardiovascular”.
No meio de toda esta explicação, a nutricionista pôs o dedo na ferida: o cortisol está envolvido no ritmo circadiano, e está mais elevado quando acordamos, que é, precisamente, quando alguns de nós sentem uma necessidade urgente e irreprimível de beber café. Isso constitui um problema? De facto, Lillian Barros confirma que a cafeína estimula a libertação de cortisol: “Ao acordarmos, o nosso corpo produz naturalmente um pico de cortisol chamado Cortisol Awakening Response, que é o que nos “ativa”; se adicionarmos café exatamente nesse momento, podemos aumentar ainda mais esse pico.”
Porém, quando tudo parece perdido, há uma salvação. Duas, na verdade. Esta especialista garante, não só que “em consumidores habituais, este pico de cortisol é muito menor porque há tolerância”, como “o aumento do cortisol provocado pelo café é transitório, e não está associado, por si só, a problemas metabólicos ou de saúde”. Ainda assim, a nutricionista ressalva que “em pessoas sensíveis, ansiosas, com gastrite, refluxo ou sono frágil, [a cafeína] pode causar [alguns transtornos como]: nervosismo, palpitações, irritabilidade, tremores ou maior ansiedade logo de manhã”.
Ou seja, se nota alguma reacção adversa quando toma o seu primeiro café do dia, tenha em mente que “o cortisol está naturalmente mais alto entre 30 e 45 minutos depois de acordar”, pelo que, de acordo com Lillian Barros, uma boa estratégia a adoptar é “tomar café 60 a 90 minutos após acordar, quando o cortisol inicia a descida”. Para pessoas mais sensíveis à cafeína, esta prática traz, segundo a nutricionista, benefícios claros: “energia mais estável, menos ansiedade matinal, menor impacto no estômago, melhor ritmo circadiano, menos crash energético a meio da manhã”. Conclusão? “Isto é uma recomendação funcional, não uma regra absoluta. Para quem tolera bem café logo ao acordar, não há problema.”
Camaradas viciados, podemos respirar fundo e ir beber mais um café.
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