Coco Chanel, a imortal

Cinquenta anos após a sua morte, recordamos Gabrielle “Coco” Chanel, a mulher que revolucionou o moderno guarda-roupa feminino.

Foto: Evening Standard/Hulton Archive/Getty Images
11 de janeiro de 2021 às 08:55 Carolina Veiga

"Uma mulher tem de ser duas coisas: elegante e fabulosa", declarava Gabrielle  Bonheur Chanel, nascida a 19 de agosto de 1883, em França, e que construiu um império de moda, revolucionando a forma feminina de vestir. Uma mulher muito à frente do seu próprio tempo, Chanel libertou o corpo feminino dos espartilhos e dos atavios e redefiniu a respetiva silhueta através de uma simplicidade no corte e da quase total ausência de adornos numa época em que as mulheres eram escravas dos ditos espartilhos e dos vestidos muito pesados e adornados. Popularizou o preto como um must na moda e fora do luto. Foi uma mulher de muitos amores, mas nunca casou ou teve filhos.

Proveniente de uma família pobre, Gabrielle e a irmã foram entregues pelo pai, Albert Chanel, a um convento católico quando tinha 12 anos de idade, tendo sido educada nesse convento que funcionava também como um colégio privado destinado às meninas da burguesia, mas que acolhia crianças pobres. Chanel nunca esqueceu o uniforme preto, sem enfeites e com uma pequena gola branca que a distinguia das colegas mais afortunadas e aplicou toda essa simplicidade à moda que faria, anos mais tarde.

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"Uma mulher tem de ser duas coisas: elegante e fabulosa", declarava Gabrielle  Bonheur Chanel, nascida a 19 de agosto de 1883, em França, e que construiu um império de moda, revolucionando a forma feminina de vestir. Uma mulher muito à frente do seu próprio tempo, Chanel libertou o corpo feminino dos espartilhos e dos atavios e redefiniu a respetiva silhueta através de uma simplicidade no corte e da quase total ausência de adornos numa época em que as mulheres eram escravas dos ditos espartilhos e dos vestidos muito pesados e adornados. Popularizou o preto como um must na moda e fora do luto. Foi uma mulher de muitos amores, mas nunca casou ou teve filhos.

O caminho do sucesso

Em 1909 cria a sua própria sociedade, abrindo uma loja de chapéus, em Paris, com o apoio da irmã costureira e através do financiamento de um amante, o rico industrial têxtil Etienne Balsan. Um ano depois, abre a sua Casa de Costura no número 21 da parisiense Rue Cambon, com o apoio financeiro do seu grande amor, Arthur Edward "Boy" Capel, que morreria num acidente de automóvel antes de consumar o matrimónio com Chanel. Em 1919, após abrir as suas boutiques em Deauville e em Biarritz, inaugura a famosa loja no número 31 da Rue Cambon, onde ainda permanece como estandarte da marca Chanel. Em 1921 lança, com o maior sucesso, o mítico perfume Chanel nº5.

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Regresso triunfal

Após ter encerrado o seu negócio em França, em 1939, devido à ocupação nazi do país e, claro, de Paris, Gabrielle Chanel exila-se na Suíça, sem escapar às acusações de colaboracionismo por alegadamente ter sido amante do militar nazi responsável pela ocupação alemã da capital francesa. Contra tudo e contra todos, regressa a Paris, em 1954, já com 71 anos, reabrindo a sua loja e apresentando uma fantástica primeira coleção do pós-guerra que incluía o famoso duas peças de saia e de casaco, vulgo tailleur. A coleção é rechaçada por jornalistas, diretores de revistas de moda e compradores, não pelas criações, mas pelo ódio que os franceses lhe tinham. Mas a diretora da Vogue americana reconhece no tailleur uma peça revolucionária e elege-o como o novo uniforme da mulher urbana e moderna. Assim, Chanel é resgatada e prossegue no seu negócio, tornando-se uma figura mítica para além da Moda. La petite robe noire, o tailleur, o tweed, os botões dourados com o símbolo da Casa Chanel, os sapatos bicolores (normalmente beges e com as pontas pretas), a carteira matelassé com as alças em forma de corrente para colocar ao ombro, a orquídea-pregadeira em tecido e a bijutaria de luxo são algumas das criações de Gabrielle Chanel que perduram e que são adaptadas, ainda hoje, em múltiplas coleções de outras marcas.

O seu legado foi mantido pelo criativo Karl Legerfeld até ao seu desaparecimento, em fevereiro de 2019, e agora por Virginie Viard que anualmente renova e assina 12 coleções para a Casa Chanel. Esta mulher extraordinária e indomável também ficou imortalizada pelo petit nomde Coco, alegadamente por uma corruptela de cocotte, designação carinhosa, no seu tempo, de uma mulher bonita e elegante ou por ter interpretado num clube noturno, antes de ser conhecida, a canção Ko Ko Ri Ko. Para conhecer melhor a mulher, a vida e a obra sugerimos a leitura de Coco Chanel – The Legend and the Life, de Justine Picardie, ou ver os filmes em vídeo Coco Antes de Chanel ou Coco Chanel & Igor Stravinsky (à venda na FNAC).

Foto: Sasha/Getty Images 1 de 8 Gabrielle 'Coco' Chanel em Fauborg, St Honoré, Paris, a 30 de maio de 1929
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Foto: Evening Standard/Getty Images 2 de 8 Coco Chanel em 1932
Foto: AFP/Getty Images 3 de 8 Chanel em 1944
Foto: Evening Standard/Hulton Archive/Getty Images 4 de 8 Coco Chanel em 1962
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Foto: Charley Gallay/Getty Images 5 de 8 La petite robe noire, o tailleur, o tweed, os botões dourados são símbolos da Casa Chanel. Exposição no Fashion Institute Design & Merchandising (FIDM) Museum & Galleries em Los Angeles, na Califórnia, em 2009
Foto: Eric Feferberg/AFP/Getty Images 6 de 8 O frasco do Chanel N°5 criado em 1921. No Palais de Tokyo, em Paris, a 3 de maio de 2013
Foto: Stephane de Sakutin/AFP/Getty Images 7 de 8 A carteira matelassé com as alças em forma de corrente para colocar ao ombro e os sapatos bicolores (normalmente beijes e com as pontas pretas) são algumas das criações de Gabrielle Chanel que perduram e que são adaptadas, ainda hoje, em múltiplas coleções de outras marcas. Exposição no Palais Galliera, em Paris, a 10 de julho de 2014
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Foto: Francois Guillot/AFP/Getty Images 8 de 8 O seu legado é mantido pelo criativo Karl Legerfeld que anualmente renova e assina 12 coleções para a Casa Chanel
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Com uma lucidez sem par, Coco Chanel compreendeu o ritmo e aspirações das mulheres do século XX. Mais de 50 anos após a sua morte, o Victoria & Albert Museum, em Londres, dedica-lhe uma exposição retrospetiva, mas cheia de intrigantes novidades.

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