Não posso apanhar sol? Mitos e cuidados sobre doentes oncológicos
As peles expostas a tratamentos contra o cancro, durante e após os mesmos, necessitam de proteção redobrada nos dias mais quentes do ano. Mas quais exatamente? A Máxima conversou com uma especialista sobre o tema.

Com a chegada do verão e o aumento das temperaturas, vem também a necessidade de nos protegermos ainda melhor dos raios solares, nocivos para o organismo e capazes de aumentar o risco de cancro. Enquanto os UVB são conhecidos por causar queimaduras e também por contribuir para o bronze, os UVA provocam o envelhecimento prematuro da pele. No entanto, isto não quer dizer que estejamos estritamente proibidos de apanhar sol – até porque ele tem os seus benefícios –, doentes oncológicos incluídos.
"Um dos maiores mitos [sobre os doentes oncológicos e os raios solares] é que a pessoa com doença oncológica não pode apanhar sol. Efetivamente, estará mais sensibilizada, e como tal, deverá ter todos os cuidados de proteção reforçados", começa por desmistificar Liliana Campos, Medical & Partnerships Development Manager dos laboratórios dermatológicos da Uriage Portugal, em entrevista à Máxima. Ora, as recomendações para uma pessoa saudável são semelhantes em todas as fases da vida e durante o ano inteiro: a exposição solar deve ser gradual nas horas de menor calor (das 9h às 11h, e a partir das 16h); deve-se utilizar vestuário adequado com óculos de sol e chapéu; tirar o maior partido da sombra e minimizar a exposição solar direta, aconselha a especialista. "Não esquecer a aplicação generosa de protetor solar com índice elevado (2 mg por centímetro quadrado de pele) e a reaplicação de duas em duas horas. No caso do doente oncológico, todas estas recomendações deverão ser reforçadas."

Mas não é apenas o protetor que é essencial, os produtos usados na rotina também o são, especialmente quando se trata de peles expostas a tratamentos para combater o cancro. "A pele é o maior órgão do nosso corpo e atua como uma barreira protetora. Além da sua função biológica, é um órgão com função social e uma via de comunicação. Por esse motivo também está associada ao nosso bem-estar e autoestima. Como tal, é importante cuidarmos dela", explica a especialista.

"Numa situação de maior fragilidade, como os tratamentos oncológicos, a importância aumenta, bem como o uso adaptado dos cuidados diários", de forma a promover um maior conforto, bem-estar e qualidade de vida ao paciente. "Durante os procedimentos médicos, a pele sofre alterações devido à capacidade que estes têm de destruir células neoplásicas. Desta forma, provocam uma maior toxicidade levando a alterações ao nível cutâneo, mas também do cabelo, das unhas e mucosas", como xerose cutânea (secura), fissuras, descamação, rash cutâneo (exantema), prurido, alopecia, radiodermite, fotossensibilidade, hipossensibilidade (sensibilidade escassa) ou hipersensibilidade (sensibilidade extrema), secura das mucosas, entre outras.

Rotina diária e ingredientes a evitar
A escolha de bens dermocosméticos adequados durante e após os tratamentos oncológicos é uma preocupação acrescida, pois existe uma lista de ingredientes proibida nestes casos, presente em cremes, protetores solares ou maquilhagem. "Devem ser evitados produtos com perfume, parabenos, retinóides e AHA (grupo de ácidos esfoliantes), óleos essenciais e sais de alumínio que podem ser irritativos."
As gamas Xémose e Toléderm da Uriage são ideais para estas situações, pois estão destinadas a uma pele sensível com patologia associada, e contam com a água termal da marca como base, um ingrediente ativo com ação calmante, hidratante, antioxidante, anti-inflamatória e com capacidade de reequilibrar o microbioma do órgão.


Mais em pormenor, "a gama Toléderm destina-se a uma pele intolerante e hiper-reativa, normalmente referida como aquela que 'não suporta nada' e com sintomas como sensação de repuxar, ardor e picada, associados a uma maior secura cutânea", clarifica Liliana Campos. Ao restaurar a barreira lipídica, limitar a penetração de fatores irritantes e promover um controlo dos neurorecetores na sensibilidade cutânea, irá então minimizar a sensação de ardor e desconforto do paciente.


Já a gama Xémose está indicada para peles secas com tendência atópica. "A Xerose cutânea exige a necessidade de cuidados nutritivos e hidratantes como a ação anti-inflamatória e antiprurido. O seu objetivo é proporcionar conforto e atenuar os efeitos associados a esta patologia inflamatória."


De referir ainda que a utilização de produtos adequados antes do início dos tratamentos irá prevenir alguns dos efeitos secundários cutâneos, "uma vez que uma pele hidratada, nutrida e protegida previamente irá tornar-se mais resistente à agressão de ambos". Após o término, a especialista recomenda a continuação do uso dos produtos, uma vez que ainda poderão existir alterações cutâneas no paciente, como a xerose e a fotossensibilidade. "Deverá ser sempre aconselhado pelo seu médico oncologista, dermatologista e enfermagem para gerir os efeitos secundários cutâneos dos tratamentos", alerta por fim.
