Beleza / Wellness

Como preservar a pele durante e após o tratamento de cancro

Segundo a Liga Portuguesa Contra o Cancro, no mundo inteiro, milhões de pessoas vivem com o diagnóstico de cancro. É importante saber como lidar com a sua pele após os vários tratamento que realiza. Falámos com uma farmacêutica para esclarecer as questões primárias.

Foto: Freepik
26 de maio de 2023 Vanda Carreto / Com Rita Silva Avelar

Regularmente são estudadas novas formas de prevenir, detetar e tratar da melhor maneira o cancro, pensando sempre no futuro e na qualidade de vida do doente. Por vezes, não são controláveis os efeitos secundários que podem existir. Existem diversos tratamentos para os casos de cancro, cirurgias, radioterapias e quimioterapias são os que mais ouvimos falar. Nestes, a pele acaba por ser frequentemente afetada e fica mais sensível precisando de uma atenção e de um cuidado redobrado. Conversámos com a farmacêutica Ana Santos, da marca Avène, de forma a perceber melhor os cuidados que um doente oncológico deve ter. 

Farmacêutica Ana Santos.
Farmacêutica Ana Santos. Foto: Ana Santos

O que é o melanoma?

Melanoma é o tipo de cancro de pele mais grave. Tem início numas células designadas por melanócitos, responsáveis por produzir a melanina, o pigmento que confere à pele a sua cor natural. Quando nos expomos ao sol, os melanóticos são estimulados e produzem mais melanina, dando origem ao tom bronzeado que muitos procuram no verão.

Só que neste caso representa algo nocivo...

Sim, por vezes, estas células degeneram e tornam-se malignas. A incidência de melanoma e de outros tipos de cancros de pele tem vindo a aumentar nos últimos anos, muito devido à exposição solar irresponsável. Segundo dados do Registo Oncológico Nacional, a taxa de incidência de melanoma em Portugal é de 1000 novos casos por ano e esta taxa tem vindo a aumentar ano após ano, assim como a taxa de mortalidade causada por este tipo de cancro. É por isso muito importante investir em programas de prevenção eficazes e que consigam chegar a toda a população, já que boa parte dessa prevenção está do lado da população: evitar uma exposição solar frequente e repetida principalmente entre as 11h e as 17h, aplicar protetor solar (SPF 50), usar óculos de sol, chapéu e vestuário adequado que cubra parte do corpo, não utilizar solários e, claro, estar atento a qualquer alteração na pele fazendo o auto-exame. Em caso de suspeita, consultar um médico dermatologista, já que a deteção atempada e o diagnóstico precoce do cancro de pele são essenciais para o sucesso do tratamento.

Porque é que é tão importante os doentes oncológicos cuidarem das zonas de corpo mais afetadas pelos tratamentos?

É muito importante que, o doente oncológico, independentemente do tipo de cancro diagnosticado, cuide da sua pele em geral tomando medidas de higiene e hidratação adaptadas à condição de pele. Podem existir determinadas zonas específicas que, por se tratar de zonas mais sensíveis ou porque são zonas, por exemplo, irradiadas no caso de tratamentos de radioterapia, devem ser alvo de maior atenção já que uma irritação, uma queimadura ou outro tipo de lesão podem levar à impossibilidade de seguimento com o tratamento. Por outro lado, está comprovado que o autocuidado promove uma melhoria da autoestima e da qualidade de vida, dois fatores extremamente relevantes nos processos de tratamento da doença oncológica.

Como podem os doentes perceber se são alérgicos a algum tipo de produto?

Da mesma forma que qualquer outra pessoa, seja ou não doente. Geralmente uma reação alérgica cursa com edema, prurido, erupções cutâneas e desconforto em geral no local de aplicação do produto. É sempre aconselhável que, caso haja algum historial ou suspeita de alergias conhecidas, o produto seja testado numa pequena quantidade em uma zona limitada do corpo ou rosto durante 1 ou 2 dias seguidos. De qualquer forma, no caso específico do doente oncológico, deve privilegiar-se produtos formulados para a pele sensível, testados em pele alérgica e com garantias de segurança e eficácia comprovadas dermatologicamente (…).É preciso entender que, durante o processo de tratamento da doença oncológica, a pele torna-se mais seca, podendo essa secura causar muito desconforto, comichão e ardor.

Como podem saber qual o produto mais indicado para a sua pele?

De uma forma geral, os produtos formulados para a pele muito sensível, reativa e alérgica, ou mesmo os produtos indicados para a pele muito seca e com prurido, estão aconselhados para o doente oncológico. Estas gamas são geralmente formuladas tendo em conta a especificidade e condição de pele a que se destinam. Por este motivo são um bom indicador de segurança para o doente.

Se tiverem alguma reação alérgica, o que devem fazer?

No caso de existir alguma reação alérgica o doente deve suspender de imediato a utilização do produto suspeito e consultar a equipa clínica que o acompanha. 

O que não devem de todo colocar por cima de cicatrizes? E o que devem?

As cicatrizes são parte da memória visível que fica de um período marcado pela angústia do momento e a incerteza do futuro. É por isso natural que exista uma preocupação legítima por parte do doente em querer eliminar essa marca. É importante explicar ao doente que, o processo de cicatrização pode durar até 2-3 anos, dependendo da extensão e profundidade da lesão, da condição de saúde ou de outros fatores internos ou externos. De uma forma geral, a aplicação de produtos cosméticos de reparação cutânea com ingredientes ativos que aceleram o processo de cicatrização e silicone são os mais indicados. No entanto, a aplicação com massagem é fundamental para conseguir uma cicatriz o mais ténue possível. É por isso que texturas em gel ou óleo são as preferenciais já que permitem uma aplicação mais confortável.

Deve-se ou não lavar o corpo com sabonetes em barra ou líquidos?

A higiene adaptada à pele sensível é fundamental. A cosmética sólida ou líquida é uma preferência pessoal. O importante é privilegiar fórmulas suaves, com pH fisiológico, sem sabão e, de preferência, sem perfume e com texturas cremosas facilmente enxaguáveis.

Porque é que os produtos da marca Avène são indicados para cuidar de peles mais sensíveis? Têm algum componente especial?

A marca Eau Thermale Avène dedica-se há mais de 30 anos à pele sensível. A água termal de Avène é uma água comprovadamente suavizante e dessensibilizante, por mais de 120 estudos, entre os quais 50 estão publicados em revistas científicas. É esta água, presente em todos os produtos da marca, a principal responsável pelo desenvolvimento e inovação de vários ingredientes ativos patenteados e que estão presentes nas gamas adequadas à condição de pele do doente oncológico. Na Eau Thermale Avène, os ingredientes ativos são selecionados criteriosamente para que sejam bem tolerados mesmo pela pele mais sensível e todas as formulações são concebidas tendo em conta a minimização de ingredientes. Adicionalmente, a experiência de utilização da marca de vários anos em doentes oncológicos que procuram a Estação Termal de Avène para melhorar a sua condição de pele, permite-nos afirmar com convicção que não só são produtos indicados para esta condição de pele, como são muito bem tolerados e eficazes na melhoria da qualidade da pele.

É recomendável usar qualquer maquilhagem durante os tratamentos ou tem de ter alguns ingredientes em particular?

O uso de maquilhagem durante os tratamentos oncológicos não está de todo contraindicado, desde que seja essa a vontade do doente e que esteja adequada à condição de pele. Maquilhagem hipoalergénica, não comedogénica, testada em pele sensível e com fator de proteção solar é a mais adequada e segura para utilização durante um período mais frágil. A escolha criteriosa dos ingredientes que constituem estes produtos, permite garantir a segurança de utilização por doentes oncológicos. Mas é também importante garantir que os produtos são corretamente aplicados.

Maquilhagem com proteção solar é suficiente ou deve-se sempre aplicar protetor antes de qualquer produto?

A utilização de proteção solar durante os tratamentos oncológicos é fundamental para a manutenção de uma pele saudável e livre de lesões causadas pelo sol. É preciso entender que muitos dos tratamentos utilizados são fotossensibilizantes, por isso, é crucial a aplicação de protetor solar sempre que haja contacto com o sol, seja num passeio à beira mar, a fazer jardinagem ou até a ler um livro à janela num dia solarengo já que os raios UVA atravessam o vidro. É também importante que o protetor solar seja reaplicado a cada 2 horas em caso de exposição solar permanente e respeitar a quantidade recomendada. O Intense Protect SPF 50+ é o protetor solar que indicamos durante a fase de tratamento. Se o doente pretender aplicar maquilhagem, deve fazê-lo sempre após a aplicação do protetor solar. O facto é que nem sempre estas rotinas são fáceis para os doentes.

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