À medida que o progresso tecnológico acelera, as respostas da ciência para o envelhecimento multiplicam-se. Mas as ameaças também aumentam. Terá a investigação encontrado soluções para as diferentes causas dos danos, inclusivamente as provenientes da poluição tecnológica? Fomos confirmar.
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09 de julho de 2020 às 07:00 Carolina Silva
A puberdade é uma idade delicada. Alterações hormonais, exacerbação das glândulas sebáceas, poros dilatados, borbulhas evidentes, emoções à flor da pele… E tudo o que se passa no seu interior contém um fator psicológico associado, refletindo-se inevitavelmente na autoestima e na confiança. As idas ao dermatologista tornam-se frequentes, sobrepõem-se tratamentos demorados de aplicação tópica, incluem-se suplementos e espera-se que o processo de cicatrização seja generoso e eficaz o suficiente para não deixar marcas no rosto. Mas a história não acaba aqui.
O que muitos dermatologistas deixam de fora é que a puberdade pode não ter um fim assim tão pacífico e que as hormonas e a genética não são os únicos culpados de uma pele desequilibrada. A entrada nos 20 anos pode acontecer com uma pele mais equilibrada, mas o excesso de oleosidade, provavelmente, irá perdurar por muitos mais anos devido às flutuações hormonais e, em paralelo, as consequências das provações da década anterior começam a manifestar-se. As cicatrizes, as pequenas dilatações dos vasos sanguíneos ou manchas tornam-se visíveis com o passar do tempo. E a verdade é que as peles oleosas também podem estar desidratadas. Aliás, a desidratação cutânea é uma condição mutável e transversal a todos os tipos de peles e de idades.
No reverso da medalha, as questões não são propriamente mais simples. Sendo a pele o maior órgão do corpo, é natural que a maioria das mulheres (e dos homens) tenha alguma condição de pele que gostaria de ver tratada e corrigida, independentemente da sua tipologia. As peles secas debatem-se com questões como a rosácea ou a psoríase, a sensibilidade é cada vez mais registada pelos especialistas, assim como os eczemas, as manchas e os sinais. E a lista poderia continuar.
De acordo com a Academia Americana de Dermatologia, cerca de 85 milhões de pessoas sofrem de doenças de pele nos Estados Unidos, um termo que abrange das condições mais suaves às mais graves. E para cada problema surgem diversas soluções. Na verdade, deparamo-nos hoje com mais problemáticas de pele do que há 30 anos, quando as prateleiras das perfumarias tinham pouco mais do que um creme para cada idade. A pele oleosa, apesar de mais propensa às faixas etárias mais jovens, também pode pertencer a uma mulher de 40 anos e a sensibilidade pode começar desde cedo, resultando de inflamações na pele dos mais pequenos. Uma ruga pode ser visível aos 25 anos enquanto para outros só se torna óbvia depois dos 35 e, aliás, dependendo das hormonas e do estilo de vida, as fases da pele podem ser muito distintas à medida que vamos envelhecendo.
Estas questões são cada vez mais preocupantes e muitas resultam das novas ameaças para a qualidade da pele. Num planeta cada vez mais poluído, as consequências da exposição às partículas poluentes e aos aparelhos eletrónicos têm agitado a comunidade científica, sendo apontadas como uma das causas para o aumento dos problemas de pele. E, à medida que a pesquisa avança, vão surgindo respostas cada vez mais eficazes. Apesar de cada vez mais presente, a questão não é propriamente nova. No início dos anos 90, a Clarins lançou o seu primeiro complexo antipoluição atmosférica, dando o alerta para um problema crescente que só ganhou dimensão mais recentemente.
Turnover dos 30Nas grandes metrópoles há mais mulheres a engravidar entre os 30 e os 34 anos do que em qualquer outra faixa etária. É certo que esta etapa da vida pode acrescentar à pele um glow bonito, proveniente de um aumento saudável de produção de estrogénio e de progesterona, mas há outras consequências que poderão ser menos simpáticas. Independentemente da gravidez, nesta década a pele começa a tornar-se mais seca e a perder luminosidade. A "frescura" dos 20 anos dissipa-se à medida que os níveis de colagénio, elastina e ácido hialurónico diminuem e como consequência da perda de espessura da epiderme. Rosácea e sensibilidade são problemas que se podem intensificar, nesta altura.
O que fazer: Coloque de lado os produtos de limpeza com espuma, utilize uma essência como base do seu processo de hidratação e evite todos os agentes potencialmente irritantes para a pele. Faça esfoliações semanais para normalizar a barreira de proteção da pele e estimular a renovação celular. Aposte em ingredientes, como o ácido kojico e a vitamina C, aumente a proteção solar e escolha retinoides para reduzir as rugas. Proteja os olhos e faça uma máscara semanal.
Dos anti-UV aos antipoluiçãoUVB, UVA, luz azul, infravermelhos… As fontes de luz que danificam a pele já não se resumem às provenientes do sol. Começando por essas, está provado que os raios UVA longos são os responsáveis por 95% dos danos provocados na pele. São os que estão presentes durante todo o ano, faça sol ou não, e em qualquer latitude. Adicione-se à equação os raios UVB e os infravermelhos, mais recentemente identificados como os que enfraquecem a primeira linha de defesa da pele, ou seja, a sua barreira de hidratação. Investigações recentes mostram que estes raios provenientes também do sol contribuem para o envelhecimento da pele, criando radicais livres que podem destruir o colagénio existente e diminuir a capacidade natural da pele de restabelecê-lo. A poluição é outro fator a ter em consideração, principalmente sabendo-se que dois terços da população mundial vivem em cidades e que, segundo a Organização Mundial de Saúde, 92% respiram um ar de má qualidade. Um estudo publicado no Journal of Investigative Dermatology comparou mulheres que viveram em áreas urbanas e rurais, durante um período de 24 anos, e concluiu que as primeiras revelaram mais manchas e rugas. Sabendo que o sol não é o único responsável por estes sinais do envelhecimento, verificou-se rapidamente que a poluição é um dos grandes inimigos da pele. Como? Algumas partículas poluentes chegam a ser 20 vezes mais pequenas do que os poros, penetrando facilmente na pele. Esta situação em particular pode ser prevenida com uma limpeza adequada e diária e com a utilização de antioxidantes.
O envelhecimento digitalPoderá ser ainda mais chocante saber que o ar dos interiores chega a ser cinco a dez vezes mais poluído do que o ar exterior. As tintas, os produtos de manutenção, os eletrodomésticos, as velas e as luzes dos aparelhos digitais são inimigos da pele que têm sido negligenciados nos últimos anos, mas a ciência debruçou-se mais recentemente sobre o tema, encontrando soluções para proteger a pele desta ameaça. A exposição excessiva à luz azul dos ecrãs de smartphones, de tablets e das televisões está comprovadamente ligada ao aceleramento do envelhecimento cutâneo por desencadear o seu stress oxidativo. Juntemos as "novas" rugas das millennials, como as do pescoço (devido ao excesso de concentração nos telemóveis), e saberemos que está na altura de procurar um produto específico. São cada vez mais os escudos antiluz azul existentes no mercado que protegem contra a poluição interior e exterior. Procure-os e conjugue-os com movimentos de yoga facial para treinar os músculos do rosto e do pescoço.
O que é a luz azul?Emitida pelas luzes LED dos ecrãs, segundo Nadine Pernodet, diretora científica da Estée Lauder, "a luz azul faz parte da luz visível". E acrescenta: "Ela penetra profundamente. Os seus efeitos negativos sobre a pele não se refletem durante o dia, mas sim à noite. Perturba os ritmos naturais, diminui a produção de melatonina e a qualidade do sono, o que interfere diretamente na qualidade da pele."
A solução:Banir as televisões, tablets e iPhones do seu quarto, de modo a evitar olhar para ecrãs antes de dormir. Aplique no rosto produtos específicos de noite ricos em ingredientes antioxidantes, anti-inflamatórios e desintoxicantes.
Os programas-curaAs alterações hormonais, o stress e um estilo de vida menos equilibrado podem provocar desequilíbrios imediatamente visíveis na pele. Os tratamentos de cura e os peelings são as soluções perfeitas para uniformizar a tez quando esta está baça e irregular. Em casa ou em consultório. Andrea Hollander, formadora da Mesoestetic, sublinha a importância de investigar o produto de aplicação em casa: "Existem vários produtos com ação peeling (que promovem a remoção das células mortas na superfície da pele) que poderão ter grânulos (esfoliantes mecânicos ou físicos), ser enzimáticos (com enzimas bromelina e papaína) e que são mais suaves, bem como peelings químicos com baixas concentrações (superficiais)." Os peelings realizados em consultório normalmente possuem outro alcance de profundidade na pele, dependendo do objetivo do tratamento realizado. Afirma Andrea Hollander que um não exclui o outro: "Devemos utilizar, uma vez por semana, um produto de peeling adequado ao nosso tipo e estado de pele. Desta forma estamos a remover células mortas, estimulando a sua renovação e a pele fica mais recetiva aos produtos de tratamento diários, potenciando os resultados seja em casa, seja em consultório. Realizar ciclos de peelings promoverá sempre muitos benefícios para manter o aspeto rejuvenescido, tornar a pele mais recetiva aos produtos de manutenção, melhorar a microcirculação e aumentar a síntese de colagénio e de elastina." Adverte ainda que nos casos das peles com acne a prescrição poderá variar.
O it-facialAtenção a todos os gurus de beleza: veneno de abelha, colostro açoriano e leite de burra são os ingredientes dos novos tratamentos do Spa do Ritz Four Seasons, em Lisboa. Com assinatura da marca Ignae Skincare, o Facial Hidratação e Rejuvenescimento é adaptado às necessidades do tipo de pele e irá aplicar uma de duas máscaras faciais: a máscara de assinatura da Ignae com Veneno de Abelha e Argila ou a Máscara de Leite de Burra. A Máscara Facial com assinatura da Ignae é unicamente composta por argila, ácido lactobiónico, veneno de abelha e água termal dos Açores. Rica em nutrientes e contendo propriedades regenerativas, esta poderosa combinação foi desenhada para purificar, dar firmeza e brilho à pele, deixando-a visivelmente mais macia e com uma aparência jovem (50 minutos, €180).
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Estima-se que em Portugal surjam mais de 10 mil novos casos anuais de melanoma que, se detetados atempadamente, podem ser prevenidos. No mês de alerta para o melanoma, e às portas do verão, falámos com Leonor Girão, dermatologista, sobre o tema.