Principe André vai a tribunal e fala pela primeira vez de caso de assédio
Seis meses depois de Viriginia Giuffre ter inicado uma ação judicial contra o príncipe André, ambas as partes chegam a um acordo.
Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein, declarou-se inocente de oito acusações de tráfico sexual e todos os outros crimes de que estava acusada, incluindo dois de perjúrio. Caso seja considerada culpada, a socialite de 59 anos enfrenta uma pena de 80 anos.
A acusação defende que, entre 1994 e 2004, Maxwell ganhou a confiança de várias raparigas oferecendo-lhes presentes e encorajando-as a massajar Epstein enquanto estavam total ou parcialmente nuas e que sofreram vários abusos sexuais. De acordo com a revista Forbes, "as vítimas sentiram-se em dívida e acreditaram que Maxwell e Epstein estavam a tentar ajudá-las", escreveram os procuradores encarregados do caso. Em alguns casos, Maxwell "esteve presente e participou no abuso sexual de vítimas menores", diseram. Contudo, sabemos que não é apenas o nome de Maxwell que é alvo de escrutínio e acusações, é também o de príncipe Andrew, o segundo filho de Isabel II.
Foi entre a década de 90 e 2000, após o seu divórcio de Sarah Ferguson, que Andrew se tornou uma figura habitual no círculo de Maxwell e de Epstein. Em 2001, poucos meses depois de uma festa dada por Donald Trump, a relação entre o casal e o príncipe britânico ter-se-ia notado verdadeiramente íntima, o suficiente para que Maxwell alegadamente o introduzisse nas atividades criminais do casal, avançou a Forbes.
Virginia Giuffre, uma das vítimas do trio, declarou várias vezes ter sido uma das "escravas sexuais" de Epstein, entre os 14 e os 17 anos, período durante o qual terá sido forçada a ter relações sexuais com o príncipe Andrew. Tudo terá começado quando a então namorada de Epstein conheceu Giuffre na mansão de Donald Trump em Mar-a-Lago, EUA, onde o pai desta trabalhava como chefe de manutenção. De acordo com a jovem de 38 anos, o duque de Iorque agrediu-a sexualmente em várias ocasiões - quando tinha apenas 17 anos - uma delas em casa de Ghislaine Maxwell, e outra na mansão de Epstein, em Nova Iorque.
"Estou a responsabilizar o princípe Andrew pelo que fez comigo. Os poderosos e ricos não estão isentos de serem responsabilizados pelas suas acções. Espero que outras vítimas vejam que é possível não viver em silêncio e medo e recuperar a própria vida exigindo justiça", disse em comunicado. "Não tomei esta decisão de forma leve. Como mãe e esposa, a minha família vem em primeiro lugar, sei que esta ação me sujeitará a mais ataques do príncipe Andrew, mas se não o fizesse estaria a dececionar todas as vítimas", acrescentou.
Numa entrevista dada à BBC, no final de 2019, o duque de York disse que não sabia nada sobre a alegada vítima e que nunca tinha tido relações com a mesma. Contudo, esta declaração provou-se falsa quando a juíza Loretta Preska desclassificou o documento que mostra que o mesmo escreveu a Maxwell a pedir informações sobre Giuffre.
Com as presentes acusações, não é de estranhar que a família real britânica se sinta aliviada por Giuffre não ser uma das testemunhas no julgamento de Maxwell. Contudo, isto não quer dizer que o filho de Isabel II esteja livre de julgamento, pois Giuffre processou-o por danos não especificados, em agosto, o que o deverá levar aos tribunais.
Segundo consta, não existe ainda confirmação sobre se as quatro testemunhas conheciam o duque de York, embora o mesmo frequentasse regularmente as propriedades de Epstein, também de acordo com a Forbes. Porém, para tais situações sejam mencionadas em julgamento, a presença do duque nestes locais precisa de ser comprovada com provas materiais. Outro fator que o torna uma "presa vulnerável" está relacionado com o facto dos procuradores e/ou testemunhas confirmarem partes da história de Giuffre que ficaram por confirmar, tal como a orgia na qual a mesma foi obrigada a participar, na ilha de St. James, com o principe Andrew e um um grupo de jovens estrangeiras sem nome, recrutadas e trazidas de avião por Maxwell e Epstein.
Este é um ponto fundamental no julgamento de Maxwell e para o futuro do membro da família real, tendo em conta que Denise George, procuradora das Ilhas Virgens, dos EUA, requisitou recentemente todos os registos de voo de Epstein para determinar quem estava, de facto, na ilha com as meninas.
Além disso, o mordomo de Epstein em Palm Beach, Juan "John" Alessi, tinha alegado anteriormente, a propósito do processo por difamação de 2016 de Virginia Giuffre contra Maxwell, que as visitas do príncipe Andrew à propriedade eram mais frequentes do que se pensava. Ele "passou semanas connosco" e "tinhas massagens diárias", afirmou Alessi.