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Celebridades

Quem é Ghislaine Maxwell, a “madame” que trabalhava para Jeffrey Epstein

Após a morte do magnata acusado de liderar uma rede de tráfico sexual de menores, as autoridades norte-americanas poderão focar-se nos cúmplices. As vítimas pedem a continuação das investigações e desejam que estes também enfrentem a justiça.

Foto: Joe Schildhorn/Patrick McMullan via Getty Images
13 de agosto de 2019 às 15:15 Aline Fernandez

O caso contra o milionário nova-iorquino Jeffrey Epstein, o milionário acusado de tráfico sexual de menores, terminou com a sua morte, no último sábado, a 10 de agosto, um aparente suicídio na cela da prisão de alta segurança onde aguardava julgamento, em Manhattan. Felizmente, algumas das vítimas que acusaram Epstein solicitaram à justiça dos Estados Unidos da América que não encerrem as investigações – pedido que foi apoiado e reforçado por políticos do mesmo país. Com a continuação das denúncias, uma das principais suspeitas de conspiração é a ex-namorada e amiga de Epstein Ghislaine Maxwell. Ao que tudo indica, a socialite inglesa de 57 anos teve um papel fundamental no recrutamento de raparigas menores para serem abusadas por Jeffrey e outros homens. E de acordo com o jornal The Washington Post, as autoridades estão a ter dificuldade em localizá-la.

Maxwell era referida pelas adolescentes aliciadas como a "madame". Era ela quem alegadamente ia buscar as jovens a liceus e deixá-las em spas ou na casa de Epstein. Era também Maxwell quem organizava os horários das massagens, que viriam a ser o ponto de partida para os abusos sexuais na maior parte das vezes.

Os casos de exploração sexual não são de hoje. Na década de 1990, aos fins de semana, Maxwell voava constantemente para a ilha particular de Epstein, nas Caraíbas. Segundo a revista Vanity Fair, ela até tirou uma licença para conduzir helicópteros de forma a poder transportar qualquer pessoa sem ter de recorrer a pilotos. Uma amiga da socialite afirmou à mesma publicação que acreditava que ambos, Ghislaine e Jeffrey, filmavam quem fosse à ilha como garantia para depois, se necessário, usar como chantagem. A mesma fonte que fez declarações à Vanity Fair afirmou que a tática de manipulação de Maxwell implicava dizer às raparigas que estas iriam ganhar muito dinheiro, conhecer muitas pessoas influentes e que mudariam de vida. "Ghislaine estava apaixonada por Jeffrey da mesma forma que estava apaixonada pelo pai [Robert Maxwell, empresário da comunicação]. Ela sempre pensou que se fizesse mais uma coisa por ele, que o agradasse, ele casaria com ela", declarou à publicação, reforçando: "Quando lhe perguntei o que achava das raparigas serem menores de idade, ela olhou para mim e disse: 'Elas não são nada, essas miúdas. Elas são lixo'".

Vale a pena lembrar que as suspeitas deste ano contra o multimilionário não levantaram dúvidas, já que, em 2008, Jeffrey fez um acordo que lhe permitiu cumprir uma sentença de apenas 13 meses com seis dias por semana fora da prisão – para que pudesse trabalhar –, acolhido pelo procurador de Miami, Alex Acosta. Acosta era Secretário do Trabalho da administração de Donald Trump, e acabou por pedir demissão após o caso de facilitação ter sido divulgado pelo jornal Miami Herald, reforçando que o atual presidente dos EUA fazia parte do círculo de pessoas influentes de Epstein.

Donald Trump, Melania Trump, Jeffrey Epstein e Ghislaine Maxwell no clube Mar-a-Lago, em Palm Beach, Flórida, a 12 de fevereiro de 2000
Donald Trump, Melania Trump, Jeffrey Epstein e Ghislaine Maxwell no clube Mar-a-Lago, em Palm Beach, Flórida, a 12 de fevereiro de 2000 Foto: Davidoff Studios/Getty Images

Há 11 anos, Ghislaine Maxwell saiu ilesa do escândalo e não foi acusada de envolvimento em qualquer crime. Mas este ano, uma das mulheres que acusou Epstein, Virginia Giuffre, indicou o papel fundamental de Maxwell na rede criminosa, o que a socialite classificou-o como "totalmente mentira". Porém, Virginia moveu um processo contra Ghislaine após esta declaração – caso que foi resolvido em 2017 com acordo. E foi por causa desse mesmo processo que muitos documentos vieram a público este mês, com uma série de depoimentos pormenorizados sobre os métodos de angariação de menores, o nível de abuso das mesmas e até os nomes de outros homens que participavam no esquema.

Coincidentemente ou não, as revelações surgiram na véspera do dia em que o corpo de Epstein foi encontrado. "O suicídio de Epstein não foi uma coincidência", afirmou Sigrid McCawley, advogada de Virginia Giuffre, numa declaração enviada à imprensa norte-americana e reforçou: "O processo não deveria acabar com o suicídio cobarde e vergonhoso de Jeffrey Epstein." Uma das principais razões que fazem acreditar que as investigações não terminarão é que é sabido que ainda há documentos com mais depoimentos sob sigilo da justiça, e que ainda não se sabe se serão ou não divulgados.

Se depender do procurador de Manhattan, Geoff Berman, o caso manter-se-á aberto, ampliando a investigação àqueles que possam ter contribuído para esta rede de abusos sexuais. "A todas as jovens corajosas que já deram a cara e a muitas outras que o venham a fazer, reitero que continuamos empenhados para que a nossa investigação da conduta que está na acusação – que inclui o crime de conspiração – continue", escreveu no documento publicado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América, o mesmo que confirmou a morte de Jeffrey Epstein.

Jeffrey Epstein e Ghislaine Maxwell em Nova Iorque, a 15 de março de 2005
Foto: Joe Schildhorn/Patrick McMullan via Getty Images
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Carol Mack, Jeffrey Epstein e Ghislaine Maxwell em Nova Iorque, a 16 de maio de 1995
Foto: Patrick McMullan via Getty Images
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Com Jay McInerney e Brooke Geahan numa gala de beneficiência para a Alzheimer's Association Rita Hayworth no Waldorf Astoria, em Nova Iorque, a 26 de outubro de 2010
Foto: Marc Dimov/Patrick McMullan via Getty Images
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Numa conferência em Nova Iorque, a 20 de setembro de 2013
Foto: Paul Zimmerman/WireImage
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