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Beleza / Wellness

Como reforçar o sistema imunitário já (e combater o coronavírus)

As dúvidas e os receios acerca do Covid-19 podem levar a pesquisas frenéticas sobre o novo coronavírus, de todos os prismas possíveis – na internet. Quando se trata do sistema imunitário, saiba o que funciona e o que não passa de desinformação.

Foto: Polina Tankilevitch / Pexels
03 de novembro de 2020 às 18:14 Rita Silva Avelar

notícias nacionais e internacionais, comunicados de organizações de saúde e fontes de informação credíveis. Mas também há comentários nas redes sociais, tweets de "pseudomédicos", áudios a circular em grupos da aplicação WhatsApp em que não podemos confiar. No meio de tanta informação, e como em tudo o que se propaga no admirável mundo digital, também se espalha desinformação e as chamadas "fake news". Falamos à luz da atualidade, quanto ao tema na ordem do dia: o coronavírus Covid-19, que começou na cidade chinesa de Wuhan, Hubei, e que neste momento já infetou mais de 100 pessoas em Portugal e milhares no mundo.

Um dos tópicos mais questionadas é: como posso prevenir o contágio? Além de todas as medidas já reforçadas, como lavar as mãos com regularidade e da forma correta, usar desinfetante e evitar tocar no rosto com as mãos se sair à rua, também pode deixar de lado os maus hábitos – como fumar – e reforçar os bons. O sistema imunitário pode, efetivamente, ser reforçado a qualquer altura. Como?

Primeiro, o sistema imunitário é composto por uma complexa rede de células, órgãos e tecido que trabalham em "conjunto" para proteger o corpo de possíveis infeções. Segundo explica o artigo do The New York Times Can I Boost my Imune System?, e como mostram estudos realizados em gémeos, a força do sistema imunitário é amplamente determinada por fatores não hereditários. "Os germes a que estamos expostos durante a vida, assim como fatores associados ao estilo de vida como stress, sono, alimentação e exercício físico, tudo isso tem um impacto na força da nossa resposta imunitária" explica Tara Parker-Pope, autora do artigo e editora da secção Well, deste diário.

A questão é que, até à data, ainda não existem comprimidos mágicos ou alimentos específicos que garantam a melhoria do sistema imunitário de modo a combater a 100% o novo coronavírus, mas há medidas que podem ser tomadas. Começa logo por tentar melhorar a ansiedade face à questão, se for preciso, inclusive, deixar de ler as notícias ou afastar-se das redes sociais nem que seja por uma hora, de forma a baixar os níveis de stress, que inclusive podem levar a dificuldades respiratórias por si só.

No artigo acima mencionado, refere-se uma série de estudos decorridos em 20 anos na Carnegie Mellon University, onde se observou uma repetição da seguinte experiência: várias pessoas (voluntariamente) foram expostas a uma gripe comum, sendo depois minuciosamente observadas e estudadas em período de quarentena. Os investigadores deste estudo descobriram que pessoas que demonstravam menos stress nas suas vidas diárias estavam menos propensas a manifestar sintomas de gripe. Noutra série de estudos levados a cabo na Ohio State University, descobriu-se que pessoas com problemas matrimoniais (que discutiam regularmente) tinham o sistema imunitário mais afetado: durante as experiências, uma equipa de investigadores provocou (deliberadamente) pequenas feridas nos braços de vários casais, vindo a descobrir que os que discutiam sobre situações negativas levavam, em média, mais um dia a curar as suas feridas do que os que discutiam sobre assuntos mais agradáveis e positivos. Em casais que demonstravam altos níveis de hostilidade diária, as feridas demoravam mais dois dias a curar. Resumindo: o nosso corpo faz um trabalho melhor a combater as doenças quando não estamos sob qualquer tipo de stress ou tensão.

Uma outra das medidas que pode tomar (na verdade, agora e sempre) é regularizar a rotina de sono, garantindo que dorme as horas suficientes. Um sistema imunitário afetado com a privação de sono não funciona na sua plenitude. Num estudo também referenciado pelo The New York Times, foram testados 164 homens e mulheres que voluntariamente se expuseram a uma gripe. Nem toda a gente ficou doente. As pessoas que dormiam menos de seis horas por dia tinham mais 4,2 vezes mais probabilidade de ficar contagiadas com a gripe, em comparação com as pessoas que dormiam mais de sete horas (e a percentagem tornava-se mais alta em pessoas que dormiam menos de cinco horas). À noite e antes de dormir, evite todo o tipo de ecrãs, exercício físico e comer em excesso.

Uma das vitaminas importantes no que toca ao sistema imunitário é a vitamina D. Num outro estudo sobre a vitamina D que envolveu 107 pessoas de idades avançadas, alguns pacientes tomaram altas doses de vitamina D. Ao fim de um ano, os investigadores descobriram que esses pacientes tinham menos 40% de sintomas de infeção respiratória em comparação com os restantes, que haviam tomado doses normais. O corpo humano precisa de vitamina D para conseguir produzir proteínas antimicróbios que matam os vírus e as bactérias. Num vídeo que o médico português Manuel Pinto Coelho tomou a iniciativa de gravar sobre reforço do sistema imunitário, explica que "partindo do pressuposto que entre 70 a 85% do sistema imunitário reside na parede do intestino, deve ter-se um intestino saudável eliminando os ingredientes que o inflamam, sobretudo açúcar, cereais com glúten e lacticínios, bem como manter os níveis de vitamina D estabilizados (…) bem como a vitamina B1, e C".

A vitamina D pode ser encontrada em alimentos como peixes gordos, como o salmão, mas – e de forma geral – pela nossa exposição ao sol. Uma vez que as medidas de prevenção do novo coronavírus passam por resguardarmo-nos de espaços públicos como jardins ou praias, e que há muitas pessoas em quarentena por prevenção, os níveis de vitamina D correm o risco de baixar de forma indeliberada. Menos de 20 nanogramas por mililitro desta vitamina no sangue é considerado insuficiente, enquanto acima de 30 é excelente. Para quem tem os níveis de vitamina D baixos, pode recorrer a suplementação (aconselhando-se com um médico).

Evitar o consumo excessivo de álcool é imprescindível. Há vários estudos que ligam o consumo de álcool excessivo a um enfraquecimento do sistema imunitário, e que as pessoas que sofrem doenças respiratórias como a pneumonia demoram mais tempo a recuperar caso sejam consumidores excessivos de álcool. O álcool em forma de bebida altera o número de micróbios do micro bioma do estômago, uma comunidade de microrganismos que afetam o sistema imunitário. O excesso de álcool pode danificar os pulmões e prejudicar o sistema imunológico das mucosas, essenciais para ajudar o corpo a reconhecer agentes patogénicos e combater infeções. Resumindo: fique-se por um copo de vinho à refeição, quando lhe apetecer.

Outras recomendações para fortalecer o sistema imunitário passam por beber água com frequência, manter uma alimentação saudável e equilibrada, evitar maus hábitos como o tabagismo. Adie jantares, festas, programas, aniversários – pelo menos por agora. E seja responsável por si e pelos outros.

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