5 personalidades que decidiram viver em isolamento
Quarentena ou isolamento social são termos que, embora comuns nos tempos da atual pandemia, já foram a realidade voluntária de alguns nomes bem conhecidos.

Embora a situação causada pelo novo coronavírus apele ao isolamento social em função da saúde pública, elegemos cinco personalidades que escolheram fazê-lo para fugir ao escrutínio e pressão característicos da fama, ou simplesmente por não se identificarem com a mesma.
Mina

Nascida Anna Maria Mazzini, em 1940, na Lombardia, Mina alcançou o sucesso quase a seguir ao lançamento do single Tintarella di luna, em 1959. Um dos seus álbuns de maior sucesso, Il Cielo In Una Stanza (1960), foi o ponto de partida para uma carreira brilhante, embora marcada pelo escândalo, desde uma gravidez fruto de um caso com um homem ainda casado ao simples facto de ter sido mãe solteira. Diva amada pelo público, Mina era perseguida pelos paparazzi e transformou-se numa espécie de personagem, a "Tigresa de Cremona" como ficou conhecida. Apesar de se ter tornado na cantora italiana mais famosa do mundo, Mina não se identificava com a celebridade. Em 1978 "reformou-se" e foi viver para Lugano, na Suíça, e desde então pouco foi vista: uma vez em 2001 quando abriu as portas para uma gravação ao vivo no seu estúdio, e quando abriu o Festival San Remo em 2006 através de um holograma. Muitos especulam sobre a razão do seu isolamento mas, segundo se consta, foi uma escolha que lhe permitiu ser livre longe das luzes da ribalta.
Maria Callas
A soprano mais famosa de todos os tempos nasceu em 1923 em Nova Iorque no seio de uma família de emigrantes gregos. Conhecida como "La Divina", pelo seu talento musical e interpretações dramáticas, Callas contava com um repertório que ia desde a ópera clássica à ópera bel canto de Donizetti, Bellini, entre outros. Obrigada pela mãe a cantar desde os 5 anos, a cantora estreou-se em 1941 na Ópera Nacional Grega, estabelecendo-se em 1947 em Itália e subindo mais tarde aos palcos do famoso La Scala de Milão.

A sua vida pessoal era frequentemente escrutinada, tanto pelo seu temperamento como pelo seu caso com o magnata grego Aristotle Onassis, que conheceu em 1957 enquanto ainda era casada com Giovanni Battista Menegghini e, segundo muitos, a levou a descurar a carreira. Onassis viria a deixá-la por Jackie Kennedy, apesar de Callas ser conhecida como o seu "porto seguro". A sua última atuação viria a ser em 1965 na Royal Opera House, em Londres. Entre as causas especula-se que estivesse uma perda de peso extrema e malnutrição que muitos creem ter afetado o seu desempenho vocal e causado o final prematuro da sua carreira. Depois da morte de Onassis em 1975, Callas passou os últimos anos em isolamento no seu apartamento em Paris, apenas na companhia de uma governanta e de um motorista, até morrer de ataque cardíaco em 1977.
Greta Garbo
A rapariga pobre de Estocolmo que passou a ser "A Cara" de Hollywood nos anos 30 passou os últimos 50 anos da sua vida em isolamento em Manhattan. Nascida Greta Gustaffson em 1905, numa família humilde, começou a trabalhar cedo após a morte do pai, mas foi descoberta e convidada para modelo. Mais tarde, captou a atenção de Mauritz Stiller, que a colocou em A Saga de Gosta Berling e mudou o seu apelido para Garbo. O filme acabaria por também impressionar Louis B. Mayer, da Metro Goldwyn-Mayer, levando-a para os EUA, começando uma carreira que lhe valeria várias nomeações aos Óscares, como a versão sonora de Anna Karenina em 1937 ou Ninotchka em 1939. Mas, quanto mais famosa ficava, mais evitava as luzes da ribalta, suspeitava-se que sofresse de uma depressão profunda ou transtorno bipolar, só saindo de casa para longas caminhadas, sempre com óculos de sol grandes. Acredita-se que também fosse bissexual, e que uma das suas grandes tristezas fosse um amor não correspondido por Mimi Pollack. Faleceu a 15 de Abril de 1990 com 84 anos, de pneumonia e insuficiência renal.
Emily Dickinson
Poeta nascida em Amherst, Massachussetts, em 1830, publicou em vida apenas 10 dos 1 800 poemas que terá escrito, tornando-se uma autora aclamada pelo seu estilo original e moderno, conhecida por fugir à norma poética. Acredita-se que tenha vivido a maior parte da sua vida em isolamento. Apesar de esta atitude semiclusa ser considerada apropriada no séc XIX, Emily era considerada uma pessoa excêntrica, sendo que nunca casou, mantendo a maioria das suas amizades por correspondência. Vinda de uma família abastada ativa na comunidade local, sabe-se que Emily nunca cumprimentava visitantes frente a frente, e dava pequenos brindes às crianças do seu bairro através de um cestinho preso a uma corda do seu quarto no segundo andar, de onde também assistiu ao funeral do pai – não saiu da propriedade da família nas últimas duas últimas décadas de vida. O isolamento poderia estar ligado a problemas de ansiedade, agorafobia ou epilepsia.
Syd Barrett
Syd Barrett (1946-2006) foi um dos membros fundadores da banda britânica Pink FLoyd, embora a tenha deixado em 1968 depois de participar em dois álbuns da banda, com o intuito de iniciar uma carreira a solo. É considerado um dos pioneiros do rock psicadélico, assim como o criador da identidade musical da banda. No entanto, crê-se que as suas experiências com LSD podem ter agravado um problema mental subjacente, levando a um esgotamento nervoso. Barrett acabou por regressou à sua cidade natal de Cambridge (passando a usar o seu nome verdadeiro, Roger) onde se isolou durante 30 anos até à sua morte em 2006. Consta-se que tenha cortado relações com os restante membros da banda, recusando-se a falar com a imprensa ou qualquer pessoa sobre o seu passado. Barrett passou mesmo os restantes anos da sua vida em retiro, dedicando-se à pintura, jardinagem e escrita de um livro sobre história da arte que nunca chegou a ser publicado.
