As mulheres precisam de dormir mais do que os homens? A ciência explica

Diferenças biológicas, hormonais e sociais influenciam a qualidade do descanso feminino, tornando essencial adotar hábitos que garantam um sono reparador. Falámos com Bruno Mendes, pneumologista e especialista em sono da Sleeplab, para melhor entendermos este tema.

Foto: Pexels
13 de março de 2025 às 11:45 Safiya Ayoob

Dormir bem não é um luxo, mas uma necessidade essencial para a saúde e bem-estar. No entanto, nem todas as pessoas precisam do mesmo tempo de descanso para recuperar as energias. Estudos recentes sugerem que, em média, as mulheres necessitam de mais sono do que os homens. Mas porquê? A resposta passa por fatores biológicos, hormonais e sociais que afetam diretamente a qualidade e a quantidade de sono no sexo feminino.

Uma das razões prende-se com a forma como o cérebro feminino funciona. Bruno Mendes, pneumologista e especialista em sono da Sleeplab, conta à Máxima que "o cérebro feminino tem uma maior conectividade entre os hemisférios, o que favorece a realização de múltiplas tarefas em simultâneo e maior capacidade de análise". Esta intensa atividade cerebral pode aumentar a necessidade de repouso, uma vez que um maior esforço cognitivo exige mais tempo para a recuperação neuronal durante o sono.

PUB

Para além da estrutura cerebral, as flutuações hormonais desempenham um papel crucial no descanso das mulheres. O ciclo menstrual provoca variações constantes nos níveis de estrogénio e progesterona. progesterona tem um efeito sedativo natural e um impacto positivo no sistema respiratório, reduzindo o risco de distúrbios como a apneia do sono. No entanto, oscilações nos níveis de estrogénio podem levar a despertares noturnos e a um sono menos reparador. "As variações dos níveis de estrogénio ao longo do ciclo menstrual levam a alterações na arquitetura do sono, provocando mais despertares noturnos e menos sono reparador", explica o especialista.

Estas alterações tornam-se ainda mais evidentes em fases específicas da vida da mulher, como a gravidez, a amamentação e a menopausa. Durante a gestação, o aumento do volume abdominal, a necessidade de urinar com frequência e o desconforto geral podem dificultar um sono contínuo. Já na fase de amamentação, os despertares frequentes para alimentar o bebé comprometem a qualidade do descanso. Por sua vez, na menopausa, a produção de estrogénio e progesterona diminui drasticamente, o que pode causar insónias e outros distúrbios do sono. Como destaca Bruno Mendes, "esta diminuição pode influenciar a qualidade do sono em cerca de 30% das mulheres", agravando sintomas como afrontamentos e irritabilidade, que também dificultam um descanso reparador.

Para além das razões biológicas, existem ainda fatores sociais que interferem nos padrões de sono das mulheres. Na sociedade atual, muitas mulheres acumulam responsabilidades profissionais, familiares e domésticas, o que pode aumentar os níveis de stress e ansiedade. Esta carga mental elevada dificulta o relaxamento necessário para um sono profundo e contínuo, levando a uma maior prevalência de insónia. De acordo com estudos científicos, as mulheres são mais propensas a sofrer deste problema, especialmente no início da noite.

PUB

Diante destes desafios, a questão não se resume apenas ao tempo de sono, mas à sua qualidade. Para garantir um descanso mais eficaz, é essencial adotar hábitos saudáveis. O médico recomenda algumas estratégias fundamentais, como estabelecer horários regulares para dormir, evitar ecrãs antes dessa hora, e praticar exercício físico durante o dia, evitando-o à noite. Além disso, a exposição à luz solar na primeira metade do dia e a gestão do stress através de técnicas de relaxamento, como a meditação, podem contribuir para melhorar a qualidade do sono.

Se mesmo com estas medidas o sono continuar comprometido, é fundamental procurar ajuda médica. A sua privação pode ter consequências graves para a saúde, aumentando o risco de doenças cardiovasculares, obesidade e distúrbios emocionais. Como conclui Bruno Mendes, "enquanto a ciência sugere que as mulheres podem precisar de mais tempo de sono por noite, o foco deve estar na qualidade do descanso".

leia também

Com que frequência se deve mudar a fronha da almofada?

Manter a limpeza é crucial para preservar a saúde da pele, evitando a acumulação de bactérias, sujidade e outros contaminantes. Especialistas recomendam a troca regular – pelo menos uma a duas vezes por semana – para prevenir erupções cutâneas e criar um ambiente de sono mais saudável.

O que é a fruta-do-monge, a nova alternativa natural ao açúcar?

Mesmo sem muitos estudos sobre os seus efeitos, a fruta-do-monge é cada vez mais uma opção para quem quer evitar o consumo de açúcares. Este adoçante é natural, não tem calorias e pode até ter benefícios para a saúde. A medicina tradicional chinesa trata uma multitude de doenças com este ingrediente.

Como adaptar o sono dos bebés à mudança para a hora de verão?

Perder uma hora de sono – que é o que acontece quando mudamos para o horário de verão – é difícil para uma pessoa adulta. Para um bebé, que não compreende o que se passa, é ainda pior. A Máxima falou com um pediatra para saber o que pode fazer para que a transição seja tão suave quanto possível.

Será normal sangrar antes do período menstrual?

O "spotting", nome dado ao sangramento vaginal leve fora do período menstrual, ocorre em diferentes momentos e por diversas razões. A Máxima falou com uma ginecologista-obstetra para saber mais sobre esta condição, as suas causas e em que momento deixa de ser normal e passa a ser urgente procurar um médico.

Melatonina VS Valeriana. Qual o melhor suplemento para dormir?

Se tem dificuldades em adormecer, é provável que já se tenha deparado com este dilema: "Devo tomar melatonina ou valeriana?" São dois nomes frequentemente associados ao alívio da insónia, especialmente por quem procura soluções rápidas e naturais. A resposta pode ser surpreendente.

As coisas bizarras que as pessoas esquecem no banco de trás de um Uber

Se tudo o que alguma vez deixou esquecido num transporte público foi um chapéu de chuva, o telemóvel, ou os óculos de sol, deixe de ser careta e tire alguma inspiração do Índex de Perdidos e Achados da Uber. Desde ovos cozidos a papéis de divórcio, passando por coelhos embalsamados, não há o que não haja.

Devemos, ou não, dormir sem roupa interior? Falámos com uma ginecologista

Pode parecer um detalhe irrelevante, mas o que vestimos (ou despimos) para dormir pode ter um impacto direto na nossa saúde íntima, bem-estar e até na nossa sexualidade. Cada vez mais médicos e estudos reforçam que dormir sem cuecas pode ser um hábito pequeno, mas com grandes benefícios. A Máxima foi descobrir mais sobre este tema.

PUB
PUB