Sabemos que nem toda a gente acorda com a energia nos "picos". De segunda a sexta-feira, sonhamos em ficar o resto da manhã no quente dos lençóis e em ignorar as responsabilidades do dia, pois acordamos com uma sensação de cansaço permanente, mesmo após termos dormido 8 a 9 horas. Há quem descreva este fenómeno como uma "ressaca diária", sem esquecer que, no geral, qualquer pessoa precisa de cerca de 30 minutos depois de acordar para estar novamente operacional.
Segundo a Madame Fígaro a primeira "culpada" por esta onda de letargia que está a afetar-nos a todos é a época do ano. Ou seja, sabemos que o inverno tem impacto no humor e no corpo devido à diminuição da luz natural. Quem se levanta cedo, sabe que ao sair de casa pela manhã, está escuro, e quando regressa, também está escuro, e sabemos que a luz exterior regula o nosso relógio biológico.
Quando a luz diminui ou quando não estamos expostos a uma quantidade de luz suficiente, o nosso relógio biológico é afetado. "Sem falar necessariamente de depressão sazonal, sabemos que para a maioria da população, a falta de luz é acompanhada pela sensação de diminuição de aptidão física e uma maior propensão para dormir", explica Philippe Beaulieu, especialista do sono e terapeuta cognitivo-comportamental, à revista francesa. A baixa luminosidade também reduz a produção da melatonina (a hormona do sono) durante o dia.
Claro que a falta de descanso arrecada com grande parte da culpa. "A maior parte das pessoas tem uma dívida de sono durante a semana", afirma Joëlle Adrien, especialista em neurobiologia, à mesma publicação. Recorrem a hormonas, como a do stress, para se manterem concentradas e ativas de segunda a sexta-feira. Tentam recuperar e dormir mais no sábado e no domingo, mas tal não resolve o cerne da questão.
Também é possível que exista um desequilíbrio entre o relógio biológico e o ritmo a que vivemos. Quando os dois mecanismos que regulam a duração e a qualidade do sono (um desencadeia o despertar e o outro o adormecer) não trabalham em harmonia, experienciamos péssimas condições de repouso. Se continuarmos a dormir quando o corpo foi programado para acordar cedo ao longo dos cinco dias, estaremos cansados ao despertar. O mesmo acontece se tentarmos acordar/dormir mais cedo, quando o organismo está habituado a despertar/descansar até mais tarde. Forçarmo-nos a deitar mais cedo não terá resultados positivos.
Além disso, quem trabalha de casa pode não produzir tanta melatonina, pela ausência de Vitamina D. Algumas pessoas podem também experimentar noites mais agitadas, com sonhos mais opressivos, apreensivos e cansativos, justificados por uma sensação de ansiedade ou stress permanente.