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Uma arquiteta italiana em Lisboa

Camilla Degli Esposti mudou-se com a família para Lisboa em plena pandemia. Consigo trouxe o gabinete de arquitetura que fundou em 2017 – o Deckora Design.

Foto: Camilla Degli Esposti
11 de dezembro de 2021 às 08:00 Rita Silva Avelar

Apesar de representar a terceira geração de arquitetos na sua família e de ter crescido num ambiente criativo, a italiana Camilla Degli Esposti conta que tornar-se designer de interiores não foi um caminho fácil nem particularmente direto. "Lembro-me que o meu pai me dava plantas térreas para desenhar quando eu nem sequer sabia escrever, era o quanto ele queria que eu fosse arquiteta por tradição" afirma, em entrevista à Máxima.

Foto: DR

À frente do Deckora Design, um estúdio que combina arquitetura e design de interiores, formou-se no Politecnico di Milano, em Milão, sua cidade natal, e mudou-se para Nova Iorque para fazer um estágio com o reputado arquiteto Peter Eisenman. "Mais tarde mudei-me para Londres onde, após completar o meu mestrado e passar alguns anos a trabalhar em empresas de grande dimensão como Wilkinson Eyre, decidi finalmente abraçar a minha paixão por interiores e em 2017 abrir a Deckora Design." Nessa altura, o primeiro desafio foi um showroom para mobiliário de luxo no bairro londrino de Belgravia que, como nos conta, ficava "num edifício com teto pintado, e por isso a iluminação foi certamente um desafio. Logo a seguir fui convidada para remodelar uma penthouse no centro principal de Londres e o resto é história."

Lisboa, onde hoje vive, é a cidade natal do marido de Camilla, e na pandemia pareceu-lhes "um abrigo mais seguro em tempos tão imprevisíveis." Gradualmente, apaixonou-se pela capital e decidiu que esta se tornaria a sua casa para os próximos anos.

O estúdio, baseado precisamente em Lisboa, oferece uma intervenção 360°. "Primeiro desenvolvemos o esquema arquitetónico e a configuração espacial. Numa fase posterior, concentramo-nos em mobiliário, acessórios e detalhes", conta, comparando o processo à organização de uma orquestra. "Existe uma hierarquia bastante rígida a respeitar de modo a obter uma verdadeira obra de arte. Contudo, há sempre um lado intuitivo e mais empírico em cada processo. Por exemplo, a Moda, a Arte, o Cinema e especialmente as viagens são grandes fontes de inspiração para mim."

Entre os vários projetos que já assintou, está uma residência de 600 metros quadrados na África do Sul que termintou em 2018 e que tem um lugar particular no seu coração. "A propriedade estava localizada na zona de Stellenbosch, no meio das vinhas. Neste caso, a pressão de criar um espaço tão único fez-nos superar as expectativas do cliente. O resultado foi uma arquitetura articulada em profunda ligação com o meio envolvente."

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Afirma não ter um estilo prédefinido. "Personalizamos ambientes específicos explorando diferentes materiais, misturando cores, texturas, e padrões. O fio comum do nosso trabalho é a atenção minuciosa aos detalhes" explica. "Cada projeto conta uma história, evoca estados de espírito e uma certa atmosfera. Ser um designer de interiores com formação em arquitetura permite-me ser arrojada, desafiando conceitos e realçando o potencial de cada espaço."

Já em Portugal, o restaurante Yakuza, do chef Olivier, foi o seu primeiro projeto comercial. "Marcou um momento importante e emocionante na minha carreira. Ajudámos a dar forma a um requintado ambiente [tornando-o] ainda mais excêntrico com detalhes de nogueira, superfícies de pedra polida e murais pintados à mão. Os desafios eram múltiplos: desde a falta de luz natural do espaço existente, até à reinterpretação do conceito original", confessa. "O resultado final foi um interior acolhedor mas sedutor onde acessórios escuros, mobiliário à medida e iluminação quente contribuem para uma experiência verdadeiramente única para os visitantes."

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Pelo caminho, lançou a sua coleção, a Olympus, já que cria quase sempre peças próprias para todos os projetos. "Este ano, decidi lançar uma linha de edição limitada de 10 objetos feitos à mão que sintetizam a nossa mais recente pesquisa de design. A coleção Olympus caracteriza-se pela utilização de geometrias fortes e por uma combinação de pedras semipreciosas, metais e madeiras. Estas peças statement foram concebidas para qualquer pessoa que quer acrescentar carisma e um sotaque elegante aos seus interiores. Candeeiros de parede, toucadores, cinzeiros ou aparadores são algumas das peças da linha.

Foto: Aparador Athena
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Sobre o design português, afirma que estão sempre abertos, como studio, a novas parcerias e colaborações. "Atualmente estamos em vias de construir relações duradouras com fornecedores selecionados, principalmente no Norte do país. Portugal tem uma indústria de mobiliário muito diferente quando comparada com a Itália ou o Reino Unido. Os principais pontos fortes são os custos de produção competitivos e a possibilidade de personalizar verdadeiramente qualquer coisa - que no setor da hotelaria são vantagens fundamentais para os nossos projetos."

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