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Snu: quem foi a mulher que no amor e na morte se cruzou com Portugal?

Nasceu dinamarquesa, mas diziam-na sueca. Chamava-se Snu, mas foi Ebba o nome que os pais lhe deram. 40 anos após a morte de Sá Carneiro e Snu Abecassis, recordamos o texto de Helena Matos sobre esta fascinante mulher.

Foto: LUSA (Luis Vasconcelos)
31 de maio de 2019 às 07:00 Helena Matos

Imagine-se um puzzle em que todas as peças encaixam umas nas outras, mas que de cada vez que se completa nos dá sempre um retrato diferente. Primeiro foram os artigos nas revistas. Depois foi a vez dos jornais e das reportagens nas televisões. Seguiram-se os livros-biografia. Até que se tornou personagem. Vimo-la retratada numa série de televisão e, agora, num filme. Todos eles procurando iluminar a história dessa mulher que os portugueses diziam ser sueca, mas que, na verdade, nascera na Dinamarca. Essa mulher que, ainda criança, a si mesma se chamou Snu, apagando o nome que a família lhe dera – Ebba. O casamento que a traria a Portugal acrescentou-lhe o apelido Abecassis. Mas à medida que os anos passavam e que o interesse por ela aumentava, os apelidos tornavam-se desnecessários e ela foi-se tornando apenas Snu. Juntemos, mais uma vez, as peças-fotografias desse seu retrato-puzzle.

1.

Noite de 2 para 3 de dezembro de 1979. Ali está Snu. Sozinha. Tem os braços cruzados, um gesto em que a veremos repetir, como se nesse envolver-se a si mesma procurasse manter-se a salvo do tumulto que a rodeia. À sua volta tudo parece fervilhar. Na mesa onde, até há pouco, se contavam os votos sobram cassetes, papéis, esferográficas, máquinas de calcular, cinzeiros, maços de cigarros, garrafas de águas, copos… Nem sequer faltam caixas de medicamentos – seriam para a ansiedade? –, um prato e um garfo. Testemunhos mudos das muitas horas ali passadas por gente que nervosamente somava votos, atendia telefonemas e desenhava em cálculos e tabelas o mapa da vitória da Aliança Democrática (AD) que é o mesmo que dizer de Francisco Sá Carneiro. É provavelmente para ele que convergem, nesse momento, os olhares e as atenções de todos os que na noite de 2 para 3 de dezembro de 1979 estão sala do Hotel Altis, onde a AD montara o seu quartel-general. A vida de Snu gira em torno desse homem que, na verdade, só conhece há três anos. Sim, foi há pouco mais de três anos, mais precisamente a 6 de janeiro de 1976, que Snu se encontrou, pela primeira vez, com Sá Carneiro, nesse almoço na Varanda do Chanceler de que ambos regressaram com outro olhar às suas rotinas e aos seus casamentos. No início de 1976, quer Snu quer Sá Carneiro estavam casados. Snu com Vasco Abecassis. Sá Carneiro com Isabel Maria. Desde esse dia 6 de janeiro de 1976 telefonam-se. Procuram encontrar-se. Na agenda de Sá Carneiro a anotação SA começa a surgir: são os encontros com Snu. Antes do final de 1976 já aparecem os dois em público. Foi numa festa em casa de Francisco Balsemão...

Tudo isso aconteceu há tão pouco tempo, mas parece ter sido há um século quando visto desta sala do Hotel Altis, onde, na noite de 2 para 3 de dezembro de 1979, Sá Carneiro celebra a vitória da AD. E em que ela, Snu, se deixa ficar para trás como quem saboreia, pela última vez, esse momento em que à alegria da vitória ainda não se juntou o enorme peso de se ter tornado a mulher para a qual não estava previsto lugar. Pelo protocolo, pelos costumes e pela luta política.

2.

Uma flor na mão. Todos os dias Snu chegava com um ramo de flores frescas à vivenda da Rua Luciano Cordeiro, onde funcionava a Dom Quixote, a editora que criou, em 1965, era então uma jovem com 25 anos. As flores parecem ter preenchido, em Portugal, a ausência dessa Natureza que na sua infância passada na Suécia fora omnipresente. A imensa paisagem que se avista das alturas de Marvão – onde Snu colheu esta flor – nada tem que ver com os bosques que rodeavam a casa de Uttervik, propriedade do padrasto de Snu, o editor Tor Bonnier, onde Snu casara, em 1961, com Vasco Abecassis. Ou com a casa de Hallandsasen, em que ela e a irmã atravessavam num pequeno barco o lago para irem à outra margem buscar o correio. Nesses imensos verões da infância de Snu passados entre trilhos na floresta, lagos e barcos há algo da liberdade protagonizada pela heroína de uma das coleções que vai ajudar a equilibrar as contas nem sempre fáceis da Dom Quixote: a Pipi das Meias Altas. Em Portugal, Snu vai sempre sentir falta desse ambiente de floresta encantada que rodeava os frescos verões na casa de Uttervik, à beira do Báltico. Em Portugal, a Natureza chega-lhe através das flores e do doce sol de inverno, uma bênção para quem, como ela, não gostava do frio.

3.

"Daqui a dez minutos, a Mikaela está aí e, a partir de agora, tu tomas conta dela." Estava-se em meados de 1976 e Snu Abecassis, já separada de Vasco Abecassis, faz um telefonema ao pai dos seus filhos para lhe dizer que a filha mais velha de ambos iria viver com ele. Mikaela nascera em 1962, em Nova Iorque, a cidade para onde Snu e Vasco foram viver após o casamento. Em 1964 nascera, já em Lisboa, Ricardo. E sete anos depois, em 1971, chegara Rebecca. Snu leu com rigor o livro do Dr. Benjamin Spok (Meu Filho, Meu Tesouro), concebeu quartos alegres e cómodos para os filhos e escolheu com cuidado os seus brinquedos. Da funcionalidade aconchegante das salas da Dom Quixote ao requinte das salas do apartamento da Rua Dom João V, Snu revelava-se uma notável criadora de espaços. Curiosamente, ela que editou livros sobre a revolta dos jovens parece esperar que as suas crianças cresçam sem crises e revoltas nesse mundo ordenado e luminoso concebido por si, onde há horas para o beijinho da manhã e o beijinho da noite e o espaço-tempo das crianças não se imiscui na vida dos adultos. Afinal, não tinha sido assim a infância dela, da irmã Annelise e do irmão Mikael, ao lado da mãe, Jytte, e do padrasto, Tor, com os seus quartos de criança no último piso da maravilhosa mansão Manilla, em Estocolmo, e as suas férias na imensidão verde de Uttervik? As traquinices de Mikaela e depois a sua revolta vão colocar em questão esta utopia de uma ordem natural que flui, seja dentro de casa, seja entre gerações. Snu opta por mandar a filha mais velha para um colégio interno, em Inglaterra, na esperança de que nele integrasse as regras que em Lisboa contestava. Ricardo vai segui-la depois. Ambos vão estudar em Michael Hall, o colégio onde Snu e Vasco se tinham conhecido e cujo quotidiano regrado tanto agradara a uma Snu adolescente e já a mostrar os traços do seu apego conservador à ordem. (Anos antes Snu não apreciara o verão que passou em Summerhill, essa espécie de escola alternativa em cujo modelo de funcionamento livre as elites intelectuais de então apostavam com entusiasmo). Ao contrário dos pais, Mikaela não será feliz em Michael Hall. Quando Mikaela vai viver com o pai, nada mais perturba a serenidade da rotina que caracteriza o ambiente na Rua Dom João V, esse ambiente que tanto vai agradar e beneficiar Sá Carneiro que para ali se muda no outono de 1977. Chega com três sofás de pele, quadros de Cesariny e muitos livros. Parece que aquele foi o lar em que sempre precisou de viver: quando a agenda política lho permite, toma chá às cinco horas com Snu. Jogam damas chinesas ao serão. Na casa há uma criança, Rebecca. É com ela que Snu surge de forma mais descontraída no papel de mãe. Snu continua a separar o tempo e o espaço das crianças dentro da casa e das suas rotinas, mas Rebecca já se esconde no quarto que a mãe partilha com Francisco, a quem chama "Grande" por oposição ao Francisco a quem chama "Pequeno": o filho de Sá Carneiro que rompe com a mãe e vai viver com o pai e com Snu. Na casa da Dom João V, Snu, Francisco Grande, Rebecca e Francisco Pequeno vão viver dias de ordem serena, uma espécie de rotina esclarecida. O que para Snu era sinónimo de felicidade.

4.

Dom Quixote. No início, Snu não falava português, nem conhecia o país. Não tinha estudos superiores, nem formação empresarial. Não tinha sequer sido uma aluna brilhante e até teve uma aprendizagem da leitura marcada pela dislexia. Contudo, criou umas das editoras mais marcantes de Portugal: a Dom Quixote. É claro que Snu dispunha de uma fortuna considerável, mas podia tê-la aplicado em negócios mais rentáveis. Ou simplesmente podia não ter feito nada. Porque criou uma editora? Se atentarmos no nome que escolheu para esse projeto – Dom Quixote – ficamos dispensados de grandes especulações: a figura romanesca do cavaleiro em luta contra inimigos reais e imaginários seria certamente simpática como modelo ao jovem casal, recém-chegado a Portugal, no ano de 1961. Ricos, novos, cultos e elegantes, Snu e Vasco Abecassis eram uma espécie de estrangeirados. Trazer a Lisboa um pouco do espírito cosmopolita que vivera na sua infância parece a Snu ser não apenas uma opção, mas também um dever. Um desses deveres-projeto para transformar o mundo que enquanto adolescente Snu inscrevia no seu diário. Mas a criação de uma editora é também o cordão umbilical que a liga ao mundo de onde veio e ao qual pertence. O mundo onde pontua o padrasto, Tor Bonnier, um dos grandes editores do norte da Europa. Um mundo que tem o seu epicentro na grande casa de família – a mansão Manilla, em Estocolmo –, local de encontro de escritores, de banqueiros, de empresários e de artistas. A casa onde Camus foi jantar depois de ter recebido o prémio Nobel. No seu apartamento da Rua Dom João V e na Dom Quixote, Snu interpreta esse mundo na escala e nas circunstância de Portugal. Na Dom Quixote, Snu vai tentar provar que apesar do regime, apesar do país, apesar de todos os "apesares" inscritos no ADN de Portugal, era possível editar bons livros e tratar os trabalhadores e os autores com respeito. Faz contratos escritos aos autores, arrisca editar desconhecidos e não olha a questões políticas na hora de escolher aqueles que vão trabalhar consigo. A atividade editorial vai levar Snu a confrontar-se com Portugal. A começar pelos portugueses que não compram, como ela desejava, os livros que edita com tanto cuidado. Depois, com a censura do Estado Novo que a pressiona, a ameaça e apreende vários títulos editados pela Dom Quixote, nomeadamente alguns dos célebres Cadernos D. Quixote. Em seguida, confronta-se com a cegueira ideológica do Processo Revolucionário Em Curso (PREC) que se é certo não perturba tanto a Dom Quixote quanto outras editoras, leva Snu a ser convocada para várias reuniões nos diversos sindicatos do sector. Vai de casaco de peles (seria por desafio ou porque confiava que o seu estatuto social e económico de que aquele casaco era símbolo, a blindavam face aos abusos do poder?). E, claro, Snu confronta-se quase sempre com uma contabilidade que teimava em apresentar prejuízos em vez de lucros. Mas esta mulher, que concebe os livros em português e faz as contas da editora em sueco, é teimosa. Insiste. Faz planos editoriais. Em cada momento procura editar o que interessa, assinado pelos autores que interessam. E foi por ser assim que chegou àquele primeiro encontro com Sá Carneiro no restaurante Varanda do Chanceler, a 6 de janeiro de 1976. Logo após o 25 de Abril, Snu percebe a urgência de dar a conhecer aos portugueses o pensamento dos seus novos líderes. Edita livros de Mário Soares, de Álvaro Cunhal e também de Sá Carneiro. O que aconteceu a seguir tornou-se uma espécie de segredo a que o tempo daria ares de lenda: no início de 1976, Sá Carneiro encontra-se com Natália Correia, de quem era amigo. Pergunta-lhe como é "a nossa editora", pois Natália, além de amiga de Snu, publicava nos Cadernos de Poesia da Dom Quixote. Natália responde: "Talvez seja melhor não querer saber como ela é…" Para, em seguida, excessiva e profética, acrescentar: "É uma princesa nórdica que jaz adormecida num esquife de gelo à espera que venha o príncipe encantado dar-lhe o beijo de fogo. Esse príncipe encantado é você." Sá Carneiro regressa à sede do PSD e pede a Conceição Monteiro, sua secretária, que lhe marque um almoço com Snu. O almoço fica marcado para 6 de janeiro no Varanda do Chanceler. Sendo de todos conhecido o papel que a Dom Quixote teve no encontro entre Snu e Sá Carneiro, cabe perguntar: qual teria sido o futuro da Dom Quixote, caso Snu e Sá Carneiro tivessem chegado ao Porto naquela noite de 4 de dezembro de 1980? Francisco Sá Carneiro tinha declarado que não continuaria primeiro-ministro, caso Ramalho Eanes vencesse as eleições. Ora, como era por demais evidente, Eanes iria ganhar. Logo, a Sá Carneiro só lhe restava deixar São Bento e para o feroz combate político que o esperava já escolhera a sua arma: um jornal semanário. Um jornal em que contava com o apoio de Snu com a sua rede de contactos nos grupos editoriais do norte da Europa e com a sua experiência editorial. Um projeto quixotesco?

5.

Esta é a fotografia de uma mulher apaixonada. Para não embaraçar Francisco Sá Carneiro, Snu trocou o casaco de peles por outros de lã ou de caxemira, de preferência com bolsos para enfiar as mãos que, às vezes, lhe pareciam sobrar e que a traem, expressando a impaciência que o rosto não acusa: a imagem de Snu atando e desatando o nó do cinto do casaco ficou na memória daqueles que estiveram a seu lado nessa rota insana de comícios, de sessões de esclarecimento, de reuniões e de encontros pelo país que então constituíam as campanhas eleitorais. E Snu vai estar ao lado de Sá Carneiro nas legislativas de 1979 e na campanha presidencial de 1980. O PSD era um partido de bases populares: rendeiros, pequenos comerciantes, empreiteiros, agricultores… gente efusiva que invariavelmente procurava tocar Francisco Sá Carneiro, dizer-lhe mais uma palavra, manifestar-lhe o seu apoio. Por Sá Carneiro, Snu saiu do conforto da sua magnífica casa na Rua Dom João V e viajou por um Portugal sujo, desorganizado (ela que tanto gostava de ordem!), onde se cochichava à sua passagem: "Aquela é a sueca do Sá Carneiro!" Poucas vezes ela parece tão estrangeira, os seus olhos tão azuis, a simplicidade do seu cabelo apanhado tão aristocrática como nesses momentos em que um país moreno conflui para o homem que considera seu líder. Terá sido nesses instantes em que, pela enésima vez, o carro parava à beira da estrada esburacada para Sá Carneiro cumprimentar mais um grupo de apoiantes ou era convidado a beijar mais uma criança que Snu passou a acreditar que, tal como repete ao longo da campanha de 1979, Portugal poderia ser uma outra Suíça, caso o seu povo fosse mais educado, lesse mais e se cultivasse mais? Essa é a sua contradição portuguesa: Snu amava a organização da Suíça, país a que confiava as suas contas bancárias, a sua saúde (foi lá operada, em novembro de 1978) e em cujas boutiques de Zurique comprava com sistema e método o seu guarda-roupa (tinha várias peças do mesmo modelo com cores diferentes, de preferência da Casa Céline), mas o verbo amar prendia-a invariavelmente a Portugal. E se Vasco Abecassis, com a sua educação inglesa e os seus negócios pelo mundo, ainda era uma espécie de estrangeirado, Sá Carneiro só fazia sentido em Portugal.

6.

26 de junho de 1980. Jimmy Carter, Presidente dos EUA, vai fazer uma visita de algumas horas a Portugal. No aeroporto esperam-no o Presidente da República, Ramalho Eanes, o primeiro-ministro, Sá Carneiro, chefes militares, membros do Governo e dezenas de jornalistas... E é nesse momento em que todos os olhares se fixam no avião presidencial que o fotógrafo Carlos Gil faz aquela que é a fotografia que melhor simboliza a relação de Snu com Sá Carneiro: enquanto se alinhavam entre as personalidades que aguardavam o Presidente dos EUA, as mãos de Snu e de Sá Carneiro entrelaçaram-se. Mas essas mãos que se cruzam nas costas testemunham, também, a pressão em que viviam: Snu estava oficialmente divorciada, desde 1977, mas Sá Carneiro continuava casado. Desde o verão de 1977, os dois vivem na casa que fora de Snu e de Vasco Abecassis, na Rua Dom João V. Desde então enfrentaram os receios por parte do PSD de que a situação conjugal de Sá Carneiro fosse usada na discussão política e acabasse a prejudicar o partido. Ouviram críticas por parte da Igreja Católica. Leram notícias sobre o insólito do seu caso na imprensa internacional. Por causa da sua relação com Snu, Sá Carneiro temeu não ser convidado por Eanes a formar Governo e desistiu de ser ele mesmo o candidato presidencial da AD, em 1980. E em maio, na Assembleia da República, um deputado pedira explicações ao Governo sobre as "dificuldades protocolares" que estariam a ser vividas pelo Governo português porque, afirmava, vários executivos europeus se teriam recusado a receber Snu Abecassis, caso ela acompanhasse o primeiro-ministro nas suas visitas. Esse mesmo dia, 26 de junho de 1980, em que Jimmy Carter visita Portugal, constitui-se como uma sucessão de episódios em que a presença de Snu ao lado de Sá Carneiro vai gerar conflitos, desencontros e combates: Snu está ao lado de Sá Carneiro no aeroporto, mas foi excluída do programa de receção à esposa de Carter. Vai depois ao banquete na Ajuda. Aparece deslumbrante. A uma jornalista dinamarquesa que a entrevista por essa época Snu dirá que nunca sabe qual é o lugar que lhe reservam: se na primeira, se na última fila. A única certeza é que a sua mão encontrará sempre a de Francisco Sá Carneiro. Tidos como contidos nas manifestações dos seus afetos, Snu e Francisco Sá Carneiro vão surpreender aqueles que os conheciam ao romperem com esse retrato, prodigalizando-se um ao outro em gestos de ternura: surgem de mão dada, viajam encostados, não param de se olhar. Talvez por isso se imagine que, quando ao anoitecer de 4 de dezembro de 1980, se sentaram finalmente no Cessna para fazerem aquela derradeira viagem ao Porto, deram de novo as mãos e assim viveram os últimos trinta e oito segundos das suas vidas.

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