Travessa, a livraria carioca mais charmosa chegou a Lisboa
A carioca Livraria da Travessa inaugura a sua primeira loja fora do Brasil. O cocktail de abertura contou com a presença da cantora e compositora brasileira Adriana Calcanhotto.

Em 1975, o bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro, abrigava a pequena Livraria Muro, espaço de resistência política, onde se encontravam livros que contestavam o regime militar ditatorial – naquela época, há 11 anos em vigor no Brasil. A ditadura acabou em 1985 e, em 1986, passou a ser Livraria da Travessa, já que tinha morada na icónica Travessa do Ouvidor, no centro da cidade.
Nos anos seguintes, a livraria especializou-se no mercado de livros de arte e nos livros importados. O sucesso garantiu a expansão e, hoje, existem oito no Brasil (seis no Rio de Janeiro, uma em São Paulo e uma em Ribeirão Preto). A nona, em Lisboa, é o primeiro fora do país, conquistando também o mérito de ser a primeira livraria brasileira com loja internacional.

A inauguração oficial da Livraria da Travessa aconteceu no último domingo, dia 19 de maio, na Rua da Escola Politécnica, no Príncipe Real. O espaço estará integrado na já adorada Casa Pau-Brasil, que oferece uma curadoria de marcas e produtos do melhor que há made in Brasil. A apresentação assinalou o lançamento do livro de poemas Retratos com Erro do escritor brasileiro Eucanaã Ferraz – que esteva presente – apresentado por Rosa Maria Martelo e Pedro Mexia e contou com uma sessão de leitura pela cantora e compositora brasileira Adriana Calcanhotto, que partilhou a sua satisfação com a Máxima. "Fazendo esse tipo de coisa os artistas vêm, os escritores vêm. A gente tem um polo como esse, um espaço físico onde não só a cultura brasileira está aqui, como a gente pode se encontrar (…). Eu nem entrei direito, mas já estou vendo daqui umas caras brasileiras muito importantes da Cultura conversando com as pessoas, trocando ideias. Isso eu acho muito importante. As pessoas da livraria estão de parabéns. É uma grande livraria no Rio e será uma grande livraria aqui. É uma felicidade", declarou.
A Travessa é reconhecida pela sua curadoria literária e pelo projeto de arquitetura, que oferece um espaço distinto do tradicional. E principalmente pela sua extensa programação cultural, na qual são realizados mais de mil eventos ao ano, de apresentações de livros a exposições e concertos. Aqui em Lisboa são mais de 300 m², com lugar para a literatura brasileira inédita em Portugal e também para autores portugueses e internacionais.
O projeto de se fincar em terras lusitanas já somava mais de um ano e meio. "A nossa forma de enxergar livraria cria demanda e seduz o cliente de uma forma muito bacana. Ela proporciona o encontro do leitor com o livro, que essa é a função da livraria. E dentro de Lisboa, eu conheci e me apaixonei pelo Príncipe Real", partilha connosco Rui Campos, diretor da Livraria da Travessa. Rui também explica que estar em Lisboa tem o propósito maior de câmbio cultural. "Essa troca vai ser muito boa. Eu estou ansioso para que a gente tenha praticamente uma livraria portuguesa no Brasil. E esse é um dos motivos do porquê abrir uma livraria aqui, para aumentar esse intercâmbio, para poder levar para o Brasil essa produção maravilhosa daqui e poder trazer para o público português e para o público estrangeiro – que é enorme em Lisboa – a produção de lá."

O novo ponto de encontro e intercâmbio Brasil-Portugal não seria o mesmo se não fosse na Casa Pau-Brasil. "Eu sou um cliente importante da Livraria da Travessa no Rio. E grande parte das reuniões que se realizaram com muitas das marcas que estão na Casa realizaram-se na Livraria da Travessa, por isso, enfim, todo aquele ambiente sempre me foi muito familiar", confessa o empresário português Rui Gomes Araújo, fundador da Casa Pau-Brasil, trineto de brasileiros e com ligações eternas ao país tropical. "Desde o início que a proposta da Casa é uma proposta que quer ser uma casa comercial, mas também uma cultural. E, por isso, era para nós muito importante ter uma proposta cultural profissional. E, nessa medida, a Livraria da Travessa era absolutamente incontornável e não precisava tradução. Há uma empatia muito grande com aquilo que é o perfil e a visão da livraria, que é um espaço para estar, um espaço confortável. Não é apenas uma livraria, como aquilo que é a proposta da Casa Pau-Brasil, que também não é só uma loja", explicou-nos Rui Gomes Araújo, dentro do espaço onde conta hoje com mais de 20 das melhores marcas brasileiras, da moda à beleza e decoração.

Snu, a mulher que no amor e na morte se cruzou com Portugal
Nasceu dinamarquesa, mas diziam-na sueca. Chamava-se Snu, mas foi Ebba o nome que os pais lhe deram. 40 anos após a morte de Sá Carneiro e Snu Abecassis, recordamos o texto de Helena Matos sobre esta fascinante mulher.