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Moda / Tendências

Do nu ao gráfico: a reinvenção do naked dress

De Marilyn Monroe em 1962 a Vivienne Westwood em 1977 e Cher em 1986, o que têm os naked dresses em comum? É a reivindicação do corpo feminino, sem vergonhas nem censuras, agora repensada por uma nova geração de designers.

Foto: Getty Images
30 de junho de 2022 às 11:02 Ana Filipa Damião e Ana Francisca Oliveira

Sedutor, ousado e divertido – assim é o icónico naked dress, uma peça que nunca sai verdadeiramente de Moda. De vestidos em tecido cor de pele a conjuntos semitransparentes, o vestido "nu" continua a servir de inspiração aos principais designers.

Kim Kardashian - críticas à parte - deslumbrou na MET Gala deste ano com aquela que é uma das peças mais conhecidas da marca Jean Louis, desenhada por Bob Mackie, e que Marilyn Monroe usou para desejar os parabéns ao presidente John F. Kennedy, em 1962.

Foto: @kimkardashian

Na década de 70, Mackie vestia a inesquecível Cher na MET Gala de 1974, e na cerimónia dos Óscares de 1986 os vestidos foram tão controversos como icónicos.

Foto: Getty Images

Mas se a função do "vestido nu" é chocar e provocar, a ideia do seu descendente, se assim se pode chamar, é exatamente o oposto - esconder. De forma irónica e provocadora, mostra sem mostrar aquilo que não pode ser visto sem censura, lutando contra os preconceitos em relação ao corpo feminino.

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Foi, aliás, nessa senda que Vivienne Westwood, a mulher que trouxe o punk para as passerelles, apresentou em 1977 t-shirts com seios estampados, usadas depois pelo baterista dos Sex Pistols, Paul Cook - música e Moda unidas em torno dos mesmos valores. Em 2022, vimos Kylie Jenner a envergar orgulhosamente um bikini desenhado por Lotta Volkova para a Jean Paul Gaultier com a descrição Free the Nipple ("libertem o mamilo"), referência ao movimento que nasceu em 2012 com o documentário de Laura Esco, do mesmo nome.

Foto: Takashi Hatakeyama / The Kyoto Costume Institute
Foto: @kyliejenner

A campanha lutava pela igualdade de género e opunha-se à objetificação sexual do corpo feminino. Lutava pela oportunidade das mulheres poderem estar em topless na rua, tal como os homens, sem sofrerem repercussões. Hoje, a expressão é ainda utilizada como "grito de guerra" contra o duplo padrão que redes sociais como o Instagram exercem sobre o corpo humano, onde os mamilos masculinos não sofrem quaisquer censura, ao contrário dos femininos.

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Com rebeldia e determinação, o novo naked dress aposta em estampados híper-realistas do corpo feminino, eliminando o limite entre pele e peça, um trompe de l’oeil, que, em francês, significa "enganar o olho". Recorrendo a truques de perspetiva e a ilusão ótica, um desenho bidimensional aparenta ser de três dimensões.

Foto: Getty Images / @balmain
Foto: @yproject_official / @muglerofficial

Tradicionalmente utilizada em arte e arquitetura, a técnica saltou para as passerelles com Elsa Schiaparelli, quando a criadora desenhou uma t-shirt preta com uma gravata branca estampada, em 1930. A tendência reinventou-se no trabalho de marcas a já mencionada Vivienne Westwood, Hermès e mais recentemente por Olivier Rousteing para a Balmain, Pierre-Louis Auvray da Forbidden Knowledge ou pela designer portuguesa Constança Entrudo.

Foto: @constanca_entrudo / @forbiddenkn0wledge
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