Harry e Meghan: um casamento de hoje para sempre
Ser considerado o casamento de 2018 talvez não seja relevante, porque fica, sem dúvida, na História. Seja pelos protagonistas, sobre quem muito se tem escrito e falado ao longo de seis meses de noivado, seja porque a Casa Real acompanhou as celebrações nas redes sociais Twitter e Instagram ou porque ficou provado que a tradição pode ser reinventada sem ser danificada. A day to remember, dois anos depois.

A imagem da família real inglesa está a mudar. Ou melhor, já mudou. Não se trata de um chavão, mas de uma constatação. Terminada a cerimónia religiosa que uniu o príncipe Harry e Meghan Markle em casamento, a imagem de perfil do Palácio de Kensington nas redes sociais passou de uma fotografia com os duques de Cambridge e o príncipe Harry para uma outra fotografia na qual a estes se junta também Meghan Markle. A imprensa britânica já os apelidou de Fab Four e é a partir de hoje que este quarteto fantástico, que representa o futuro da monarquia britânica, está, oficialmente, completo.
A 19 de maio de 2018, o dia em que, ao meio dia em ponto, uma atriz norte-americana, birracial e divorciada subiu sozinha a escadaria da Capela de S. Jorge, no Castelo de Windsor, usando na cabeça uma tiara da rainha Mary (avó da rainha Isabel II) a segurar o peso simbólico de um véu com as flores dos 53 países da Commonwealth bordadas. Go Meghan!
Mas este foi apenas um dos momentos memoráveis de um dia de intensa celebração. O Palácio de Buckingham anunciou cedo pela manhã que os noivos sairiam do casamento como Duques de Sussex. Assim, às 12 badaladas da manhã, Meghan Markle preparava-se para passar de plebeia a Sua Alteza Real. Tudo ao contrário de um conto de fadas bem famoso, mas os noivos deixaram claro durante estes seis meses de noivado que tinham uma história de encantar só sua e que deixava antever um "e viveram felizes para sempre" à sua maneira.
A cerimónia religiosa estava marcada para as 12 horas, mas os convidados começaram a chegar às nove à Capela de St. George, em Windsor. Este templo data do século XV e tem uma grande relevância na família real. Na história recente foi aqui que se casaram Carlos e Camilla em 2005 e que o príncipe Harry foi batizado em 1984. Este era um casamento privado e não de estado, pelo que não estiveram presentes representantes das famílias reais da Europa. Assim desta vez o glamour da festa ficou a cargo dos convidados/celebridades. O ator Idris Elba e a apresentadora Oprah Winfrey, com vestido rosa claro assinado por Stella McCartney chegaram cedo. Bem depois e de seguida chegaram os casais George e Amal Cloney, com um vestido amarelo torrado que chamou sobre si todas as atenções, e David e Victoria Beckham, na emissão da Sky News anunciou-se mesmo "os Beckham!". Outras figuras conhecidas percorreram o caminho até à capela de St. George como a tenista Serena Williams, a atriz Carey Mulligan, o cantor James Blunt e os colegas de elenco da noiva na série Suits e os Middletons.
A família real chegou quase completa, com os tios e primos do noivo. Este chegou com o padrinho, o príncipe William. Dentro da capela trocavam-se cumprimentos e conversava-se animadamente, podemos ver também aqui Elton John e David Furnish, mas à medida que a hora da cerimónia se aproximava o colorido das roupas e toucados das convidadas e convidados foi-se organizando nos seus respetivos lugares. O príncipe Carlos e Camila chegaram de carro à porta da capela, bem como a mãe da noiva, Doria Raglan, e única familiar presente na cerimónia. Manda o protocolo que a rainha seja a última a chegar (antes da noiva) e assim foi, acompanhada pelo príncipe consorte, Filipe, duque de Edimburgo e com um vistoso casaco verde. Quando no interior da Capela tudo estava a postos, a noiva chega de Rolls Royce Phantom, e começa a escrever-se todo um novo e importante capítulo deste dia. Falemos do vestido

Depois de nomes como Ralph Russo e Erdem se terem tornado os mais falados, Meghan surpreendeu (e deslumbrou) com uma criação de Clare Waight Keller para Givenchy. Uma agradável surpresa que todos podemos descodificar lentamente à medida que a noiva saía do carro e subia a escadaria da capela: o decote barco que já se vislumbrava no carro, as mangas três quartos, a silhueta ajustada que terminava numa saia ampla com cauda e um véu cheio de significado que se desenrolava pelos degraus. Depois de passar por marcas como a Calvin Klein, a Gucci e a Pringle of Scotland, foi na Chloé que Clare Waight Keller conquistou um estatuo de criadora de moda de referência. Em março de 2017 protagonizou uma das importantes "transferências" do mercado da moda nos tempos recentes e passou a ser Diretora Artística na maison Givenchy, onde fez história por ser a primeira mulher ao leme da marca francesa e onde cria coleções de prêt-à-porter e Alta-Costura que são apresentadas nas semanas de moda de Paris. Respeitando o gosto minimalista da noiva e a herança de savoir-faire da marca, o vestido de noiva de Meghan Markle, feito numa seda branca muito especial, dispensou adornos e primou pela excelência do corte. O look escultural já vale a este vestido o título de ser o mais simples e minimalista da história da realeza britânica. Sobrou para o véu toda a decoração e seu simbolismo. Clare Waight Keller desenhou uma composição com flores de todos os 53 países da Commonwealth e mais duas como preferência pessoal, uma flor que cresce em Kensington (wintersweet) e a papoila da Califórnia, onde estão as origens da noiva. A composição de flores foi bordada num véu em tule de seda com cinco metros de comprimento.
Mas o vestido não era o único segredo bem guardado. E, se a escolha da criadora de moda surpreendeu, a tiara que a noiva escolheu para usar também: a Tiara Bandeau da Rainha Mary. A história desta peça começa em 1893, quando foi oferecida uma pregadeira com 10 diamantes à então princesa Mary como presente de casamento com o então príncipe George, Duque de York (são os avós paternos da rainha Isabel II). Mais tarde foi criada uma tiara em platina e diamantes que acomodasse esta pregadeira no centro, para a rainha Mary que, por sua vez, a deu à atual rainha em 1953. Esta tiara não é vista com frequência e hoje tornou-se certamente, uma das mais populares da coleção da Casa Real. A noiva completou o conjunto de acessórios com brincos e uma pulseira da casa Cartier.
Depois de toda a especulação feita ao longo da semana sobre o percurso que a noiva faria até ao altar, Meghan acabou por entrar na capela sozinha e foi, já lá dentro, conduzida até ao noivo pelo braço do príncipe Carlos. Quando se juntaram no altar Harry disse à sua prometida: "You look amazing. I am so lucky!". Um noivo que não conseguiu esconder a emoção e que na véspera do casamento apanhou flores do jardim privado de palácio de Kensington para compôr o ramo da sua noiva. Os noivos trocaram alianças diferentes: para a noiva uma aliança em ouro galês (dado pela rainha, como manda a tradição) e para o noivo uma aliança em platina. A cerimónia religiosa prometia ser multicultural e assim foi. Entre o entusiástico discurso do reverendo americano Michael Curry e o coro de gospel que cantou Stand by Me estão dois dos momentos mais memoráveis e emotivos
Às 12:40 o Arcebispo da Cantuária pronunciou o príncipe Harry e Meghan Markle "marido e mulher". E quando saíram juntos da capela, entre uma majestosa moldura de flores que envolvia a porta, deram o primeiro beijo para o público e partiram num cortejo de charrete para um banho de multidão que os aguardava nas ruas de Windsor. Estava concretizado o casamento real.

Ficam para a história deste dia os príncipes George e Charlotte que integraram o grupo de pajens da noiva. O aguardado regresso da duquesa de Cambridge depois do nascimento do príncipe Louis há cerca de três semanas foi discreto, hoje a protagonista era Meghan. Fica também na história desta festa um grupo de 2640 convidados dos noivos, composto por exemplo por crianças das escolas de Windsor e funcionários do castelo, que assistiu ao casamento no relvado no Castelo de Windsor e até foi convidado a levar lancheira. Houve uma receção de almoço oferecida pela rainha Isabel II que contou com uma atuação de Elton John. E, claro, apesar das previsões de chuva feitas há semanas, o radiante sol que iluminou toda a festa foi um importante elemento a referir.
Os noivos partiram às sete horas da tarde para uma receção oferecida pelo príncipe Carlos a 200 convidados. Para esta festa o noivo usou um fato e a noiva um longo vestido em crepe branco da criadora Stella McCartney e seguiram ambos no Jaguar E- Type descapotável para o fim do seu grande dia.
Com mais de 100 mil pessoas nas ruas de Windsor e uma audiência televisisva estimada, para já, em quase dois mil milhões de pessoas pelo mundo, a realeza e os contos de fadas continuam a fazer a sua magia.

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