Double standards? Sam Smith é alvo de homofobia e fat-shaming devido a videoclipe
As redes sociais inundaram-se de comentários maldosos sobre os looks que a estrela não-binária usou no videoclipe da sua nova música I'm Not Here To Make Friends.

Em 2019, o cantor assumiu ser não-binário, durante uma entrevista à atriz, apresentadora e ativista Jameela Jamil. Por isso, Sam Smith conhece bem a realidade de se ser não-binário no Reino Unido, onde vive, uma realidade que nem sempre é tão inclusiva como gostaria. Numa entrevista recente, noticiada pelo site People, o artista confessou que "estava a ser verbalmente abusado na rua mais do que nunca" desde que se assumiu em 2019 (Sam Smith refere-se a si no plural, "nós"). "A parte mais difícil foi estar em casa e ter pessoas a gritarem comigo da rua. Alguém cuspiu na minha direção, na rua. É uma loucura".
O caminho não é o mais suave, mas isso não impede Sam Smith de ser fiel a si mesmo, como exemplifica no videoclipe da sua música I'm Not Here To Make Friends, partilhado no Youtube no passado dia 27 de janeiro. No vídeo, Sam veste diversos looks extravagantes ao longo de quatro minutos, de folhos rosa-choque que lhe cobrem o corpo todo a lingerie estilo Moulin Rouge. Este outfit em especial - corpete creme e tapa-mamilos da mesma cor, luvas altas e uma tiara recheada de brilhantes - está a criar polémica nas redes sociais. Enquanto alguns internautas mostram o seu desagrado através de comentários, outros defendem o artista, acusando os "trolls" de fatphobia (discriminação contra pessoas obesas ou com mais peso do que o padrão de beleza atual) e homofobia (discriminação contra membros da comunidade LGBTQIA+).

O caso agrava-se se recordarmos os looks que Harry Styles (recebidos de forma positiva por muitos) usa durante os seus concertos e em eventos, como macacões com lantejoulas, calças cor-de-rosa, plumas e blusas transparentes.
I see a lot of people trashing Sam Smith for wearing this fab jumpsuit but praising Harry Styles for wearing basically the same thing. Gross. pic.twitter.com/KjOYxrDQOz

im absoIuteIy disgusted pic.twitter.com/SdGSLSWp6O
Na ponta oposta do espectro, lêem-se frases como: "Para ser sincero, não é preciso gostarem da música de Sam Smith ou da sua arte. Cada um na sua, mas esta brigada de ódio que está a acontecer aqui e nos meios de comunicação é desnecessária" ou "a quantidade de homofobia e fat-shaming de que o Sam está a ser alvo ultimamente (e também por parte da sua comunidade) é tão dececionante".

E há mais. "O sexo tem sido sempre um tema recorrente na música pop moderna, e os videoclipes exibem-nos frequentemente. Mas Sam Smith é responsável pelo crime de a) ser queer e b) não ser magro, e numa cultura cada vez mais anti-LGBTQ, isso não pode ser tolerado".

A imagem de Ashley Graham que é uma reação à pressão pós-parto
A modelo, mãe de gémeos há cerca de um ano, recorreu às redes sociais para provar (mais uma vez) como um corpo pós-gravidez não deve ser algo a esconder.
Quase um em cada cinco franceses dizem entender os pais que recusam os filhos LGBTQIA+
Foi a 17 de maio de 2005 que se comemorou pela primeira vez o Dia Internacional contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia, com o principal objetivo de consciencializar as pessoas do respeito essencial pelos direitos da comunidade LGBTQIA+. Dezoito anos depois, isso ainda não acontece.
Sam Smith, a liberdade e os pais das crianças ofendidos
"Os internautas que se queixaram do concerto de Sam Smith em Lisboa – os que foram e os que não foram, porque haverá de tudo – não conseguem processar o conceito de performance, de staging, de espectáculo, em último caso." Porque ofende, afinal, o rabo de Sam Smith?