Afinal, o problema não está só em Harvey Weinstein, mas também nos muitos outros homens que têm abusado inúmeras mulheres (e das mais diversas) formas sem que nada seja feito.
Recentemente, durante um evento em Los Angeles dedicado às mulheres, novos testemunhos foram dados relativamente a este assunto. Testemunhos de peso, com vozes ativas como as de Jennifer Lawrence, Jessica Chastain, America Ferrara ou Reese Witherspoon, que assumiram terem sido vítimas de abusos sexuais.
E as denúncias começam a chegar agora também ao mundo da moda… Christy Turlington e a modelo portuguesa Sara Sampaio são dois exemplos recentes disso. Antes, já a modelo norte-americana Cameron Russell havia partilhado no seu Instagram várias histórias horríveis de abuso de outras modelos que não querem dar a cara. Quase em resposta a isso, Carla Bruni veio defender que não existe abuso sexual na indústria da moda: ‘Claro que existem pessoas medonhas na moda, tal como em qualquer outra indústria, mas a moda não é tão perigosa para as jovens raparigas. Há imenso trabalho, muitas viagens, e por isso tem que haver muita disciplina. Eu diria que é dos trabalhos mais seguros no mundo do espectáculo. As pessoas não querem abusar das raparigas – querem fotografá-las. É um ambiente saudável.’
1 de 10
BLAKE LIVELY | A atriz teve uma má experiência com um maquilhador: “Ele cmeçou a dizer coisas inapropriadas, e insistia em por-me o batom com o dedo dele. Uma vez eu estava a dormir no set de gravações, acordei e ele estava a filmar-me. Eu estava vestida, mas foi algo muito voyeurista e assustador de se fazer. Depois de três meses a queixar-me disso aos estúdios, um dia chamaram-me e disseram ‘Precisamos de falar contigo’. Eu pensei, bom, finalmente vão fazer alguma coisa em relação a este homem. E eles disseram ‘O teu cão fez as necessidades atrás da casa de banho, no teu quarto e o nosso encarregado de limpeza teve que ir limpar. Isto é algo muito grave e não podemos permitir que volte a acontecer’”
PUB
2 de 10 /JESSICA CHASTAIN | “Havia um produtor que me dava palmadinhas sempre que eu passava por ele num corredor. Eu não dizia nada, porque tinha medo de ser despedida. Mas deixei de me fazer invisível, ou pequena, e para meu choque e felicidade, a minha carreira não acabou. Ao falar, fui percebendo que se um realizador ou estúdio não me dá emprego por causa da minha visão no que respeita à igualdade, diversidade ou abuso sexual, não me importo. Esta é uma indústria cheia de sexismo, racismo e homofobia.”
3 de 10
MOLLY WINGWALD | “Quando eu tinha 13 anos, um membro da equipa de filmagens de 15 disse-me que me ia ensinar a dançar, e a certa altura encostou-se a mim com uma erecção. Aos 14, um realizador casado colocou a língua dele na minha boca nos bastidores. Nos meus vintes, fui surpreendida durante um casting, pelo realizador que me perguntou de forma retorica para eu deixar o ator principal colocar a coleira de um cão no meu pescoço.”
4 de 10 /JENNIFER LAWRENCE | Quando era bem mais nova e estava a começar, um grupo de produtores disse-me para perder 15 kg em duas semanas ou então seria despedida. Uma rapariga antes de mim já havia sido despedida por não o fazer. Uma produtora obrigou-me a estar em fila com mais cinco raparigas nuas e mais magras do que eu. (…) Depois desse momento humilhante, a produtora disse-me que devia usar aquela imagem para me inspirar na minha dieta.”
PUB
5 de 10 /LAURA DERN | “Hoje acordei a pensar em como fui uma das sortudas, porque eu cresci com dois atores que me contaram as suas histórias, que me alertaram para aquilo que devia ter atenção. E foi a minha mãe que a certa altura me disse: ‘Não, não, não, Laura, isso foi abuso sexual. Isso foi abuso. Não, tu tinhas 14 anos na altura.’ E aí percebes como na nossa cultura se justificou e se tratou comportamentos condenáveis como se fossem uma norma.”
6 de 10 /REESE WITHERSPOON | “Tenho sentido dificuldade em dormir. É um misto de emoções/ansiedade por ser honesta, culpa por não falar, nojo do realizador que abusou de mim quando eu tinha apenas 16 anos e fúria por achar que o silêncio era condição para conseguir emprego. Quem me dera poder dizer-vos que se tratou apenas de um incidente. Infelizmente, tive muitas outras experiências e não falo sobre elas frequentemente. Mas depois de ouvir estas mulheres esta noite, a serem tão abertas e honestas, isso fez-me querer falar. E na verdade, sinto-me menos sozinha.”
7 de 10 /AMERICA FERRARA | “A primeira vez que me lembro de ter sido sexualmente abusada, tinha 9 anos. Não contei a ninguém e vivi com essa vergonha e culpa, pensando que eu, uma menina de 9 anos, seria a responsável pelas ações de um homem crescido. Eu tive de lidar com esse homem todos os dias durante anos. Ele sorria para mim e acenava-me, e eu corria a fugir dele, o meu sangue congelava. Ele esperava que eu fechasse a minha boca e sorrisse de volta para ele.”
PUB
8 de 10
CHRISTY TURLINGTON | “Posso dizer que o abuso e o desrespeito sempre fizeram parte da indústria da moda e sempre foi tolerado. A indústria está repleta de predadores que se aproveitam da constante rejeição e solidão que tantas de nós experienciaram em algum momento das nossas carreiras. Sinto-me sortudo por pessoalmente nunca ter passado por nenhuma experiência traumática, mas sei que isso não é a norma. Em tempos, eu não sabia sequer ao cuidado de quem estava nas primeiras viagens que fiz para Milão, Paris ou Londres. Chegava lá e tinha uma espécie de playboy assustador à minha espera. "
9 de 10
CAMERON RUSSELL | Uma das histórias partilhadas pela modelo: “Eu tinha 15 anos e fui mandada pela minha agência, na altura a Storm em Londres, para a minha segunda produção fotográfica. Fui sozinha de comboio, uma viagem de 3 horas até Londres. A agência garantiu-me que havia uma pessoa a companhar-me na sessão fotográfica pelo facto de eu ser menor… não havia. Era só eu e o fotógrafo no seu estúdio/apartamento. Ele tirou-me fotografias em lingerie e no sofá e disse que a indústria era só sexo e fez um olhar sexy. (…) Ele depois aproximou-se e perguntou-me se eu era virgem e começou a tocar-me.”
10 de 10
SARA SAMPAIO | “Eu concordei fazer uma sessão fotográfica para a capa da edição de outono da revista Lui, com a condição de que NÃO haveria NUDEZ. (…) Mesmo com essa cláusula de ‘NÃO NUDEZ’ no contrato, fui agressivamente pressionada para fazer fotos nua (…)”
Em entrevista à MTV a cantora prometeu não voltar a cantar a canção Cola, por conter na letra referências ao produtor de Hollywood recentemente acusado de assédio sexual.
O maior escândalo sexual da Meca do Cinema está a revolucionar a forma como a sociedade percepciona os limites do nepotismo machista. A queda estrondosa de Harvey Weinstein pode ser um enorme despertar para uma tentativa de um mundo com maior igualdade sexual. Alguém tem de fazer uma série ou um filme com estas histórias...