Marchesa: boicote ou nem por isso?
O futuro incerto da marca de Georgina Chapman, a futura ex-mulher do produtor Harvey Weinstein.

A polémica rebentou em Hollywood, com o The New York Times a publicar uma reportagem que deitou por terra o poder e influência de Harvey Weinstein, um dos maiores produtores de cinema da indústria.
Pelo meio das muitas acusações que surgiram por parte de atrizes de Hollywood, encontrámos relatos de experiências de abusos, mas também de persuasão por parte de Weinstein para que vestissem Marchesa em eventos públicos. De recordar que o produtor é casado com Georgina Chapman, uma das fundadoras da conhecida marca Marchesa.

Poucos dias depois do escândalo ser tornado público, Georgina pediu o divórcio e declarou à revista norte-americana People que o seu coração estava destroçado "por todas as mulheres que sofreram tamanha dor na sequência das ações imperdoáveis" de Weinstein. Acontece que, independentemente disso, as mesmas vozes que se viraram contra o produtor parecem estar também contra a marca Marchesa. Nas redes sociais começou a ver-se partilhada a hashtag #BoycottMarchesa, na tentativa de que ninguém compre nada da marca de moda de Georgina. Sabe-se também que muitas lojas sentiram uma paralisação no que toca à venda de produtos da marca.
Não é, por isso, possível saber-se ao certo o que irá acontecer à marca. Ultrapassará este momento frágil e complicado? Ou será absorvida pela polémica? Aconteça o que acontecer, é importante ter em conta as recentes acusações de atrizes que afirmam terem sido obrigadas a vestir roupa da marca nas antestreias de filmes e outros eventos ligados ao cinema, como os Óscares ou os Golden Globes.
A Marchesa foi fundada em 2004 por Georgina Chapman e pela modelo Keren Craig, sendo que Chapman não tinha qualquer experiência no mundo dos negócios. Coincidência ou não, pouco depois conheceu Weinstein e em apenas três anos conseguiu que algumas das maiores estrelas de Hollywood vestissem os seus modelos nas mais emblemáticas red carpets do mundo inteiro. Sienna Miller, Jennifer Lopez, Halle Berry, Renée Zellwegger ou Blake Lively foram apenas alguns dos nomes que, por diversas vezes, vestiram Marchesa.

Harvey Weinstein, sim, tinha uma já longa ligação ao mundo da moda. Em 1994, produziu o filme Pret-a-porter e o reality show Project Runway, foi o distribuidor do primeiro filme de Tom Ford nos Estados Unidos e colaborou na reformulação de marcas como a Halston e a Charles James. Ele próprio serviu-se do mundo da moda para chegar a mulheres mais frágeis, vulneráveis e jovens. Até hoje, mais de dez modelos, incluindo Cara Delevingne, vieram a público acusar Harvey Weinstein. Seja como for, muitos acreditam que Georgina Chapman terá aceitado a ajuda de Weinstein para fazer crescer a sua marca.
A Helzberg Diamonds, com quem Georgina se preparava para colaborar numa linha de anéis de casamento, anunciou a suspensão da mesma depois das acusações contra Harvey Weinstein serem divulgadas. A própria Marchesa suspendeu a apresentação da sua próxima coleção.
Especula-se ainda se Georgina Chapman saberia das ações do marido e até que ponto. Ainda assim, têm surgido algumas vozes de apoio a Georgina Chapman. É o caso de Steven Kolb, CEO do Council of Fashion Designers of America (CFDA): "Como criativa e membro do CFDA, ela merece todo o apoio da indústria." Também Anna Wintour, diretora da Vogue americana, referiu que o comportamento de Weinstein é "inaceitável", assegurando que o seu coração está "com todas as mulheres" que sofreram e "com Georgina e os seus filhos". Tom Ford, Sarah Jessica Parker e Lauren Santo Domingo também demonstraram o seu apoio de forma idêntica.

Na fotogaleria em cima, recordamos alguns dos looks Marchesa usados por várias atrizes de Hollywood ao longo dos anos.

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