Em maio de 2023, Haenel anunciava ao mundo o fim da sua carreira em prol de justiça. Numa carta publicada no jornal semanal francês Télérama, Adèle Haenel explicava o motivo que a levava a deixar a sua carreira no cinema e a dedicar-se apenas ao teatro, como na altura noticiou a Máxima.
A atriz acusava formalmente sobretudo Christophe Ruggia, realizador francês de 60 anos, de a agredir sexualmente quando ela era menor de idade, embora tenha falado dos abusos logo em 2019, pouco tempo depois de o #MeToo começar a ser falado em França. Os abusos remontam às rodagens do filme Les Diables – sobre um relacionamento quase incestuoso – em 2002, quando a atriz tinha apenas 12 anos e este 36. Segundo a atriz, durante uma viagem para promover o filme, o diretor terá feito um convite para esta ir até à sua casa e posteriormente tentou beijá-la. De acordo com a investigação do Mediapart - que incluiu cerca de 30 outras testemunhas - Ruggia terá desenvolvido uma obsessão por Haenel durante as filmagens do filme.
Em fevereiro de 2025, a atriz de 35 anos vence finalmente o caso, e como explica a imprensa francesa, a condenação foi um marco para os tribunais franceses, como sendo o primeiro grande caso a enfrentar uma acusação de má conduta sexual na indústria cinematográfica do país desde o surgimento do movimento #MeToo em 2017.
Gilles Fonrouge, juiz no caso, condenou Ruggia a uma pena de quatro anos, e ainda a pagar 50 mil euros em danos. "Aproveitou-se da influência que tinha sobre a jovem atriz Adèle Haenel", terá dito em tribunal.
Adèle Haenel tem sido uma voz ativa em França, no que respeita ao #MeToo, tendo, em 2020, sido porta-voz da contestação da entrega de um Cèsar a Roman Polanski, de Melhor Diretor pelo seu filme O Oficial e O Espião. A atriz abandonou a cerimónia, seguindo-se de outras mulheres.