Amantes da realeza: os maiores escândalos e desamores

Fizemos uma lista dos melhores casais que se tomaram de arroubos nos cantos escuros de castelos e palácios. Venha connosco nesta breve viagem pela libertinagem da realeza europeia.

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22 de janeiro de 2024 às 07:00 Madalena Haderer

Se Juan Carlos de Espanha foi corrido do trono e semi-exilado em Abu Dhabi deve-o, em grande medida, ao facto de, em 2008, ter ido caçar elefantes para o Botswana com a sua então amante, Corinna zu Sayn-Wittgenstein-Sayn, e de, em cima disso, lhe ter dado 65 milhões de euros. Já no Reino Unido, a atual rainha consorte, teve mesmo sorte e passou de amante de longa data, a mulher legítima e agora a rainha – nestas coisas, não há nada como saber esperar. Sobre William, o príncipe herdeiro, diz-se que teve um caso com uma amiga próxima da família, a aristocrata por casamento Rose Cholmondeley – algo que foi sempre desmentido e, a ser verdade, demonstraria, no mínimo, uma certa falta de imaginação de William, um vez que Rose é uma versão vagamente enfezada de Catherine. Até da Dinamarca, povo recto – quanto mais não seja pela altura – e de cabeça fria – quanto mais não seja pela temperatura – chegam rumores de um possível envolvimento de Frederico X – que acaba de subir ao trono depois da abdicação da mãe, a rainha Margarida II – com a socialite mexicana, Geneveva Casanova, fotografados juntos numa viagem privada a Madrid.

É nos séquitos reais que se escondem algumas (e alguns) dos amantes mais célebres, infames e glamorosos da história. Umas perderam a cabeça – tanto no sentido real, como no figurativo. Outras subiram ao trono e, mesmo assim, perderam a cabeça. Outras ainda subiram ao trono e ainda lá estão. Muitas foram influentes e algumas contribuíram para a queda do rei que as recebia no seu leito. Há de tudo. Até o caso de uma bisavó e de uma bisneta amantes na mesma casa real – quem sai aos seus não degenera, nem mesmo quando os seus já são degenerados. 

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Madame de Pompadour e Luís XV

Esta é, talvez, a amante mais famosa de todos os tempos. Foi a amante oficial ou maîtresse-en-titre – podemos sempre contar com os franceses para transformar a libertinagem numa coisa chique – do rei Luís V entre 1745 e 1751, continuando a exercer a influência sobre o rei até à sua morte, em 1764. Chamava-se Jeanne Poisson e vinha de uma família relativamente humilde – o pai era funcionário do governo e fugiu do país depois dum escândalo de corrupção, deixando-a a ela e à mãe na penúria. Um dia uma vidente disse-lhe que ela seria amante do rei e, por conta disso, um amigo do pai providenciou-lhe uma educação privada digna de aristocrata – há horas de sorte. Aos 19 anos casou com um financeiro e começou a movimentar-se por Paris, sempre à procura do peixe gordo que lhe haviam prometido e que depressa encontrou. Luís XV ficou encantando com ela, deu-lhe o título de marquesa de Pompadour, e despachou-lhe o marido para longe. Pompadour tornou-se uma patrona das artes e do Iluminismo. Tinha uma saúde frágil e morreu nos braços do rei, que cuidou dela até à morte.

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Madame du Barry e Luís XV

Depois da morte de Madame de Pompadour, Luís XV apaixonou-se por Jeanne Becú, que veio a ser a sua última maîtresse-en-titre, mas, antes, foi preciso branqueá-la, uma vez que Jeanne era uma prostituta que se tornou cortesã de alta classe. Recusando ter uma amante oficial que não fosse aristocrata, Luís XV casou-a com o conde Guillaume du Barry e depois levou-a para Versalhes. Para manter a sua amante feliz, o rei oferecia-lhe joias, roupas e até um escravo. Relatos destas extravagâncias espalharam-se por França e anos depois, durante a Revolução Francesa, já depois da morte de Luís XV e da subida do ao trono do seu filho Luís XVI, Madame du Barry foi guilhotinada.

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Duquesa de Polignac e Maria Antonieta

Uns anos depois, Luís XVI, filho de Luís XV e herdeiro do trono, casa-se com Maria Antonieta (a dos brioches). Parece que a sua preferência por texturas doces, macias e delicadas se estendia da panificação à escolha de amantes. Maria Antonieta e Gabrielle de Polignac tiveram uma amizade muito próxima, com a rainha a despejar dinheiro, presentes e joias em cima de Gabrielle, o que causou rumores de que as duas seriam, na verdade, amantes. Gabrielle morreu em Viena, poucos meses depois de Maria Antonieta ter sido guilhotinada, supostamente de desgosto – os historiadores apontam cancro como causa mais provável. Se tivesse ficado em Paris, certamente, teria tido o mesmo destino da rainha.

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Camilla Parker-Bowles e Príncipe Carlos

Um caso raro, porque bem-sucedido – até ver – de uma amante que é, não só, promovida a mulher, mas também a rainha. Paciência, poder de encaixe, sentido de humor, capacidade de se fazer cor de papel de parede, Camilla teve tudo isso e muito mais e é, talvez por tudo isso, e por outras coisas que nunca saberemos, que depois de décadas de caso extraconjugal – com direito a escutas telefónicas de Carlos a dizer que queria ser um tampão no interior da amante – Camilla acabou casada com então príncipe de Gales e, finalmente, coroada rainha consorte. Tudo isto ao longo de mais de cinco décadas, desde que se conheceram num jogo de polo em 1970.

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Alice Keppel e Eduardo VII

Sobre Camilla quase nada ainda é uma surpresa, excepto talvez isto: a rainha consorte é bisneta de Alice Keppel, que foi amante do rei Eduardo VII, o trisavô do atual rei Carlos III, seu marido. Quem sabe, até, se esta espécie de nódoa moral no pano genealógico de Camilla não promoveu a recepção morna que o seu namoro com Carlos obteve da família real, nos anos 70? Não importa. O que importa agora é saber quem foi Alice Keppel: uma aristocrata inglesa famosa pela sua beleza e figura de ampulheta, mas também por ser gentil, bondosa e grande namoradeira. Keppel conheceu Eduardo em 1898, quando ainda era príncipe, tinha ele 56 e ela 29. Foram amantes durante 12 anos, mesmo depois de ele ser coroado rei e até à sua morte em 1910.

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Wallis Simpson e Eduardo VIII

A propósito de Eduardos, é impossível não mencionar o escandaloso caso amoroso que, até há bem pouco tempo ainda ensombrava a família real. Não fosse por estes dois, talvez Margarida, a irmã da rainha Isabel II tivesse podido casar-se com Peter Townsend, o homem divorciado que foi a sua primeira escolha, e talvez até Carlos tivesse podido casar-se com Camilla mais cedo. Nunca saberemos. O que sabemos é que Wallis, uma americana duas vezes divorciada, fez com que Eduardo VIII abdicasse do trono para poder casar com ela. Algo de inédito. Outros reis tiveram dilemas parecidos, mas resolveram-nos de formas mais…Eficientes.

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Ana Bolena e Henrique VIII

Quando Henrique VIII se quis divorciar da sua primeira mulher, Catarina de Aragão, para se casar com Ana Bolena, o Papa não deu a sua permissão. Em vez de abdicar, como certos e determinados choninhas, Henrique VIII cortou relações com o Papa e tornou-se ele próprio chefe da Igreja. Pelo caminho, torceu braços, enfiou opositores na cadeia e limpou-lhes o sarampo. Por seu lado, Ana Bolena, que não estava interessada em ser só mais uma amante – a sua irmã Maria já tinha sido outra – levou, alegadamente, sete longos anos a levantar a saia com uma mão e a baixar com a outra, sem nunca dar a Henrique VIII exatamente o que ele queria (sim, estamos a falar de sexo), não sem atingir o patamar de mulher legítima. O pior é que o patamar transformou-se em cadafalso e a sua cabeça rebolou de lá abaixo. Henrique VIII, afinal, resolvia as contrariedades todas da mesma maneira.

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Robert Dudley e Isabel I

Isabel, filha de Ana Bolena e Henrique VIII, teve oportunidade de ver, com os próprios olhos, as desgraças que aconteciam às mulheres por via do casamento. Das suas seis mulheres, Henrique divorciou-se de duas, mandou cortar a cabeça a outras duas, e outra morreu pouco depois de dar à luz. De acordo com os historiadores, Isabel teve um grande amor ao longo da vida: Robert Dudley, conde de Leicester – se chegou a ser consumado, ninguém sabe; é certo que ela passou a ser conhecida com o cognome de Rainha Virgem, mas estas coisas têm sempre uma certa margem de manobra e dose de subjetividade. Os jovens conheceram-se em 1554, quando tinham pouco mais de 20 anos, na Torre de Londres, onde estavam ambos presos pelos seus envolvimentos (ou supostos envolvimentos) em intrigas palacianas. A sua relação de amizade ou outra espécie durou até à morte dele, em 1588. Robert foi seu confidente, amigo e conselheiro, talvez amante, mas marido nunca pôde ser.

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John Brown e rainha Vitória

A rainha Vitória também teve um grande amor, o seu marido, príncipe Alberto, com quem teve nove filhos. Só que, depois de ele morrer, consta que teve um outro: John Brown, um escocês, empregado da casa real, que começou por ser ajudante de campo do príncipe Alberto e depois passou para assistente pessoal da rainha. Quando Alberto morreu subitamente, de febre tifóide, aos 42 anos, Vitória, que tinha a mesma idade, teve um desgosto do qual nunca recuperou e passou o resto da vida de luto. Consta que desse momento em diante John Brown foi uma grande fonte de conforto. Uma amizade próxima que a rainha recompensava com toda a sorte de presentes e honrarias, para grande frustração e ira dos seus filhos, que tentaram separá-los a todo o custo, mas sem sucesso. Chegou a dizer-se que Vitória e Brown tinham casado em segredo, algo que a rainha desvalorizou como sendo "coscuvilhice de classe alta". Depois da morte de Brown, Vitória, que ainda havia de viver quase mais 20 anos, mandou erigir-lhe uma estátua.

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Timothy Laurence e Princesa Ana

A relação amorosa da irmã do rei Carlos III com o atual marido, Timothy Laurence, começou quando a princesa ainda estava casada com o seu primeiro marido Mark Philips, pai dos seus dois filhos. O facto de, em 1985, Philips ter tido uma filha, fruto de uma relação extraconjugal, é capaz de não ter ajudado à união do casal. Certo é que, em 1989, três anos antes de o divórcio entre Ana e Mark Philips estar finalizado, o jornal inglês The Sun publicou cartas privadas entre Ana e Timothy Laurence. Em abril de 1992, a princesa Ana divorciou-se do seu primeiro marido e em dezembro do mesmo ano casou com Timothy Laurence. Os dois conheceram-se no Britannia, o famoso iate da família real, quando Laurence era comandante da marinha real britânica.

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