É verdade que a vulva pode desaparecer na menopausa?
De acordo com a médica urologista Kelly Casperson, na fase pós-menopausa as mulheres têm níveis de estrogénio inferiores aos dos homens. E isso cria inúmeros problemas e sintomas que podem e devem ser tratados.

A 18 de outubro celebra-se o Dia Mundial da Menopausa, momento mais-que-perfeito para refletir sobre as dificuldades por que passam as mulheres nesta fase da vida. Muitas relatam sintomas como ansiedade, irritabilidade, cansaço, insónias, depressão, desregulação do ciclo menstrual, problemas urogenitais, secura vaginal, dor no acto sexual, perdas de urina, infecções urinárias recorrentes, calores nocturnos, suores frios, dores nas articulações, problemas de memória, zumbidos nos ouvidos, pele seca, entre outros. Podíamos ficar aqui muito tempo porque há dezenas de sintomas e a perimenopausa pode prolongar-se entre quatro a 10 anos, por vezes mais. Ou seja, considera-se que a menopausa está instalada quando a mulher passa 12 meses sem menstruar – a perimenopausa é a fase anterior, em que os níveis hormonais começam a oscilar. Portanto, se a idade média da menopausa é 50 anos, significa que aos 40 muitas mulheres começam a sentir alguns destes sintomas. Porém, em muitos casos, as suas queixas ainda são ignoradas ou desvalorizadas pelos médicos de família e até pelos ginecologistas.
É para que as mulheres conheçam os sintomas da perimenopausa e da menopausa que se celebra este dia. Porque informação é poder e assim, sabendo o que esperar desta fase da vida, saberão identificar o que está a acontecer e saberão também que não é para aguentar e que têm de pedir ajuda. Se forem desvalorizadas, devem mudar de médico e, de preferência, procurar um especialista em menopausa – se não estiverem limitadas ao SNS e puderem desembolsar o preço de uma consulta num médico privado.
Não é surpreendente, portanto, que ao longo do mês de outubro muito se vá falando sobre menopausa em inúmeros programas, artigos e podcasts. Um desses casos é o do podcast The Tamsen Show, apresentado pela jornalista norte-americana Tamsen Fadal, que aborda temas de saúde da mulher, menopausa, reinvenção na meia-idade, relacionamentos e bem-estar feminino. Num episódio recente, Tamsen convidou a médica urologista norte-americana Kelly Casperson, especializada em medicina sexual, terapia hormonal e saúde íntima no período da meia-idade, para uma conversa focada nos sintomas urogenitais que ocorrem na menopausa.
Durante o podcast, Tamsen Fadal pergunta a Kelly Casperson se é verdade que a vagina pode desaparecer durante a menopausa. A médica começa por esclarecer que a vagina é parte interior dos órgãos sexuais femininos, “aquele sítio onde metemos os tampões e por onde saem os bebés”, e isso não desaparece. “O que desaparece”, continua, “são os tecidos externos, aquilo a que chamamos vulva, que inclui o clitóris, os grandes lábios e os pequenos lábios. E o clitóris e os pequenos lábios são estruturas adultas por causa das hormonas. O que acontece na meia idade é que as hormonas diminuem, ao ponto de – e acho que muitas pessoas não sabem isto – mulheres na fase pós-menopausa terem níveis de estrogénio inferiores aos dos homens.”
A médica acrescenta ainda que isto é algo que as pessoas não sabem porque muitas nem sequer têm noção que os corpos masculinos produzem estrogénio, tal como os corpos femininos produzem testosterona. Ou seja, está errado pensar no estrogénio como a hormona feminina e na testosterona como a hormona masculina. Casperson conclui dizendo que é com enorme choque que muitas mulheres percebem que devem ter os níveis de estrogénio realmente muito baixos, quando descobrem que estão abaixo dos níveis considerados normais para um homem. “Isto, se não estiverem a fazer terapia de substituição hormonal”, sublinha.
“Quando o estrogénio e a testosterona diminuem, os lábios podem perder volume ou desaparecer e o clitóris pode encolher e ficar atrofiado. A excitação sexual pode tornar-se mais difícil porque o fluxo sanguíneo também fica reduzido”, conclui a médica.
Mulheres com estes sintomas devem pedir ajuda médica que poderá passar, por exemplo, pela terapia de substituição hormonal referida por Kelly Casperson – em que os níveis hormonais são repostos de forma medicamentosa – ou por aplicação tópica de um creme com estrogénio na zona vulvovaginal.

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