O colchão é capaz de ser uma das compras mais chatas e menos glamorosas e excitantes que qualquer pessoa terá de fazer ao longo da vida. Pior: se tiver uma cara-metade com preferências diferentes das suas, é mais que certo que vai dar direito a discussão. Um quer molas, outro quer látex. Um gosta de dormir numa tábua de madeira, como se fosse um monge tibetano, outro quer ser envolvido pelo abraço fofo de uma nuvem. Um inferno. Ainda por cima, não é um objeto barato, que dê para despachar ou deitar fora ao fim de um mês, se chegar à conclusão que escolheu mal. Portanto, a melhor coisa que qualquer pessoa pode fazer é tentar aumentar a duração do seu colchão ao máximo.
Invista num sobre-colchão
A primeira coisa a ter em consideração é o material. Os colchões de molas costumam durar entre cinco anos e meio a seis anos e meio. Já os colchões de espuma e híbridos têm uma vida útil um pouco mais longa – entre seis e sete anos. Os de látex são os mais duráveis, com uma média de 10 a 20 anos de vida. Posto isto, vale sempre a pena investir num sobre-colchão que é, na prática, um colchão muito fino, com menos de 10 cm de espessura, e que é colocado por cima do colchão normal, protegendo-o de nódoas e odores. Além disso, sendo mais fino é mais fácil de limpar e de pôr a arejar.
Se a ideia do sobre-colchão não lhe agrada, então não deixe de comprar, pelo menos, um protetor de colchão, com o máximo de espessura possível – quanto mais grosso, mais protege – e de fibras naturais, que respiram melhor e podem ser lavadas à máquina a 60 graus, que é a temperatura mínima para matar ácaros. Tanto uma opção como outra servem de barreira entre o corpo e colchão, absorvendo suor, sujidade, maquilhagem, células mortas e tudo mais que possa ser derramado numa cama. Saiba, ainda, que há dois tipos de protetor de colchão: os que se prendem ao colchão com tiras elásticas, e os que envolvem o colchão completamente, em duas metades com fecho éclair. Esta última opção protege melhor dos ácaros e outros bichinhos.
Roda, roda, vira
Outra regra importante é rodar e virar o colchão com frequência. Se o corpo estiver sempre a fazer pressão no mesmo sítio, o colchão começará a ficar deformado nessas zonas, começando a formar covas. Uma boa forma de não se esquecer é rodar e virar o colchão com a mudança das estações: da primavera para o verão, roda, do verão para o outono, vira, do outono para o inverno, roda, e do inverno para a primavera, vira. Na prática, a cada três meses ou roda ou vira o colchão, e assim garante uma utilização homogénea.
Truques tira-nódoas
Por muito que uma pessoa se esforce, a verdade é que os acidentes acontecem. Seja café, sumo de laranja ou fluídos corporais, mais cedo ou mais tarde, alguma destas coisas vai aterrar no seu colchão. O melhor que lhe podemos desejar é que isso não aconteça a meio da noite porque as nódoas devem ser atacadas de imediato. Experimente fazer uma pasta com sal e sumo de limão, deixe atuar sobre a nódoa durante 30 a 60 minutos, e depois esfregue com uma toalha húmida, muito bem torcida. Se o colchão for escuro, o limão pode "comer" a cor. Nesse caso, deve-se optar por mistura de água, detergente da loiça e bicarbonato de sódio.
Este último ingrediente é um grande aliado. A cada seis meses devemos espalhar bicarbonato de sódio em toda a superfície do colchão, deixar atuar durante umas horas e depois aspirar. Esta substância absorve os odores, ajudando a manter o colchão limpo e fresco.
E a propósito de frescura, todos nós suamos bastante durante a noite, o que faz com que a roupa da cama e o colchão absorvam humidade, tornando o ambiente propício ao desenvolvimento de fungos e bactérias. O bicarbonato de sódio é uma grande ajuda, mas há uma coisa que deve fazer todos os dias: deixar a cama arejar, durante pelo menos 10 minutos, antes de a voltar a fazer e, de preferência, com a janela aberta. Se tiver um desumidificador, ligue-o no quarto uma ou duas horas por dia.
Aspirar sempre que muda a roupa da cama
Dizem os especialistas que, por conta da renovação celular, cada um de nós perde grandes quantidades de pele morta ao longo do ano e uma boa parte fica agarrada ao colchão e à roupa de cama. Essas partículas são aquilo de que os ácaros se alimentam, favorecendo a sua proliferação – sim, é um cenário do inferno –, o que pode ser particularmente danoso para pessoas com asma e alergias, que podem desenvolver rinite, crises de tosse e espirros e até falta de ar, durante a noite. Posto isto, a melhor coisa a fazer é aspirar o colchão cada vez que troca a roupa da cama. Se possível, invista num aspirador com filtro HEPA, que retém partículas microscópicas que os aspiradores comuns podem libertar de volta para o ambiente.
Por último, os especialistas também dizem que não devemos deixar os animais de companhia dormir na nossa cama e que também não devemos fazer dela trampolim, mas haja limites que a vida também merece ser vivida.