Usa roupa da rua na cama? Estes são os riscos que corre

Não há melhor sensação do que chegar a casa e trocar de roupa. Mas porquê é que sentimos todas, ou quase todas, este alívio ao efetuar este hábito tão simples? Por um lado, há um significado psicológico associado. Por outro, pode representar uma obsessão. Leia o que dizem as especialistas.

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21 de agosto de 2024 às 11:33 Safiya Ayoob / Com Rita Silva Avelar

A primeira coisa que muitos fazem ao chegar em casa é mudar rapidamente de roupa. Isto claro, se não temos intenções de voltar a sair. Pois se está entre as pessoas que o fazem, o simples ato pode ter um significado além de um gesto rotineiro, mas sim um reflexo profundo das complexidades psicológicas e fisiológicas que marcam a nossa vida diária. Será que muitos trocam apenas pelo conforto? Ou será pelo facto de se sentirem sujos e não quererem contaminar a casa com a poeira e poluição de fora?

Sob a ótica da psicologia, a troca de vestuário ao entrar em casa pode ser interpretada como um ritual de transição, marcando uma mudança simbólica de papéis e responsabilidades. "Como por exemplo, a roupa formal que simboliza a pessoa enquanto um trabalhador e a roupa informal que simboliza a pessoa relaxada que gosta de estar em casa. É um despir de personagem em muitos casos. Permite também criar limites físicos e psicológicos, ajudando a separar o ambiente de casa do ambiente de trabalho, aumentando a sensação de controlo, segurança e conforto", afirma Catarina Lucas, psicóloga e diretora do Centro Catarina Lucas.

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Por outro lado, Ana Isabel Pedroso, internista, aborda esta prática sob uma perspetiva fisiológica, destacando os benefícios de liberar o corpo de impurezas externas, como poluentes e agentes patogénicos, que podem-se acumular nas nossas roupas durante o dia. "A quantidade de sujidade que trazemos de fora pode variar dependendo das atividades realizadas e do ambiente em que estamos. Em muitos casos, as roupas podem conter partículas de poeira, poluentes do ar, microorganismos e outros contaminantes que podem não ser visíveis a olho nu. Portanto, sentar no sofá ou na cama com as roupas que foram usadas ao ar livre pode transferir essas partículas para os móveis e a roupa de cama." Então, este hábito pode "ter alguns benefícios específicos para a saúde e impactar positivamente a prevenção de problemas relacionados com a higiene, como no caso da prevenção de doenças de pele (questões alérgicas ou as infeções), controle de alérgenios e até na prevenção de infeções respiratórias."

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Um ponto que ambas as profissionais trazem ao debate é a procupação de este ato tornar-se obsessivo. Destacam que a importância de se ser sensato: não usar roupas sujas nem trocar muitas vezes sem necessidade. Em alguns casos, isso pode tornar-se uma preocupação séria, indicando uma obsessão que consome a energia e interfere na vida diária. Quando acompanhado por ideias sobre contaminação, pode ser ainda mais alarmante. Trocar de roupa de forma excessiva pode até dificultar sair de casa e conviver com os outros. Nestas situações, é importante procurar ajuda, pois pode ser sinal de problemas psicológicos mais sérios.

Podemos, então, afirmar que o ato de trocar de roupa ao chegar em casa transcende a mera prática de conforto. Desde tempos imemoriais, este gesto tem sido observado como uma forma de deixar para trás as preocupações do mundo exterior e mergulhar num ambiente de segurança e familiaridade. Este gesto simbólico não marca apenas o fim do dia, mas também serve como um ponto de conexão com o lar, permitindo-nos despir as máscaras sociais e reconectar com a nossa verdadeira identidade num espaço de intimidade e tranquilidade.

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