Do mito à verdade: a lua pode influenciar a quantidade de horas que dormimos

Poderá o único satélite natural do planeta Terra influenciar as nossas noites, regulando o nosso sono? Investigadores norte-americanos e argentinos acreditam que sim.

Foto: Getty Images
02 de março de 2021 às 15:10 Máxima

Passamos cerca de um terço das nossas vidas a dormir. E, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 40% da população é afetada por perturbações de sono. Entre os transtornos mais frequentes aos menos conhecidos, destaca-se a insónia crónica, mas há outros como a síndrome de apneia do sono ou a síndrome das "pernas inquietas".

Com a pandemia, as razões para as noites mal dormidas multiplicaram-se em preocupações concretas. A ansiedade e a instabilidade provocadas pela Covid-19 originaram muitas noites em branco, pelo que especialistas como Teresa paiva, com o seu estudo "Sono e Covid", descobriram que os portugueses estão a dormir relativamente pior.

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Além das patologias concretas ou do stress decorrente das peripécias da vida, parecem existir outros fatores que influenciam o nosso sono – e não, não estamos a falar de cafeína ou da luz azul dos gadgets tecnológicos.

Pensa-se que a lua pode ser responsável por regular o nosso sono. Esta influência milenar, afinal "ela" esteve sempre lá muito antes de nós, tem sido estudada ao longos dos anos.

Mas, e como explica a Madame Figaro num artigo que dedica ao tema, ao longo dos anos sucederam-se investigações com metodologias questionáveis, ou baseadas na palavra ou com amostras demasiado pequenas para se retirarem conclusões concretas. A verdade é que a lado nenhum se chegou, sem que uma base científica sustentasse uma teoria razoável.

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Mais recentemente, no início do ano 2021, esforços conjuntos de investigadores americanos da Universidade de Yale nos EUA e investigadores argentinos da Universidade Nacional de Quilmes na Argentina concluiram um estudo promissor neste campo.

A investigação teve como objetivo estudar a luminosidade deste astro no nosso relógio biológico, pautado pelos chamados ciclos circadianos. A amostra contou com 562 pessoas, tanto residentes em ambiente rural com e sem acesso à eletricidade, como em comunidades citadinas altamente industrializadas.

Para além de ter uma amostra de relevo, o estudo diferencia-se pela utilização da actrimetria de pulso (pulseiras conectadas também designadas de actímetros) para averiguar se existe sincronização entre o sono noturno e o ciclo lunar.

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Os investigadores chegaram à conclusão que nas noites anteriores à lua cheia (na fase em que o luar está presente nas horas seguintes ao anoitecer), o sono dos participantes começava mais tarde e era mais curto. Ou seja, estes iam para a cama a horas mais tardias e dormiam em média menos 46 a 58 minutos por noite. Isto, nos 3 a 5 dias que antecediam a lua cheia.

Os dados da investigação sugerem a possibilidade de a luz da lua (mais brilhante em fase de lua cheia) estimular a atividade noturna e inibir o sono, nesses dias. Conclui-se, assim, que a luz da lua poderá ter o mesmo efeito perturbador que a luz artificial, atrasando a síntese da melatonina (hormona que regula o ciclo sono) adiando a hora de adormecer.

Será mesmo assim? A verdade é que se trata de um estudo único no seu género, mas que já está a causar "burburinho" suficiente na comunidade científica com algumas vozes críticas a insurgirem-se a apontarem possíveis outras explicações. 

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