AVC nas mulheres. Os sintomas que quase ninguém reconhece
Apesar de o acidente vascular cerebral ser a principal causa de morte em Portugal, muitos dos seus sintomas continuam a ser mal interpretados – sobretudo no caso das mulheres. Além dos sinais clássicos, amplamente divulgados, existem manifestações menos óbvias que podem atrasar o pedido de ajuda e agravar as consequências.
Num mundo construído maioritariamente a pensar no corpo masculino – dos cintos de segurança aos parâmetros de conforto térmico nos escritórios – não surpreende que até o conhecimento comum sobre os sintomas de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) esteja profundamente marcado por essa perspetiva. A maioria das pessoas associa o AVC aos sinais clássicos que afetam ambos os géneros: paralisia facial ou sorriso assimétrico, fraqueza ou formigueiro num dos lados do corpo, dificuldade em falar ou compreender a fala e perda súbita de visão. Estes sinais, frequentemente resumidos pelos “5 Fs” – face, força, fala, falta de visão súbita e forte dor de cabeça – são, de facto, essenciais. No entanto, para muitas mulheres, estes não são os únicos sintomas e, muitas vezes, nem sequer são os mais evidentes.
A verdade é que um AVC pode manifestar-se de forma diferente no género feminino, o que contribui para que muitas mulheres não se apercebam de que estão a sofrer um episódio. Entre os sintomas que surgem com maior frequência encontram-se o desmaio ou perda de consciência, fraqueza generalizada, dificuldade em respirar, confusão, apatia ou desorientação, alterações comportamentais súbitas, agitação, alucinações, náuseas ou vómitos, convulsões e até soluços persistentes. Estes sinais, por não serem tão amplamente reconhecidos como indicadores de AVC, podem ser desvalorizados, atrasando o pedido de ajuda e a chegada de cuidados médicos – um atraso que pode ser fatal ou ter consequências irreversíveis.
Os números refletem esta realidade. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, num artigo publicado em maio de 2024, as mulheres continuam a ser mais afetadas de forma fatal pelo AVC, registando-se 75 óbitos masculinos por cada 100 óbitos femininos. Apesar de este rácio ter diminuído, continua a evidenciar a vulnerabilidade acrescida das mulheres. Também a CUF, num artigo dedicado ao tema, recorda que o AVC é a principal causa de morte em Portugal. De acordo com a Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral, 15 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem um AVC por ano e, destas, seis milhões não sobrevivem. Portugal mantém, na Europa Ocidental, a taxa de mortalidade mais elevada, sobretudo entre a população com menos de 65 anos.
O AVC resulta da morte ou disfunção das células cerebrais devido à falta de oxigénio e nutrientes. Isto pode ocorrer por bloqueio do fluxo sanguíneo – AVC isquémico, que representa cerca de 80% dos casos – ou pela ruptura de uma artéria que leva ao extravasamento de sangue – AVC hemorrágico. As células cerebrais começam a morrer poucos minutos após a interrupção da circulação, embora em alguns casos exista uma janela de horas, se o bloqueio não for total. Por isso, cada minuto conta: reconhecer os sintomas e agir rapidamente é determinante para minimizar as sequelas.
Além de saber identificar os sinais, importa olhar para a prevenção. Os fatores de risco são muitos e acumulam-se: idade, género e genética são inevitáveis, mas outros podem — e devem — ser controlados. Recorde-se que cerca de 25% dos AVC ocorrem em pessoas jovens, o que reforça a importância de não desvalorizar o risco. Hipertensão arterial, diabetes, colesterol elevado, obesidade, sedentarismo, arritmias como a fibrilhação auricular, displasia fibromuscular, consumo de tabaco e de álcool são elementos que aumentam significativamente a probabilidade de sofrer um AVC.
Para reduzir esse risco, é essencial adotar um estilo de vida protetor: praticar exercício físico de forma regular, manter uma alimentação equilibrada rica em frutas e vegetais, evitar o tabaco, moderar o consumo de álcool, controlar o peso e monitorizar parâmetros como a tensão arterial, o colesterol e a glicemia. Para quem vive com doenças crónicas, como diabetes ou fibrilhação auricular, o controlo rigoroso e o acompanhamento médico são passos fundamentais.
Reconhecer que as mulheres apresentam sintomas frequentemente ignorados é um primeiro passo crucial. O segundo é garantir que esta informação chega a quem dela mais precisa — para que nenhuma mulher demore a pedir ajuda, e para que cada minuto possa ser ganho a favor da vida e da recuperação.
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