Dating em Lisboa. “Agradeço ao Harry Styles o melhor aperitivo que já me serviram. Sim, estou a falar de sexo”

O meu telefone tocou. Era o tipo com quem ando a sair há algumas semanas. "Maria, fala-me sobre o Harry Styles. De onde vem este fenómeno?", perguntou. O Tomás é um pouco mais velho, está perto dos 40, o que o deixa mais próximo da outra geração que desconhece músicos como Harry Styles ou Miley Cyrus. Acho-o querido por isso e achei-o ainda mais querido por me telefonar para falar sobre este tema. Afinal, eu também adoro bandas mais antigas. Tenho toda uma playlist de músicas dos anos 90, com Blur, Oasis, Radiohead ou The Sundays. E ainda no outro dia ouvi Every Breath You Take dos The Police a passar num filme e tornou-se a minha música da semana, ficou em loop no Youtube até me fartar. Mas da mesma forma que gosto de clássicos, também sei acompanhar as modas.
Cheguei um pouco tarde a esta, comparativamente com os fãs que o acompanham de outras andanças. Comecei a ouvir as músicas do Styles a partir do álbum Fine Line, lançado em 2019. Watermelon Sugar é uma das minhas preferidas, seguindo-se a Adore You, Golden, Grapejuice. Expliquei ao Tomás que só comecei a acompanhar a sua carreira depois da saída dos One Direction. "Ele foi aquele que conseguiu criar uma identidade ao sair da banda e ter imenso sucesso, sabes? É tipo o Justin Timberlake da sua geração", expliquei e falei sobre como o seu estilo musical me faz sentir. Referi as parcerias com grandes casas de moda internacionais, como a Gucci, e a carreira no cinema. Por fim, elaborei sobre as minhas músicas preferidas. Foi um bom telefonema. É quando um homem nos liga para falar sobre coisas banais que sabemos que estamos no bom caminho, que a nossa opinião conta, que estava a pensar em nós.
Quando falei ao Tomás sobre a Watermelon Sugar fiz questão de o provocar. "Aposto que o Harry escreveu a música depois de passar um serão na cama a comer melancia e de comer morangos da c*na de alguém". Ele foi pesquisar e a minha teoria estava certa. A letra terá sido inspirada no ato de praticar sexo oral a mulheres e o videoclipe é bastante sugestivo, com uma série de pessoas a comerem melancia, lambuzando-se com as fatias e os sucos. Ele achou o meu comentário genial. Eu achei que o verão nos deixa a todos mais exóticos, cheios de watermelon sugar high, como canta o Harry. Enfim, cheios de tesão! Ainda no fim de semana tínhamos ido à praia e parecia impossível compartilharmos o areal com tantas pessoas, tal era a tensão sexual entre nós. O calor, o corpo a reluzir devido ao óleo bronzeador, o cheiro a Monoï nos cabelos beijados pelo sol, as manchas de sal na pele, os mamilos arrepiados pelo frio sob o biquíni molhado. Caraças, para o sexo não há meses como os de verão!
Não fomos ao concerto em Algés. Teria sido bonito se o Tomás me tivesse surpreendido inesperadamente com bilhetes. Seria o nosso primeiro concerto ao vivo. Pensado bem, melhor assim. Não sei se quereria que o nosso primeiro concerto ao vivo fosse o do Harry Styles. Por outro lado, seria tão inusitado que ficaria para a história da nossa (breve) relação. Quem sabe um dia ele não diria aos nossos netos: "Levei a tua avó a um concerto deste gajo. Nem era fã, mas deu um bom espetáculo!". Ah, e entretanto o Tomás tornou-se fã. Já tem uma lista de músicas preferidas do Harry Styles a começar por As it Was. Afinal, a história que temos para contar é outra e é imprópria para crianças – e também não sei se é adequada para adultos, mas cá vai…

Uns dias depois do concerto, combinámos ficar em teletrabalho juntos em minha casa. O Tomás chegou um pouco antes da hora de almoço, teve uma reunião mais cedo e preferiu fazê-la em sossego. Não estranhei. Fui recebê-lo à porta e enquanto subia as escadas vi que carregava uma melancia enorme. Estava cortada ao meio e exibia um vermelho forte que apetecia abocanhar de viçoso e sumarento. "Tencionas ser saudável?", perguntei. "Watermelon sugar high, baby!", respondeu. O sorriso atrevido dizia muito, mas não tudo. Encaminhei-o para a cozinha, arranjei espaço no frigorifico para arrumar a melancia. Depois, encostei-me à bancada da cozinha e olhei-o. Determinado, o Tomás pegou-me pela cintura, virou-me, baixou-me os calções de ganga e tirou-me as cuecas. Depois, fez-me sexo oral ali mesmo, demorada e apaixonadamente. Dobrada sobre a bancada tentei evitar a Air Fryer que a minha colega de casa acabara de comprar e cujo fim seria trágico para a minha carteira. Também fiquei feliz por não estar em casa, por estarmos sozinhos, pois assim pude render-me com gosto àquele prazer inesperado.
No outro dia, uma colega daquelas aficionadas em signos e astrologia – todos temos uma, certo? -, falava sobre a influência do signo Leão e explicava que agosto é o seu mês preferido porque as energias ficam mais fluídas, estamos mais sensuais – ela queria dizer que transpiramos sexo. Curiosa, pedi-lhe que visse o meu mapa astral e o do Tomás (mesmo não sabendo a que horas exatas nasceu). "Meu Deus, Maria, és Gémeos com lua em Carneiro. Contigo, a tentação de experimentar altas temperaturas é demasiado grande! E ele vai queimar-se…", disse. Encolhi os ombros, minimizando. Fiz de conta que não percebia o que queria dizer, mas percebi. Os homens olham para mim sempre com desejo, com vontade de me sorver como a uma fatia de melancia. Questionei-me sobre o que o pico do verão teria reservado para mim. Não imaginei cunnilingus sobre a bancada da cozinha. Também não imaginei que o Harry Styles tivesse algo a ver com isso. Afinal, tenho a agradecer-lhe o melhor aperitivo que alguma vez me serviram. Já a melancia era boa. Sumarenta e doce. Resta saber o que será de nós quando o verão terminar e as temperaturas baixarem.

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