O que é que o Harry Styles tem que mais ninguém tem?
Ícone pop, expoente máximo da contemporaneidade, personagem cool e um apelido que diz tudo: Styles. Harry Styles, é esse o nome de um dos maiores símbolos de uma geração. É a primeira vez que atua para o público português, e encheu a Altice Arena, em Lisboa.

Faltavam duas semanas para o espetáculo e a promotora anunciava, após um reforço de bilheteira, sem hesitações, mas com figuras de estilo: "Os últimos bilhetes já voaram." Não voaram literalmente: foram comprados com avidez pelo público, que é devoto, que é admirador, que é, em casos mais extremos, fanático. Resulta do efeito Harry Styles, o sedutor de multidões, o Flautista de Hamelin dos tempos modernos que, em vez de uma flauta, usa a voz – e o rosto, e os olhos, e o sorriso, e o estilo, e as roupas, e a existência – e em vez de ratos seduz pessoas. Principalmente, pessoas nascidas por volta do ano 2000 – mas não exclusivamente, já que Harry consegue ser transversal a várias gerações no que respeita a tocar corações.
Há pouco tempo, o britânico The Telegraph dedicou um artigo ao músico e ator em que lhe chamava "o novo Mick Jagger". É dizer muito sobre alguém nascido e criado na insignificante Redditch, um subúrbio sem grande interesse nas franjas de Birmingham, e mais tarde num lugarejo chamado Holmes Chapel, na província em torno de Manchester (nota demonstrativa: a segunda pessoa mais célebre da história de Holmes Chapel é Dean Ashton, um antigo e obscuro futebolista); alguém que entrou no mundo do espetáculo por uma porta estreita e enviesada, participando no concurso de talentos The X Factor, em 2010, e sendo eliminado – nem sequer ganhou; alguém que, depois disso, foi alistado numa boys band chamada One Direction, um produto pop de inegável sucesso entre o público adolescente de todo o mundo com acesso a eletricidade e dispositivos de audição de música, mas que não merecerá, à partida, o maior dos respeitos da imprensa especializada e dos colunistas de renome. E, no entanto, aí está Harry Styles transformado em novo Mick Jagger – Mick-bloody-Jagger! – por não menos que o The Telegraph.

Aos 28 anos, Harry Styles tem o mundo a seus pés. Talvez a afirmação possa soar estranha entre as gerações nascidas antes de 1995 (e para muitos não o será), mas não causará o mais minúsculo arrepio de espanto nem o mais discreto levantar de sobrolho entre os cidadãos genericamente designados por jovens.
No tempo dos One Direction, não seria incrivelmente difícil perceber que, dos elementos da banda, Styles era aquele com maior potencial para se tornar uma estrela pop em nome próprio, sem precisar dos outros boys. Porém, talvez há seis anos não fosse assim tão óbvio que o músico ascendesse à dimensão de estrela à escala planetária, agora posto no pedestal dos grandes artistas da história da pop – aqui, em sentido lato: pop as in cultura popular.


Em 2016, os One Direction decidiram cessar atividade, embora não tenham decretado o fim definitivo da banda. Em música, chama-se a isto fazer um "hiato indefinido". Normalmente, o hiato é interrompido quando algum, ou mais do que um, dos elementos da banda se depara com uma situação de escassez de recursos; ou ainda quando algum, ou mais do que um, dos elementos da banda vê os seus novos projetos perderem fulgor. É nessa hora que em princípio bate a saudade e se dá o toca a reunir. Enquanto o regresso dos One Direction vem e não vem, Harry Styles vai fazendo o seu caminho – mas tem-no feito com um sucesso que, por vezes, é difícil explicar. Logo em 2017, lançou o seu primeiro disco a solo, que é como quem diz, em nome próprio – literalmente, já que o título do álbum é mesmo Harry Styles. Entretanto, lançou ainda Fine Line, em 2019, e, este ano, o aclamado Harry’s House, que será certamente o disco com maior presença no concerto de domingo na grandiosa arena do Parque das Nações, em Lisboa.


Uma das explicações várias vezes avançadas para o ascensão meteórica – os meteoros não só caem (até porque cair, em termos cósmicos, é muito relativo), eles também ascendem – de Harry Styles é o seu extraordinário carisma. Nesse capítulo, e como sempre, a Moda deu uma preciosa ajuda, especialmente desde que o artista se juntou ao stylist Harry Lambert, com quem cimentou um guarda-roupa andrógino e subversivo a lembrar David Bowie ou Prince. Em 2020, tornou-se o primeiro homem a aparecer sozinho na capa da Vogue norte-americana, e logo num vestido Gucci, a lembrar que feminino e masculino são divisões de Moda cada vez menos relevantes. A sua relação com o diretor criativo da marca italiana, Alessandro Michele, que até já resultou numa coleção, tem sido outro dos seus trunfos, influenciando a sua estética em palco e não só. Descontraído e cheio de estilo, Styles tem um discurso que consegue o raro equilíbrio entre a graça, a correção – temas como sexualidade, identidade de género, etc., estão muito presentes nas posições públicas – e algum exotismo (como no capítulo da espiritualidade, por exemplo, em que Styles se afirma como "mais espiritual do que religioso", com todas as nuances que daí advêm). Assim, artista britânico consegue não só chamar as atenções para si como agradar a quem o observa e escuta, seja a cantar, a falar, a contar histórias ou a protagonizar filmes.
Sim, porque há um Harry Styles para além da música. Harry participou em vários programas televisivos, como Saturday Night Live ou The Late Show with James Corden, entre outros, e fez e faz também Cinema. O papel de Alex em Dunkirk, de Christopher Nolan, foi o ponto alto na carreira de ator, mas há mais filmes para estrear em breve, como My Policeman ou Don’t Worry Darling, de Olivia Wilde, sua atual companheira. A atriz e realizadora, que ficou célebre pela sua personagem "Thirteen" na série Dr. House, e o músico e ator começaram a namorar precisamente durante a rodagem do filme. A somar a este percurso, pelo meio também se tornou empreendedor na área da Beleza: lançou, há uns anos, a Pleasing, uma marca de vernizes vegan e não binária.


E é este Harry Styles, esta impressionante combinação de sucessos, esta super estrela global, que os afortunados que conseguiram bilhete para a Altice Arena tiveram o privilégio de ver ao vivo, pela primeira vez em Portugal, no dia 31 de julho. Segundo relatos de outras atuações, noutras paragens, Styles sabe como dar show. Só há uma voz que discorda, ainda que suavemente, dessa apreciação e que afirma: "Ele até pode ser parecido comigo, mas não tem a voz que eu tinha nem se mexe em palco como eu me mexia." Sim, Mick Jagger manda dizer que, tudo bem, comparem, mas com juízo.

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