Quando pensa na faixa etária de mulheres entre os 35 e os 55 nos, qual é a primeira coisa que lhe ocorre? Se respondeu "menopausa", acertou! Aproveite a onda de sorte e compre um bilhete do Euromilhões. E não é por acaso que falamos de dinheiro. Para o bem e para o mal, é ele que faz girar o mundo. E o facto de cada vez mais mulheres de meia idade serem independentes e terem dinheiro para gastar e vontade de viver vidas plenas e felizes, faz com que cada vez mais marcas se interessem pela menopausa. O que, inevitavelmente, leva a que o estigma comece a dissipar-se.
Em tempos, quando uma mulher chegava ao médico com queixas típicas da menopausa, a resposta era quase sempre a mesma: "É mesmo assim, tem de aguentar." Só que agora as mulheres já não estão para aguentar. E ainda bem. Não obstante, a verdade é que ainda há pouca informação sobre esta fase da vida da mulher. Sabe-se muito sobre puberdade, muito sobre menstruação. E a menopausa? Então… Há os afrontamentos, a mulher deixa de poder ter filhos e… Pois, a informação é pouca e, sem informação, não se consegue agir.
Foi por tudo isto que a Wells decidiu criar um site com informação sobre a menopausa. Tem textos, vídeos de médicos, sugestões de produtos que podem ajudar. Tem até uma tabela de avaliação de sintomas, que as mulheres podem descarregar e preencher, em que indicam os sintomas que experienciam, para poderem preparar uma consulta médica – ajuda a lançar a conversa e dificulta a desvalorização por parte do médico que, infelizmente, ainda acontece.
Para além disto, a marca decidiu unir-se a Jessica Athayde, que tem sido bastante vocal sobre as dificuldades que sentiu durante a gravidez e maternidade, para criar o podcast Não Fica Bem Falar de…, onde serão discutidos todo o género de questões com que as mulheres se confrontam – maternidade, menopausa, envelhecimento, assédio, violência no namoro, entre muitos outros – e que contará com diversas convidadas e especialistas. Ao anunciar o podcast, Marta Castro, Head of Brand & Marketing da Wells, recordou que quando teve o primeiro filho, queixou-se à mãe, escandalizada e revoltada com a quantidade de coisas na gravidez e pós-parto e sobre as quais ninguém lhe falou. "Mulheres como a Jessica Athayde, a Beatriz Gosta e a Mariana Cabral [Bumba na Fofinha] quebraram o silêncio e têm feito um trabalho importante sobre a normalização e discussão destes temas." Daí que a parceria com Jessica tenha sido uma "escolha natural".
Outra escolha natural foi a de Marisa Liz para a campanha publicitária que comunica este novo posicionamento. É uma campanha emocional, uma espécie de soco no estômago, com inúmeros episódios que ocorreram a quase todas as mulheres, principalmente às mais jovens: não fica bem usares essa roupa, não fica bem andares tão pintada, não fica bem teres esse trabalho, não fica bem seres tão emotiva, não fica bem seres tão assertiva, não fica bem… Não fica bem… Não fica bem… Pequenas histórias reais sobre como as mulheres vão sendo comprimidas e metidas num molde e que vivem na memória de todas. A médica ginecologista Lisa Ferreira Vicente, que está envolvida nesta iniciativa, confessou ter-se sentido emocionada ao ver o pequeno filme publicitário.
Na apresentação, Lisa Ferreira Vicente falou sobre a importância de as mulheres conhecerem os sintomas da menopausa. "Toda a gente já ouviu falar de afrontamentos, mas há outros sintomas menos óbvios: boca seca e ardor oral, infeções urinárias, secura ocular, fadiga… Se as mulheres souberem identificá-los é mais fácil procurarem ajuda." Ao mesmo tempo, a ginecologista nota já uma evolução. Conta, por exemplo, que quando era convidada para programas e se sentava na cadeira da maquilhadora e comentava que vinha falar sobre menopausa, "a reação era de horror. Agora isso já não acontece." Por outro lado, "são cada vez mais as mulheres que aparecem na minha consulta a dizer que não querem viver com estes sintomas. Têm vidas ativas, plenas, e não querem viver assim. E isso é ótimo."