"No final do segundo dia de guerra tive a sorte de chegar ao comboio para a Polónia, foi uma viagem difícil", começa por contar-nos Dariia Pashkov, 24 anos, que estava em Lviv quando falou a primeira vez com a Máxima. "O comboio estava cheio, a maioria das pessoas estava de pé, incluindo eu. Pensei que morria congelada à noite nas horas em que estivéssemos na fronteira", recorda, sobre a fuga do país.
"Desde que saí, a culpa é a principal emoção, não nos deixamos sorrir, descansar, sentimo-nos culpados por comer, dormir em paz. Uma coisa que podemos fazer é ajudar o máximo que pudermos", diz, agora já em Varsóvia, onde tem amigos. "Os meus pais ainda estão na mesma cidade perigosa, Sumy. A central eléctrica foi bombardeada, por isso não têm luz nem água. Uma amiga minha da mesma cidade ligou-me a chora, diz que estão a ser bombardeados novamente e a sua esperança na vida está agora misturada com ódio, está a ficar mentalmente implacável, a cidade já não se parece a mesma. Todos nós esperamos que esta situação surreal acabe em breve." desabafa.
Já Anastasia Petrova decidiu permanecer na Ucrânia, mas de Kiev, de onde nos falou a ultima vez, rumou até Lviv. "Está tudo calmo, embora tenhamos alertas de ataques três a quatro vezes por dia. Nada aconteceu, até agora. São só os avisos", explica, embora esteja a ir com frequência para os abrigos. "Sinto-me relativamente a salvo, comparadamente com outras zonas da Ucrânia. "Os soldados da Bielorússia não estão assim tão longe do Norte, sabemos que têm um plano para atacar a qualquer momento." Neste momento, Anastasia é voluntária, tem ajudado a organizar defesas em território. "As pessoas estão em preparação para o que possa acontecer. É a vida em condições de guerra. Sinto união das pessoas" diz.
A jovem de 26 anos juntou-se à ajuda humanitária, "compramos produtos, comida, medicamentos, para enviar às cidades e hospitais com mais necessidade. Estão a chegar muitas coisas da Polónia. Estamos em contacto com outras associações" explica, partilhando ainda que está a pensar ir para a Polónia ou para a Alemanha. "Embora esteja tudo calmo, estamos pronto para fugir. E sinto que vou ser mais útil, de futuro, fora, na ajuda humanitária. Para já, sinto que ficar aqui é a escolha certa."
Sasha, de 26, tem continuado atenta ao que se passa no mundo, sempre junto da irmã, da mãe e da avó. Esconde-se nos abrigos subterrâneos sempre que pode, sempre que soam as sirenes de alerta. O clima de terror sente-se por toda a cidade. Tem-se mantido ativa nas redes sociais, tentando reunir, com amigos, toda a informação possível sobre o que se está a passar no seu país.