Prazeres

The Yeatman, um exemplo de quiet luxury com vista para a Ribeira

O spa vínico, os quartos que se inspiram nas várias quintas de vinho do país, e um olhar sobre o Douro fazem deste hotel de luxo um verdadeiro um oásis de bem-estar.

Foto: The Yeatman
17 de agosto de 2023 Rita Silva Avelar

"Todos os quartos têm vista para o Porto, para o rio, para a Ribeira", diz-nos Marta Pinto, da equipa de Marketing do The Yeatman, na tour ao hotel. Uma afirmação que espelha desde logo a intenção de quem teve visão para perceber que este era o sítio para erguer aquele que será possivelmente um dos hotéis mais luxuosos do país, em Vila Nova de Gaia, a uma distância em altura considerável do rio, para que todos os 109 quartos existentes no hotel ganhassem uma vista soberba sobre a cidade do Porto.

A vista soberba para o rio.
A vista soberba para o rio. Foto: DR

Com uma receção imponente, marcada por uma decoração clássica e artística, e onde nos encontramos com Marta Pinto, apreciamos a vista do piso 9, que impressiona: vê-se perfeitamente a Ribeira do Porto, os rabelos a passar no rio carregados de viajantes, até os miúdos que se atiram da ponte a pedir trocos aos turistas. E, daqui, ainda temos a visão da piscina exterior do The Yeatman, que nos pisca o olho ao primeiro relance, bem como dos jardins impecavelmente tratados, e que nos remetem para outros tempos (tempos de bailes de jardim que por acaso também aqui acontecem de quando em vez, em formato de Sunset Wine Party - 24 de agosto e 14 de setembro são as próximas datas).

Os detalhes de charme no interior do The Yeatman.
Os detalhes de charme no interior do The Yeatman. Foto: DR

Aberto desde agosto de 2010, este hotel vínico nasceu como uma homenagem aos Yeatman, família inglesa que entrou nas rotas do vinho do Porto em 1838, contribuindo para levar às bocas do mundo este trunfo líquido que é hoje, possivelmente, a mais prestigiada bebida alcoólica do mundo. É por isso que o hotel se apelida de vínico, e que todos os quartos são uma colaboração com produtores ou casas de vinhos: da Tapada de Coelheiros ao Monte da Ravasqueira, cada quarto é "apadrinhado" por uma das marcas, de Norte a Sul, e é convidado a fazer a sua própria curadoria na decoração, sem sobrepor a existente.

Uma das suites mais exclusivas; só há três.
Uma das suites mais exclusivas; só há três. Foto: DR

Quanto aos formatos dos quartos, encontramos aqui três suites – Bacchus, Presidential e The Artist – o sonho de qualquer viajante, as suites "normais" e as suites deluxe; e três formatos de quarto: executivo, superior e superior deluxe. O restaurante principal do hotel, às mãos do chef Ricardo Costa, tem duas estrelas Michelin, e ainda há os restaurantes The Orangerie e o The Dick’s Bar & Bistro. É ainda possível ter experiências gastronómicas privadas, mediante marcação com o hotel, que satisfaz desígnios como este: enviar malas de vinho para outros continentes, consoante pedido do cliente, depois de visitar a loja de vinhos que o The Yeatman também tem.

Há três formatos de quarto: executivo, superior e superior deluxe.
Há três formatos de quarto: executivo, superior e superior deluxe. Foto: DR

Mas um dos segredos deste hotel de luxo fica bem guardado no 7º piso, que é o spa vínico, mesmo ao lado da piscina interior, equipado com uma zona interna de relaxamento e externa, com espreguiçadeiras ao sol. Recomendam-nos começar precisamente por aí, para iniciar o circuito do spa, e partir daí para as outras maravilhas relaxantes deste setor. Há os clássicos banho turco e sauna, bem como duche sensorial com 4 opções (que variam entre moods musicais e intensidade das chuvas), mas também há salas de infravermelhos para quem precisa de recuperar de lesões ou tem rinite alérgica, e ainda uma grande piscina interior espécie de jacuzzi, com fluxos de água que borbulham do fundo até ao topo. É possível passar aqui várias horas de puro deleite, desligados do mundo, em pleno mood de férias: a ideia é precisamente essa.

O Spa do Hotel.
O Spa do Hotel. Foto: DR

O spa em si foi renovado, e aberto numa nova versão em junho passado, contando agora com um novo conceito, mantendo a base vínica, mas mais holístico e sustentável. São no total 10 salas de tratamento, distribuídas por dois pisos, com packs de bem-estar personalizados e massagens de assinatura para as mais variadas necessidades. As marcas que acabam de chegar, para serem aplicadas em protocolos de tratamento, são a Ilá, a Natura Bissé e a Vinoble Cosmetics.

Há parcerias novas com marcas holísticas como a Vinoble Cosmetics.
Há parcerias novas com marcas holísticas como a Vinoble Cosmetics. Foto: DR

Foi com esta última que experimentámos o tratamento Wine Experience, que dura 60 minutos, e consiste numa massagem personalizada nas costas, braços, mãos, pés, cabeça e ombros, à base de vários óleos e cremes que são escolhidos por nós logo no início do tratamento, com ajuda da terapeuta, neste caso a simpática Araci. Um facto curioso é que no fim, já depois de totalmente relaxados, somos convidados a sentar-nos na marquesa com os pés em cima de grainhas, postas sobre um tapete, um toque que é a finalização perfeita deste momento de bem-estar; não deixa de ser um ritual curioso. Todas as massagens promovem esta harmonia com a natureza, e um respeito pelo componente vínico, neste caso, da filosofia green da marca de cosmética austríaca, em sintonia com as terapias mais holísticas.

A temporada de verão no Wow.
A temporada de verão no Wow. Foto: DR

Mas nem só de relaxamento se faz esta experiência: em todos os pisos há zonas de cultura, educativas, que visam ensinar sobretudo sobre vinho (verá painéis com as castas, mas também corredores com t-shirts assinadas por grandes craques de futebol como Diego Maradona, que por aqui passaram), e há agora uma novidade maior. Em 2019, o The Yeatman ganhou um projeto adjacente, que tem atraído milhares de pessoas a esta margem, que é o WOW: The World of Wine. Uma experiência sensorial e visual em torno do vinho, com sete museus e nove restaurantes no seu circuito, que ligam o hotel ao rio, através de escadarias harmoniosas. É lá que encontramos, até 30 de setembro, a exposição do recém-inaugurado Atkinson Museum, "The Dynamic Eye, Beyond Optical and Kinetic Art", da coleção do Tate Modern (museu nacional de arte moderna do Reino Unido sediado em Londres).

A exposição sobre cinética.
A exposição sobre cinética. Foto: Kenneth Noland / ADAGP, Paris / SPA, Lisboa, 2023
Até 30 de setembro, no Atkinson Museum.
Até 30 de setembro, no Atkinson Museum. Foto: Mohammed Melehi/ ADAGP, Paris / SPA, Lisboa, 2023

Em torno da cinética, tem representados 63 artistas de 21 países, em mais de uma centena de obras, umas mais interativas, outras mais visuais, maioritariamente criadas entre os anos 50 e 70 do século passado, por físicos, matemáticos e outros autodidatas experimentais (€15 por adulto). A ideia é que, neste museu, rodem exposições exclusivas em Portugal, e importadas de grandes casas de arte.

O Wow tem 7 museus e 9 restaurantes.
O Wow tem 7 museus e 9 restaurantes. Foto: DR
O espaço interior do Mira Mira é elegante e sofisticado.
O espaço interior do Mira Mira é elegante e sofisticado. Foto: DR

Ainda neste edifício - que outrora pertenceu ao arquiteto José de Azevedo e Sousa, grande tanoeiro e comerciante, que aqui mandou erguer o Solar do Choupelo, e mais tarde adquirido por Robert Atkinson, que agora lhe dá o nome – encontramos o restaurante Mira Mira, também do chef Ricardo Costa, aberto desde abril deste ano, e com vista privilegiada para o famoso balão do WOW, e envolvimento desta infraestrutura. Para começar, beber um copo na varanda com presunto de bolota Grande Reserva é um bom arranque para uma refeição de fine dining que exige tempo e dedicação.

Bacalhau com camarão da costa e óleo de chouriço, um dos pratos do menu de degustação
Bacalhau com camarão da costa e óleo de chouriço, um dos pratos do menu de degustação "Colheitas." Foto: DR

São muitos momentos – o menu de degustação "Colheita" é composto por 8 ou 4, mediante escolha, e o pairing de vinhos vale muito a pena. Aqui, provámos combinações tão improváveis como lagostim, servido como um tártaro temperado ao momento e acompanhado com maçã verde Granny Smith, pele de frango e caldo de dash, ou a junção de bacalhau a camarão da costa e óleo de chouriço.

A combinação de santola.
A combinação de santola. Foto: DR
Bola de Berlim e queijo, um dos aperitivos.
Bola de Berlim e queijo, um dos aperitivos. Foto: DR

Seja qual for o menu, estão incluídos amuse bouches e aperitivos (especial destaque para a deliciosa ostra e para a bola de Berlim e queijo). Nos vinhos, surpreendeu-nos a escolha da sommelier Sílvia, que arrancou com um fresquíssimo champanhe Lopo de Freitas de São Domingos, bruto, e deu ainda a provar um Fernão Pires de Hugo Mendes de 2020, da região de Lisboa, quase sem intervenção, para terminar em chave de ouro com um Proibido À Capela do mesmo ano, tinto, feito com vinhas com mais de 50 anos, a 400 metros de altitude, no Douro Superior. Uma maneira perfeita de encerrar 24h de cultura, gastronomia e, o motivo que aqui nos trouxe, uma experiência vínica que desperta todos os sentidos.

A vista do Mira Mira.
A vista do Mira Mira. Foto: DR
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